São cinco da manhã, chove copiosamente, e o barulho intenso potenciado pelo silêncio da noite, só serve para me afundar ainda mais numa estranha angústia que me invade assistindo aquilo que será, porventura, o princípio do fim de um sonho lindo da humanidade, uma sociedade mais justa. Depois da "cura pela dor" que foi a segunda grande guerra e respectivas consequências, todo um conjunto de processos que pareciam, e conduziram de facto até certo momento, à mais equitativa distribuição da riqueza gerada pelos países ditos desenvolvidos, após a chegada ao poder de Reagan e Thatcher e sobretudo depois da queda das torres em Nova Iorque, a degradação desse caminho tem vindo a acelerar culminando agora na eleição de Trump. Há muito era esperada a eleição de um qualquer brilhante vendedor da "banha da cobra" num país mais importante do que onde isso se tem verificado com alguma regularidade, agora que viesse a acontecer no primeiro deles todos poucos acreditavam, especialmente depois de oito anos de Obama, uma espécie de antítese do futuro presidente. Hoje é mais fácil perceber que também a eleição daquele correspondia já a uma vontade de mudança estrutural, e como se dava o caso do homem ser negro...
Foram décadas desperdiçadas pela denominada esquerda, incapaz de gerar as mudanças fundamentais, aquelas que correspondem à alteração das convicções mais profundas, tarefa só alcançável via educação, uma luta contra a ignorância que só parcialmente, muito parcialmente, foi ganha. Hoje é evidente que ao mundo rural que normalmente votava na manutenção de valores pouco condizentes com um futuro mais esclarecido e paritário, se juntou uma boa parte de uma classe média em desagregação, proveniente de todo um sector industrial decadente refém do implacável avanço da tecnologia. Uma espécie de fuga para a frente que pavorosamente se espalha por todo o mundo ocidental como se tem visto e, muito provávelmente, irá ser confirmado nas eleições do próximo ano na Alemanha e em França, o que, a acontecer, não augura nada de bom para a Europa de que fazemos parte e, muito particularmente, para países totalmente dela dependentes como Portugal.
Há sempre a esperança do "artista" não ser tão mau quanto se fez anunciar, que os próprios pares não deixem que o seja, ou até, quem sabe?, que aconteça algum "acidente" ao "espécime", mas que os riscos são enormes já ninguém duvida e, infelizmente, para o confirmar bastará recuar na História e relembrar que tipo de promessas foram feitas, um exemplo, por Hitler quando tentou chegar ao poder, tornar a fazer a Alemanha grande, que ninguém ficaria de fora dos "amanhãs que cantavam", a identificação clara dos "maus da fita", eles contra o mundo, enfim tudo o que Trump prometeu e que o elegeu não obstante, aliás tal qual o ditador nazi, no primeiro discurso após vitória veio amenizar, porque na verdade, agora o que não lhe vai faltar é tempo para pôr em prática o que tão convictamente prometeu. Alguém dizia que a mentira perfeita é aquela proferida por quem consegue enganar-se a si próprio, e isto é verdadeiramente assustador.
Numa análise forçosamente simplista digamos que o eleitorado maioritário de um país sofrerá de uma evolução de o levará de um estado de quase completa crença dos salvadores fruto de muita ignorância, passando para um outro intermédio onde começam a aparecer franjas crescentemente importantes a pôr em dúvida as ideias que lhe são vendidas sob forma de promessas, a finalmente uma situação na qual a maioria pura e simplesmente deixa de acreditar no discurso político não obstante também este ter vindo a refinar-se na arte de mentir ao longo do processo bem como, deve-se reconhecê-lo, ele próprio benefeciar de um incremento na procura do intelectualmente honesto. A esta última fase corresponde, como é óbvio, a circunstância de um forte aumento na abstenção.
Este fenómeno é fácilmente verificável nas suas várias vertentes se se pensar nas práticas em países do terceiro mundo, no nosso, de alguns dos nossos vizinhos mais desenvolvidos, e até, já nos antípodas da ignorância, nas sociedades mais esclarecidas, onde se verifica um retorno ao ato cívico do voto por se reconhecer que quem vai governar o fará de forma digna e correta, como acontece em alguns dos países nórdicos.
Por cá, às portas de eleições, é confrangedor verificar que ao fim de mais de quarenta anos de liberdade objetiva, se continua a assistir a um discurso partidário, incluindo aqui quem está no poder, que sufoca pela incredulidade de como é possível os que mandam e os que querem vir a mandar, continuarem a desconsiderar tão descaradamente a massa votante. Logo à partida aquele que deveria estar acima de qualquer suspeita dá o mote não demonstrando imparcialidade, o que podendo parecer normal é muito importante porque se perde uma referência que se não objetiva, pelo menos psicológicamente tem a vantagem de passar a sensação de que, nem que seja no limite, a justiça existe. Depois os tristissímos e sempre repetidos exemplos de uma parte afirmar uma coisa, e a outra o seu rigoroso contrário, o que conduz à inevitável descredibilização. É realmente incrível que precisamente quando deveria imperar o bom senso do equilíbrio, no justo e sincero apresentar de propostas ao eleitorado, é quando se assiste à maior radicalização, para depois no exercicío da governação, durante a qual efetivamente se deveria gerir com determinação ao aplicar o proposto, se entra numa espécie de águas turvas para que possa imperar a mediocridade.
