semtelhas @ 12:21

Qui, 04/09/14

 

Eles estão de joelhos e vestem as batas laranja dos prisioneiros de Guantánamo. Olham em frente e debitam uma ladaínha. Ao lado, em pé, cara tapada e num inglês surrealísticamente londrino, o terrorista vai bramindo uma faca bem em frente do rosto deles, enquanto faz o seu discurso de propaganda. Hoje sabe-se que este autodenominado novo califado que estes homens dizem representar, pretende estender-se desde o médio oriente à península Ibérica, supostamente criado que reunificar o mundo islâmico com o objetivo de destruir os infieis, tem nas suas fileiras milhares de ocidentais, dezenas de portugueses, quase uma centena de espanhois, quinhentos britânicos, setecentos franceses, milhares de americanos dos EUA, entre muitos outros. Hoje percebe-se que as muitas faixas de pobreza do mundo dito desenvolvido, e um pequeno numero de idealistas também daí proveniente, encontraram aquilo que parece a melhor forma de se vingarem, aliarem-se ao inimigo. Sem nada a perder, esgotado o efeito lúdico das drogas, agora cada vez mais um potenciador de violência, que durante décadas os foi mantendo adormecidos, profusamente informados pela multiplicação de novas tecnologias, frustrados, explorados, após gerações de repetidas e renovadoras sofisticadas mentiras, estão prontos para lançar o pânico no mundo ideal, do qual têm a perfeita noção de que jamais farão parte. Como de costume a resposta vai ter que ser radical, não há outra, o mal tem de ser cortado pela raiz, foi-se, e continua a ir-se demasiado longe. Muito sangue vai ser derramado e ninguém sabe qual vai ser o seu papel ou o resultado final. Noutra parte do mundo a outra grande ameaça global, a doença nascida da indigência e da pobreza, mostra os dentes e alastra a ritmo assustador, e os homens parecem incapazes de a suster porque estão demasiado ocupados em jogos de poder. Cercados por um eminente conflito com o mais perigoso dos países novosricos como é a Rússia, por um terrorismo que se está a tornar viral entranhando-se e envenenando-nos a existência pelo medo, e por epidemias outrora longínquas e circunscritas, mas atualmente transmissíveis como lume num fósforo, adivinhamos um fim de ciclo. Pela enésima vez a natureza humana se cumpre.

 

Entretanto cada um de nós vai vivendo a sua vida o melhor que pode e nos deixam. Perante a inevitabilidade do óbvio, resta a felicidade restante fruto da maior ou menor ignorância, e ir recorrendo à partilha do que há de mais importante com os que amámos. As pequenas alegrias proporcionadas pelas vitorias das paixões, a tolerância, compreenção e carinho entre os mais velhos, e o vislumbre da pureza e da esperança no sorriso dos mais novos. Vidas inteiras construídas a correr atrás de objetivos que se podem desmoronar a qualquer momento, a crescente constatação do desaparecimento de pessoas que vamos descobrindo terem sido fonte de felicidade na nossa própria existência, uma nascente que vai enfraquecendo sendo cada vez mais desértica a paisagem dos afetos, ou a alarmante realidade que avança insidiosa a diáriamente lembrar a esquecida e artificialmente escondida efemeridade, que se manifesta pela sensação do irrecuperável desgaste do corpo e da mente, empurram para a descrença dos olhos no chão. Mas atrás de nós outros virão, os nossos filhos e netos exigem e merecem uma atitude positiva ao encarar o futuro. De joelhos mas com os olhos lá longe, no desconhecido e redentor infinito, onde moram e se renovam os dias dos nossos descendentes.

 


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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