Claro que sempre se poderá dizer que é dessa dialética que o povo, sistemáticamente dito sábio..., vai tirar as suas supostas justas conclusões, de forma que dessa fervente caldeirada sempre emergirá a lula certa. Simplesmente para isso era preciso que o tão maltratado eleitorado tivesse a preparação necessária, que manifestamente não tem. Quando como ainda ontem se assiste ao governo falar em 12% de taxa de desemprego e o PS em 25%, o que acontece é uma de duas coisas, ou, como acredito desgraçadamente se passa, grande parte das pessoas vão votar com espírito bairrista ou, ainda pior, clubísta, não tendo em mente um qualquer projeto de vida, ou então restam as minorias, umas menos minorias que as outras como é o caso dos que nem põe os pés nas assembleias de voto, e os que, entre os quais tristemente me incluo, optam por comparecer por uma razão algures entre uma sensação do cumprimento da obrigação de dever cívico, não se criar o perigoso vazio de poder, e a miserável escolha do mal menor.
- Passos: se quem pede empréstimo diz que não resulta, o melhor é não perdermos dinheiro - Referindo-se à Grécia... O mais rafeiro dos merceeiros não diria mais!
- E remeteu decisão portuguesa sobre restruturaçãode divida grega para póseleições - Estará convencido que Portugal vai pagar? Nem o mais refinado Pilatos faria melhor!
- Rui Rio diz que preferia que não houvessem mais candidatos de direita, e ter o apoio do PSD - E, já agora, não seria melhor não haverem também de esquerda?
- Alemanha já vem buscar médicos à saída das universidades portuguesas - Entregam a sua saúde na mão de incompetentes preguiçosos? Pois...
- Ricardo Salgado em prisão domiciliária - Parece impossível! Tanto tempo para arrumar as coisinhas e deixa-se apanhar? É bem feito!
- Juiz manda tirar pulseira eletrónica a Joaquim Barroca - Um dia antes de prender Salgado em casa...ainda lá dentro porque o quis, Sócrates já faz miséria!
- Costa pede para que se deixe Cavaco acabar mandato com dignidade - Seria preciso que o ilustre não a confundisse com presunção e humildade com subserviência.
- Governo promete possibilidade de devolução de Imposto de Solidariedade - Segundo parece acham o burro tão asno que seguirá a miragem de uma cenoura raquítica!
- FMI ou Berlim, alguém vai ter que ceder - Para bem dos gregos Obama vai obrigar Merkel a aceitar primeiro perdão de divida. Quem se seguirá?
- RTP gasta 2.3 milhões em limpezas - Não é que a casa não seja especialista em limpezas...de pessoal. Pelo visto muito mais baratas...
- Descoberto a 1400 anosluz um planeta semelhante à Terra - Sabendo-se que a um corresponde viajar a 300000km/s, ainda vai demorar um bocado a confirmar a coisa...
- Ministério Público coloca policia 24 horas por dia à porta de Ricardo Salgado - Não ficava mais barato uma pulseirinha? Pois é, há dignidades mais dignas que outras...
- Pedro Proença candidato à Liga de Clubes - Um ex, e que árbitro! A isto chama-se tentar minar o sistema por dentro. Se ganhar vai perder muitos amigos...
Diz Ivan Lins na magnifíca canção maravilhosamente interpretada por Simone. Infelizmente aqui o caso não envolve qualquer romantismo nem sequer uma centelha de sonho, pelo contrário trata-se de algo absolutamente pragmático, a tentativa da transformação daquilo que é a União Europeia nos Estados Unidos da Europa.
Era mais ou menos percetível que isto tinha que acabar assim, ou seja, jamais seria possível dar este passo de uma forma harmoniosa, consensual, é um parto demasiadamente difícil para ser natural. Já toda a gente tinha percebido que a criança, resultante de um casamento, neste caso vários, prematuro, já devia ter vindo ao mundo há muito, que todas estas manobras dilatórias depois de um longo período onde o aborto tantas vezes esteve para ser cometido, união disto, acordos daquilo, e muito particularmente a criação da moeda única, criaram laços, e especialmente nós muito complicados de desatar, pelo que esta espécie de cesariana tinha mesmo que acontecer.
Aparentemente chega pela mão da França que assim, numa atitude por um lado inteligente, por outro beneficiando do silêncio cúmplice da Alemanha, na verdade muito mais que isso, a verdadeira eminência parda, num golpe de asa passa de cavalo a cavaleiro, isto é, de parceiro em francas dificuldades economicofinanceiras, a um género de compagnon de route dos germânicos nesta nova era que parece abrir-se aos países europeus e que corresponde a um desejo antigo, e de que maneira!, dos alemães nessa sua incansável demanda de domínio. Claro que a História se encarregará de devolver aos franceses o seu papel de autêntica testa de ferro, o qual, apesar de tudo, é bem melhor do que o habitual, de carne para canhão, nas relações com o poderoso vizinho do norte.
Quanto ao resto, e não deixa de ser elucidativo que a este triste adjetivar, o resto, correspondam certamente os restantes países do euro, que não serão com certeza convidados a partilhar o tal governo, com parlamento e tudo, que constituirá os futuros USE, United States of Europe, seguramente compostos pelas referidas Alemanha e França, e mais uns quantos países de altos e louros. De fora ficarão os "preguiçosos do sul", remetidos para uma nova e muito mais exigente lista de bom comportamento, em espera, à semelhança da que fizeram parte para entrar na atual união, ainda que, desta feita, com ambas as partes bem mais atentas, os no papel de gato para não caírem na tentação de açambarcar todo e qualquer rato, e estes bem mais desconfiados nos felinos cantos da sereia. Restará o sempre curioso caso do Reino Unido, que só morderá o isco se tiver a certeza que poderá vir a tornar-se pescador, e os dos países da União que não fazem parte do euro, inevitávelmente atirados para as calendas daquilo que sem qualquer dúvida se vai tornar um tacho bem mais seletivo e dificil de lá meter a mão, dos dinheiros, o que, no fim, verdadeiramente parece contar.
- Eurogrupo e Grécia chegaram a acordo - Que quem manda é quem tem dinheiro, e que quem não tem obedece. Quem vem a seguir a caminho da fodi...federação?
- Ocidente chegou a acordo sobre armas nucleares com o Irão - Israel diz que é perigoso. Pois é, mas só para eles...
- Reino Unido recusa participar no terceiro resgate grego - Para estes o nevoeiro que os rodeia continua a isolar o continente!
- Ministro rejeita taxa sobre alimentos prejudicias à saúde - É capaz de ser preferível gastar cem vezes mais nos hospitais! Ou a força dos monstros que os produzem.
- PSD leva CDS ao Pontal pela primeira vez - Será que é desta que os de laranja vão oferecer um lugarzito decente ao Portas lá no partido?
- Média de matemática teve espantosa subida para doze valores - Fantástico! O que pode fazer um ano de eleições pelo raciocínio abstrato do pessoal!
- Advogado do Benfica ficou agradado com lucidez da mãe de Casillas - Que já pediu desculpa ao FCP. Quanto ao ilustre que os deuses lhe guardem a lucidez...
- Passos reclama para si o desbloquear das negociações UE/Grécia - Pelo visto desbloqueu uma grande merda! Mas como é nela que parece que temos de navegar...
- FMI diz que perdão da dívida grega é inevitável e rondará os 50 biliões - Cuba, Irão, Grécia fora, o sistema de saúde lá dentro, o que será deste mundo sem Obama?
- El Chapo fugiu segunda vez de prisão de alta segurança - Alta quê? Aquilo tinha iluminação farta, trilhos, ar condicionado! Só faltou outra faixa de rodagem...
- Maxi Pereira assinou pelo FCP - É favor pegar em papel e lápis e começar a anotar os amarelos e os vermelhos que não viu quando era do SLB!
- Pingo Doce condenado a pagar meio milhão - Pelo 1º de maio de 2014, Dia do Trabalhador, aquele que "inocentemente" escolheram para o humilhar. Em 2015 já repetiram a gracinha, e em 2016?
- Antonio Costa: quando decidirmos não esconderemos o nosso apoio - Aqui está o que Sampaio da Nóvoa não queria ouvir, ainda não decidiram!?
- Portugueses gastam mais de mil milhões em jogo só em seis meses - Ou a eterna ilusão de uma vida fácil...
- Penhoraram a casa a Sócrates por uma divida de 6 mil euros - Já o presidente do governo regional da Madeira deve 400 mil e foi eleito... isto está bonito, está!
- Mãe de Tsipras: Alexis come e dorme mal - Melhor para ele mas muito pior para muitos outros era se, naquelas circunstâncias, comesse bem e dormisse melhor...
- Sogrape considerada a melhor empresa produtora de vinhos do planeta - A sede é ali em Avintes, VN de Gaia, já quanto à sede, essa, matam-na por todo o mundo!
Há já muito tempo que é evidente a Grécia ser uma espécie de "tubo de ensaio" europeu para o futuro da União, aquilo que parece não ter sido devidamente acautelado pelos magos do laboratório, mais parecem aprendizes de feiticeiro, é que o dito podia explodir-lhes nas mãos e provocar estragos a toda a volta e em todos.
Durante várias décadas foi-se vivendo um idílio onde o chamado eixo franco-alemão, ainda antes e depois da queda do muro de Berlim, funcionou como uma espécie de tias ricas, muito bem formadas, plenas de boas intenções, que tinham como principal objetivo abrigar sob as suas formosas e potentes asas, os parentes mais pobres da família. A ideia, diziam, não era dar-lhes uma boa mesada e deixá-los levar boa vida, nada disso, faziam questão de ensinar a pescar e não dar o peixe. Acontece porém que uma das tias, a dado momento, teve que meter dentro de portas um parente havia muito dali afastado, e então a outra, para aceitar colaborar nas despesas inerentes e a acrescer ao cumprimento do sonho de erradicar a pobreza de toda a família, fê-la prometer abdicar de certos luxos a favor do almejado bem comum. Ou seja, aquando da reunificação da Alemanha esta teve que desistir da sua moeda, o marco indigena, por troca pelo euro de todos. Durante os primeiros tempos, enquanto toda aquela gente ainda estava imbuída da melhor das boas vontades, na verdade muito mais fruto do receio do não conhecimento comum do que por outra coisa qualquer, ainda a coisa foi funcionando com alguma harmonia, simplesmente o tempo não pára. As titis morreram e vieram os seus sucessores, muito mais pragmáticos e sobretudo completamente isentos de qualquer réstia do sonho que movia as saudosas tias, nascido dos horrores a que aquelas tinham assistido e sentido na pele, mas antes beneficiários de uma existência rodeada de sucesso consubstânciado pelo conforto e pelo poder. Entretanto os parentes pobres e os seus descendentes, que inicialmente pareciam bem encaminhados e a gastar adequadamente o dinheiro tão magnânimamente cedido, desataram a fazer asneiras, a ceder aos seus verdadeiros impulsos, acusaram os primos ricos, e a estourar a massa em tudo menos naquilo que era suposto. Foi ao longo deste processo que os herdeiros das duas primordiais tias ricas começaram a ter as primeiras desavenças, especialmente na forma como, e mesmo se, deveriam continuar a ajudar, ou não, os pobretanas e preguiçosos gastadores, e então, os desde sempre mais ricos deles, ultrapassada a tal fase periclitante de sustentar o parente que quiseram recuperar lá para casa, começaram a perceber o erro que fora abandonar a sua maior força, a sua antiga moeda, o marco. E agora? Só tinham uma solução, transformar o euro nisso mesmo.
Desde então, mais, ou menos evidentemente, o que tem acontecido é a França tentar suster como pode o avanço avassalador da Alemanha no domínio da moeda única europeia, mas acontece que o apetite germânico é insaciável e os franceses, que até já provaram duas vezes da receita com os resultados que se conhecem, parece finalmente terem percebido serem não comensais mas, também eles, o próprio jantar! A Grécia já marchou, muitos outros, como Portugal, esperam a tremer espetados no garfo, outros ainda deixar-se-ão deglutir com todo o gosto, está-lhes, ou talvez melhor dizendo, são do mesmo sangue. Sobram os do costume, a incauta França, é que o tal eixo acabou-se, o famigerado Reino Unido que, também como é habitual, deixou ficar um pé de fora porque o teve sempre atrás, e claro, os restantes interessados, num mundo global sempre mais e mais pequeno. Haja esperança, mas como tão bem o comprova o discurso do sô Shaubel, como diz o cromo do Marcelo, não parece que a Alemanha vá parar enquanto não lhe forem todos comer à mão. A Grécia sabe-lhes a pouco...
- Portugal é o país da União com maior taxa de emigração - E continua a crescer! Deve ser a nossa natureza aventureira...
- Passos afirma que vai fazer guerra sem quartel contra desigualdades - Há quatro anos fez tudo ao contrário do que prometeu em campanha...
- Um quinto dos trabalhadores em Portugal é precário - Como só trabalha um terço...é só fazer as contas.
- Portugal recuou vinte anos relativamente ao nível de vida - Quando as vacas estavam todas gordas, cheias de...ar!
- Departamento que investiga Sócrates ganha três elementos - Não há-de demorar muito aquilo vai parecer um enorme exército quixotesco a lutar contra moínhos de vento!
- Casillas no FC do Porto - Espera-se que venha cheio de vontade de demonstrar aos adeptos do Real que as últimas épocas foram culpa deles...
- Papa bebe chá de coca, Dalai Lama canta rock e padres gritam palavrões - É aproveitar esta saudável loucura enquanto ninguém resolve "pôr ordem nisto"!
- Cheerleaders aquecem intervalos em Espinho - E com que energia o fazem as criaturas! Deve ser por causa da nortada...
- Evo Morales ofereceu escultura de foice e martelo com Cristo crucificado - Efeitos de por aqueles lados a coca ser a religião do povo?
- Famílias vão menos a supermercados e mais a restaurantes - Com a verdade nos enganam! Trocaram foi a refeição completa pela sande e uma garrafinha de água...
- Tsipras: aceitamos austeridade para evitar expulsão política - Será? Ou terá sido a mãozinha de Obama por detrás de Lagarde quem realmente decidiu?
- Rui Vitoria: Vieira é um vendedor fantástico - Vamos ver, agora que perdeu o principal animador lá do departamento comercial e o contratou a ele...
- Russia impede que massacre de Srebrenica seja considerado genocídio - O terrível pragmatismo do "contar as espingardas", ou o mais forte traço da natureza humana.
- Mãe de Casillas arrasa FCP - Já se sabia que a inteligência é um dos trunfos do grande guarda-redes, agora percebe-se que sai ao pai...
- Adiado primeiro julgamento de pedófilo no Vaticano - Parece que o bispo em causa ficou súbitamente doente! Patrão fora...
Imagine-se uma família da classe média baixa, a viver exclusivamente dos rendimentos do trabalho relativamente precário, contratos a prazo, com dois ou três dependentes, mas ainda assim a beneficiar de uma fase de aparente desafogo, o dinheiro apesar de tudo dá para práticamente todas as despesas, e face a um ambiente generalizado de fartura, o país passa uma fase de rara prosperidade, podem até dar-se ao luxo de se endividarem em nome de um conforto presente por todo o lado, empurrados por um cada vez mais pressionante apelo ao consumo, que subrepticiamente faz funcionar e sobrevive da implementação de sentimentos pouco nobres como a inveja e uma concorrência cega, desenfreada. Não é por isso de admirar, é mesmo compreensível, como não?, naquelas circunstâncias que não aproveita só pode ser burro e passa a ser olhado como pobre miserável, mesquinho, fraco de espírito, que esta família recorra ao banco para obter empréstimos para casa, carro, mobílias, férias...e, de repente, se sinta a viver uma espécie de sonho realizado, tão fácil!, desfilando orgulhosamente e tantas vezes arrogantemente perante a família e a vizinhança exibindo todo um novo brilho, ao qual amiudadamente puxa o lustro, alardeando ter isto e mais aquilo, ter ido aqui e ali, e sabe-se lá que mais.
Agora imagine-se que, súbitamente, vá lá saber-se porquê!, lá no fábrica começam a escassear as encomendas, pelo menos é o que o patrão diz, quando não vai muito, um ano ou dois, oferecia lautos cabazes na pomposa festa de Natal; que no hiper a encarregada está cada vez mais exigente e implicativa, algo até há bem pouco tempo impensável em alguém desde sempre tão intratável, inclusivamente já se fala que, desta vez e ao contrário do que tem sido feito desde sempre, quando o contrato atinge três anos é-se despedida mas passados três meses recontratada, não haverão renovações para ninguém, ou só para algumas. Começa tudo a correr mal e bastam meia dúzia de meses para que as únicas pessoas que trabalhavam naquela casa se vejam no desemprego, ele com um indemnização correspondente a um décimo do que lhe era devido depois de meses a trabalhar sem receber, era isso ou nada, ela por azar ainda com poucos meses após a última renovação, pelo que se ele, apesar de tudo, tem direito a um subsídio de desemprego razoável, o dela não passa de tostões. O dinheiro não chega sequer para pagar o essencial quanto mais os vários empréstimos a pagar ao banco que estão longe, muito longe, de atingirem o seu termino.
E agora? O que fazer? De quem é a culpa? Será exclusivamente de quem irrefletida e irresponsávelmente resolveu empenhar o seu e o futuro dos seus? E como qualificar a atitude de quem aceitou tudo, literalmente, todas as mentiras de falsos rendimentos, fragilíssimas probabilidades de serem seguros, que inclusivamente fomentou ensinando a mentir, a forjar vigarices, para simplesmente sacar juros extremamente apetecíveis, assobiando para o lado quando alguém ousava mencionar o futuro, ou mesmo não tendo quaisquer escrúpulos em vender "amanhãs que cantavam"? O certo é que salvo algumas, poucas, exceções, quem realmente está a "pagar as favas" é o incauto desgraçado que caiu na ratoeira e depois ainda é sugado até ao tutano. Os bancos e quem lhes abriu caminho, esses, sofrem ligeiros abalos que ultrapassam mais ou menos fácilmente dado possuirem enormes "almofadas" que atempadamente providenciaram.
Finalmente substitua-se essa família por um país, afinal o somatório dessas mesmas famílias, os seus componentes por habitantes, a situação financeira de mediana das pessoas por pobre a da nação, face ao clube de que faz parte, e todo o diabólico processo de enriquecimento, via aproveitamento de todo o tipo de fragilidades da esmagadora maioria dos consumidores, pela criação de uma comunidade económica comum. Mesmo acreditando que os objetivos desta tenham sido nobres, bem intencionados, era suposto aproximar níveis de vida entre os vários países, em nome disso foram destruídas infraestruturas de produção, hábitos de sobrevivência por vezes seculares!, foi dito então que tudo era feito em nome da rentabilidade, cada um faria aquilo para que era melhor ou estava mais qualificado. O que a realidade mostra decorrido mais de um quarto de século, é que o que faz de principal "banco" da União, a Alemanha, é exportar mais de 50% do que produz, e sobretudo para onde?, para os seus parceiros da dita união, ou seja enriquece cada vez mais à custa do empobrecimento dos seus pares. Tal qual o nosso banco ao fundo da rua à nossa custa. Como as pessoas também as nações caem em ratoeiras. Quem emprestou biliões, fechando os olhos às mais incríveis mentiras e elaboradas ficções, a países evidentemente sem estruturas para jamais os pagarem, antes empenhando o futuro de muitas das gerações vindouras, para sem qualquer vergonha e todo o calculismo construirem situações financeiras pura e simplesmente pornográficas se comparadas com a do vizinho do lado? Acontece porém, num caso como no outro, que um dia não será possível tirar mais de onde já não há nada, seja gente sejam países. E depois? Talvez ontem, com a inimaginável coragem do povo grego, não obstante o que se diz ainda com muito a perder, tenha começado a ser dada uma resposta para esta pergunta.
- Sub21 portugueses voltam a falhar nos penaltis - Acontece muito falhar a quem é bom na retórica e mau nas decisões...ou a arte de ser português!
- Governo grego convoca população para referendo - Faz lembrar aqueles profissionais do bluff do póquer que no fim até jogam o carro e a casa, mulher incluída!
- Octávio e Manuel Fernandes no Sporting - Com Bruno Carvalho e Jesus? Quando aquilo der para o torto vai ser bonito de ver!
- Cuba descobre como impedir transmissão de virus de mãe para filho - É aproveitar enquanto eles não estão todos ocupados a encherem-se de Big Mac's...
- O jornal A Bola ilustra a noticía que detidos vão ser ouvidos com foto de Antero Henrique - Que saudades do tempo em que era um jornal sério e a sério!
- Foram entregues os prémios Deloitte que exaltam a qualidade e a transparência - Os dois ultimos premiados foram Zeinal Bava e Ricardo Espírito Santo...não será melhor os que ganharam agora pôrem-se já ao fresco? A palhaçada continua!
- Bruno Carvalho deu entrevista a Judite de Sousa - Cinismo, frieza, inteligência. Ainda longe de PC mas já a milhas de LFV. O artista aprende depressa. A concorrência que se cuide!
- Jesus mostra-se apaixonado e frágil na apresentação no Sporting - Já subiu tudo o que tinha a subir no SLB, onde nem mesmo com colinhos e mantos aquilo foram pinars!
- Pacheco Pereira voltou a falar aos camaradas - O bom filho a casa torna, ou a irreprimivel tentação de cavalgar as (que se adivinham) ondas dominantes?
- Na Grécia o não aumenta à medida que a idade diminui - Entre a dúvida se será saudável irreverência ou perigosa irresponsabilidade uma certeza, o futuro é dos jovens!
- Paula Lobo Antunes, o meu pai ainda hoje diz, você dava uma médica tão boa - Aquele você dá vontade de responder: enfim, médica não é...
- Shabani, o gorila que parte corações - Postura dengosa, olhinhos mansos, (promessa) de muita carne ao dependuro. Junte-se-lhe alguma esperteza e estão por todo o lado!
- Vazio legislativo assegura manutenção de Marinho e Pinto no parlamento europeu - Afinal a enorme capacidade profissional deste artista sempre serve para alguma coisa...
- Uber suspende serviços em França - Ontem, hoje e amanhã, sempre o nosso destino, a demonstração da maior razão da força que da força da razão. Isto só vai lá à paulada!
- Primeiro ministro austríaco afirma que será fácil administrar o euro sem a Grécia - A estes foge-lhes sempre o coração para a serpente de que são o ovo.
- Partido socialista hesita na escolha do candidato presidêncial - Afinal havia outro! Se até Cunhal engoliu um sapo em nome do bom senso...
- Antonio Costa afirma que a sorte de Portugal é haver o PS entre a direita e a extrema esquerda - De facto em tempos de escolhas entre sim e não é uma benção ter um partido nim...
- Blatter ataca expresidentes francês e alemão - Este já dispara para todos os lados...ou a ilusão de que apontar para cima resulta em escapar a ficar por baixo...
- Tsipras convoca referendo para gregos escolherem entre ele e a Europa - Teve muita arte para chegar onde chegou, mas ainda muito mais em engenho para de lá sair...
- Juros da dívida portuguesa já sobem à boleia da crise grega - Feitiços, feiticeiros e poções mágicas pró caldeirão e...seja o que o diabo quiser!
- Jorge Sampaio recebe o pela primeira vez atríbuido prémio Mandela - Que saudades de um Presidente da Republica a sério!
- Foi colocada no edifício da varanda do Assembleia da Republica uma tarja "vendido" - Desde que inclua o recheio, esse sim maioritáriamente vendido!
- Equipamento alternativo do FCP é castanho - Mas clube chama-lhe cacau e às faixas azuis di-las subtis..."graveto" a quanto obrigas!
- Gregos não cedem a exigências - Lá como cá, desde sempre e por todo lado são sempre os mesmos a "pagar a fatura", não se pode é dizê-lo alto não vão eles ouvir...
- Autores de livro que dá razão a Ricardo Salgado afirmam que este provávelmente o usará na sua defesa - Provávelmente? Então não foi para isso mesmo que o ilustre o encomendou?
- Google dá 30 segundos para corrigir e-mail - E pronto, lá se vai a angústia no momento de carregar na tecla que dava asas à genuídade...
- 152 exalunos da Lusófona perderam diplomas por causa de Relvas - Mas a ele ainda não lho tiraram! Parece que estão convencidos que vai ter a dignidade de o devolver. É melhor esperarem sentados...
- Vê-se a seleção dos sub21 a jogar e percebe-se que muito daquilo gira à volta de Sérgio Oliveira - A UEFA até o escolheu para o onze ideal mas os locutores televisivos portugueses só falavam do William e do Bernardo! Porque será?
- O arbitro Marco Ferreira disse que ser sério compensa sempre - Em que dicionário esta simpática criatura, que pelo visto consegue ser pior até que o Paixão(!!!), terá visto o significado da palavra compensar?
- Ribeiro e Castro diz que CDS morreu - Não morreu mas está ligado a uma máquina chamada Portas...querem desligá-la?
- Soares dos Santos vai explorar Oceanário - Isto de pôr merceeiros a tratar de aquários...estes ainda vão meter água ao pouparem na "ração para a bicharada" como é seu timbre!
- Banco de Portugal alega proteção a terceiros para não abrir inquérito interno no caso BES - Pois...mas não será ao menos possível informar quem são os tais terceiros?
- Em Vila Flor queimou-se um gato vivo como parte da festa local - Enquanto estes mais aqueles outros animais que se exibem a torturar touros não forem amansados isto não vai lá!
- Cavani foi expulso depois de esbofetear um adversário por este tentar meter-lhe um dedo no ânus - Depois perdeu o jogo! Parece que já disse que para a próxima vai mas é ameaçar o agressor com, "tens meia hora para tirar daí o dedo"...
- Bruno Carvalho afirma que quem quiser fazer mal ao Sporting vai ter que o matar - Coitado! Como para ele sempre que os lagartos perdem é fazer-lhes mal, é um homem morto!
Quando observando a sociedade francesa do séc. XIX em todas as suas contradições Balzac resolveu chamar Comédia Humana ao conjunto de obras a que tal o inspirou, estava longe de imaginar o que aí vinha, na verdade ainda não tinha visto nada!
Um belo dia uns quantos portugueses depois de muitas semanas dentro de uma "casca de noz", finalmente chegados ao seu destino e ainda ao largo olhando a bela paisagem que se lhes oferecia terão exclamado: boa baía!. Bombaim. Estava encontrado o nome para aquele pedaço de terra que, umas centenas de anos e muito milhões de pessoas depois, haveria de passar a ser conhecida por Mumbai.
Se vista de longe parece quase normal, uma imensa urbe que se estende ao longo de muitos quilómetros de milhares de casas, centenas de arranhacéus, enormes avenidas e um sem fim de ruas e ruelas. Para além dos vinte milhões que circulam como formigas ora indolentes ora nervosas por todo o lado, podem ver-se milhares de veículos a serpentear, desde pequenas bicicletas e motorizadas, um sem numero de carros, até enormes composições de comboios. Comum a tudo isto uma sensação de decrepitude resiliente, algo que parece ir desfazer-se ao primeiro impacto mas evidentemente indestrutível desde sempre e ainda por muito tempo.
Ele está a exercitar-se em frente ao espelho, diz que é para ganhar músculo para poder vencer na luta diária que é entrar no comboio, um corpo-a-corpo que só quem está bem preparado tem hipóteses de levar a cabo e assim pôr-se a caminho do trabalho. À volta a desorganização, na perspetiva de organização ocidental, naturalmente, é total, várias crianças andam por ali a deambular e a mulher, com um bébe ao colo, fita-o com um sorriso de orgulho nos lábios. Ele conta-nos que sonham comprar um pequeno carro, atualmente deslocam-se pendurados numa motita, para evitarem o pesadelo dos transportes públicos. Como chamará a intermináveis filas de trânsito em ambiente totalmente caótico? Quando lhe colocaram a questão da poluição, o que ali os levou, afirma: isso é coisa de europeus que já têm tudo, e depois foram eles que a iniciaram. A nós a poluição só nos começa a preocupar quando temos o estômago cheio, e isso é raro. Disse.
Seguimos dentro de um automóvel mediano para os critérios ocidentais mas quase de luxo ali. Sentada confortávelmente no banco traseiro segue uma mulher com aspeto distinto, se comparada com a esmagadora maioria, que se vai queixando do tresloucado aumento de tráfego no seu bairro, um dos mais chiques da cidade, outrora pleno de árvores onde viviam alegremente papagaios, pardais e outros que tais, conta nostálgica, mostrando-se revoltada e frontalmente contra a intenção dos responsáveis da cidade de nele construirem um enorme viaduto, à semelhança de muitos outros que polulam feitos e por fazer em todo o lado, supostamente precisamente para o controlarem, ao tráfego. Vê-mo-la na sua casa de aspeto razoávelmente limpo e agradável à vista, contactar telefonicamente com os vizinhos ricos num esforço associativo afim de evitarem a construção da obra, dizem que a solução está em não permitir a circulação de tantas viaturas o que, consequentemente, baixará os perturbadores níveis de poluição.
Estamos numa depedência pública de onde se dirigem as construções urbanas e a confusão é grande. Se por um lado faltam uma série de documentos que é suposto serem indispensáveis para o avanço dos trabalhos, por outro uns quantos telefonemas feitos ali e agora, garantem que a mesma pode avançar porque em breve tudo será entregue. O responsável mostra-se renitente exigindo visitar o local da obra para se inteirar das coisas, nomeadamente, tal como manda a lei, se por cada x metros de via está a ser plantada uma árvore, assim se combate a poluição por aqueles lados...Começa por se dirigir ao campo de onde estão a ser retiradas as árvores e constata que quem o faz não percebe nada do assunto, limita-se a envolver a raiz com um pano húmido que em breves minutos, durante o transporte, estará seco. Uma vez no sítio da construção descobre que o espaço entre árvores é dez vezes maior que o combinado. Alguém se desculpa que não havia árvores suficientes e ele encolhe os ombros.
Assistimos a uma reunião numa espécie de câmara municipal onde todas as partes estão reunidas para decidirem se a construção do viaduto avança ou não. A senhora rica manda os milhares de pobres andarem de transportes públicos, estes respondem-lhe que a Índia é uma democracia, ninguém é dono do espaço que pertence a todos. Na mesa os dirigentes permanecem quase calados, impotentes e aparentemente intimidados, mas certos que será feita a sua vontade e que esta corresponderá muito mais às necessidades de hoje do que às preocupações de amanhã. Lá fora muitos milhões, em 2020 a enorme metrópole será a maior do globo, atropelam-se em busca de uma sobrevivência pouco mais que básica, em condições de higiene e segurança verdadeiramente inacreditáveis se analisada do ponto de vista do primeiro mundo mas...e se olhadas de um qualquer recôndito lugar em Àfrica ou na Ásia? Não serão aceitáveis e até desejáveis? Isto de não julgar sempre através do próprio umbigo pode ser surpreendente. Tal como, se calhar, o futuro que nos espera. Uma comédia?
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DIZ UM MACHISTA
Por muito tempo que passe não consigo habituar-me a este fenómeno, é como tal que o sinto, refiro-me à forma como este pessoal jovem (quando) se relaciona, sim porque cada vez mais não o faz isolando-se via headphones, ou digitando furiosamente num aparelho de ultima geração. De uma maneira geral porque, enquanto falam uns com os outros, parece darem a entender estarem sempre ocupados com outra coisa, como se o contacto com o outro seja relegado para um plano secundário, algo de importância inferior, talvez assim, com essa minimização, procurando desde logo obter uma qualquer vantagem neste insano mundo concorrencial, como quem diz, "calma, se não estiveres interessado(a) não falta quem esteja", ou, pior, "estou-me marimbando para a tua opinião". No entanto acredito que bem no fundo essa postura, como qualquer outra quando agressiva, seja por excesso ou por defeito, na verdade corresponde a uma grande insegurança, quem está bem consciente da sua posição encara os desafios de frente, olhos nos olhos. Talvez este comportamento derive do muito mais amplo facto de hoje, particularmente aos mais jovens, ser exigido fazerem muitas coisas ao mesmo tempo, ou a tal estarem habituados desde tenra idade, com isso sofrendo o poder de concentração e o aprofundamento seja do que for.
É precisamente na sequência deste efeito mais vasto que penso resultar uma outra realidade, talvez aparentemente com menos peso, mas igualmente bastante castradora de um relacionamento saudável, que é a interação entre os dois sexos.Tenho para mim que em nome de uma igualização com origem em várias frentes, seja na área da vida profissional, do convivío familiar, ou da vida em sociedade, se está a perder uma das essências da vida, a sua pedra filosofal, a razão motivadora de tudo, a clara assunção da noção de diferença. A louca deriva igualitária está a tirar o "sal e a pimenta" à existência. Muito mal substituída por todo um mundo virtual onde o faz de conta é cada vez mais um "rei que vai nú", tal postura está a conduzir a um vazio cada vez maior, sustentado por lucrativos artificíos como as redes sociais, ou o puro e simples consumo de todo o tipo de drogas mais convencionais, legais ou não. Uma das circunstâncias onde é possível observar o fenómeno é na forma como, por exemplo, um rapaz e uma rapariga reagem nos primeiros encontros. Onde antes a fragilidade e o recato daquela, na verdade uma posição de poder, e a disfarçada subserviência dele, na realidade um trabalho de predador, dando ao momento um glamour e uma sensação de proibido, de mistério, que tornava tudo aquilo incrivelmente romântico e, consequentemente, verdadeiramente profundo e duradouro porque rodeado por uma aura, e efetivamente, de dificíl conquista, sistemáticamente posta à prova, hoje encontra-se um pragmatismo liso, sem obstáculos, um vazio que aos poucos está a transformar radicalmente as relações, muita vezes até invertendo os papeis, algo contranatura e verdadeiramente desmotivador, assim fragilizando as pessoas ao longo da sua vida tornando-as, cada vez mais cedo, cínicas e amarguradas, perante um dia a dia que percecionam sem sentido.
BALNEÁRIO DO GUIMARÃES
Ver pessoas ditas normais, pelo menos de aspeto, aquelas com as quais interagimos e a todo momento nos cruzamos, a elas nos consideramos iguais, para o bem e para o mal, a tranquilamente encherem enormes sacos de tudo o que está à mão apesar de não lhes pertencer, nem fazerem a menor intenção de as pagar, é algo que chocou muito mais do que se estava à espera. É que, em teoria tudo imaginamos e, cobrindo a coisa com esse nevoeiro muito próprio das coisas irreais, quase tudo é suportável. Acontece que o que aquela câmara de filmar mostrou vai muito mais longe dentro de cada um de nós que as simples imagens que passam. É como se de repente toda uma série de pressupostos em que todos fingimos acreditar caíssem por terra, e nos vissemos a nós próprios ali a roubar descaradamente, sem qualquer vergonha. Num mundo em que as aparências ditam leis, tendemos a criar esteriotipos baseados muito mais no que parece do que no que é, por isso quando somos surpreendidos com situações daquelas é quase como se nos vissemos ao espelho, não necessáriamente por nos sentirmos capazes de também o fazer, mas pela profunda sensação de vergonha alheia, uma espécie da "cair do céu aos trambolhões" pela brutal assunção do quanto colaboramos naquilo, como somos intrinsecamente responsáveis pelo fenómeno, ainda que, na esmagadora maioria dos casos, essa participação seja consubstânciada pela indiferença, mas que nestas ocasiões sentimos culposa, porque, lá no fundo, não totalmente isenta de uma certa falta de pudor.
ADMIRÁVEL (?) ESPANHA
Só após as próximas eleições legislativas vai ser possível perceber a dimensão do terramoto políticosocial que está acontecer em Espanha. Não é que ter à frente das duas principais cidades do país gente desligada dos tradicionais partidos representantes da direita e da esquerda, seja de somenos importância. Ou que, desse facto, até porque os emergentes correspondem, também cada um deles, aos dois lados do costume, se possa inferir virem a acontecer mudanças radicais. Sequer o facto de estarem a beneficiar da "cobaia de serviço" que são a Grécia e o Syrisa. Mas exatamente pela soma de tudo isto.
Depois deste passo, daqui a uns meses, quando os espanhois elegerem quem vai conduzir os seus destinos para os quatro anos seguintes, aí sim, pode mesmo acontecer qualquer coisa de novo, é que, como em tudo que é realmente novo, as dúvidas vão ser muitas, e é precisamente na resposta a estas que poderá vir residir o tal motivo de admiração...ou não. Se se pensar no que atualmente se passa na Grécia, a constatação de que a única solução é mais do mesmo ou...mais do mesmo, simplesmente mudando de lado no tabuleiro da geoestratégica política europeia e, consequentemente mundial, por um lado, e por outro olhar para todos os lados e perceber que o bipartidarismo clássico continua a dominar largamente: EUA, Reino Unido ainda que menos claramente, e boa parte das democracias por esse mundo fora, então percebe-se será preciso muita coragem para apostar numa solução diferente. Se daqui até lá os vencedores das eleições locais espanholas mantiverem a sua faceta marcadamente independente dos partidos tradicionais, um sério apelo à cidadania jamais feito desde há muito tempo, então estaremos perante uma verdadeira mudança de paradigma. Principalmente porque a isso corresponderá ter que desmontar uma imensa teia de interesses, laboriosamente tecida ao longo de muitas décadas, impondo-se à partida duas enormes questões: como vai reagir o poder desalojado, não só o político mas sobretudo o que dele depende e dele intrínsecamente faz parte, nomeada e obviamente os "donos" de Espanha? E estarão os vitoriosos movimentos cívicos à altura de tão grande desafio? Na resposta a estas perguntas residerá, eventualmente, boa parte daquilo que poderá vir a ser o nosso futuro comum.
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