semtelhas @ 10:21

Qui, 23/07/15

 

 


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semtelhas @ 12:13

Ter, 21/07/15

 

Diz Ivan Lins na  magnifíca canção maravilhosamente interpretada por Simone. Infelizmente aqui o caso não envolve qualquer romantismo nem sequer uma centelha de sonho, pelo contrário trata-se de algo absolutamente pragmático, a tentativa da transformação daquilo que é a União Europeia nos Estados Unidos da Europa.

 

Era mais ou menos percetível que isto tinha que acabar assim, ou seja, jamais seria possível dar este passo de uma forma harmoniosa, consensual, é um parto demasiadamente difícil para ser natural. Já toda a gente tinha percebido que a criança, resultante de um casamento, neste caso vários, prematuro, já devia ter vindo ao mundo há muito, que todas estas manobras dilatórias depois de um longo período onde o aborto tantas vezes esteve para ser cometido, união disto, acordos daquilo, e muito particularmente a criação da moeda única, criaram laços, e especialmente nós muito complicados de desatar, pelo que esta espécie de cesariana tinha mesmo que acontecer.

 

Aparentemente chega pela mão da França que assim, numa atitude por um lado inteligente, por outro beneficiando do silêncio cúmplice da Alemanha, na verdade muito mais que isso, a verdadeira eminência parda, num golpe de asa passa de cavalo a cavaleiro, isto é, de parceiro em francas dificuldades economicofinanceiras, a um género de compagnon de route dos germânicos nesta nova era que parece abrir-se aos países europeus e que corresponde a um desejo antigo, e de que maneira!, dos alemães nessa sua incansável demanda de domínio. Claro que a História se encarregará de devolver aos franceses o seu papel de autêntica testa de ferro, o qual, apesar de tudo, é bem melhor do que o habitual, de carne para canhão, nas relações com o poderoso vizinho do norte.

 

Quanto ao resto, e não deixa de ser elucidativo que a este triste adjetivar, o resto, correspondam certamente os restantes países do euro, que não serão com certeza convidados a partilhar o tal governo, com parlamento e tudo, que constituirá os futuros USE, United States of Europe, seguramente compostos pelas referidas Alemanha e França, e mais uns quantos países de altos e louros. De fora ficarão os "preguiçosos do sul", remetidos para uma nova e muito mais exigente lista de bom comportamento, em espera, à semelhança da que fizeram parte para entrar na atual união, ainda que, desta feita, com ambas as partes bem mais atentas, os no papel de gato para não caírem na tentação de açambarcar todo e qualquer rato, e estes bem mais desconfiados nos felinos cantos da sereia. Restará o sempre curioso caso do Reino Unido, que só morderá o isco se tiver a certeza que poderá vir a tornar-se pescador, e os dos países da União que não fazem parte do euro, inevitávelmente atirados para as calendas daquilo que sem qualquer dúvida se vai tornar um tacho bem mais seletivo e dificil de lá meter a mão, dos dinheiros, o que, no fim, verdadeiramente parece contar.

 


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semtelhas @ 10:51

Dom, 19/07/15

 

- Eurogrupo e Grécia chegaram a acordo - Que quem manda é quem tem dinheiro, e que quem não tem obedece. Quem vem a seguir a caminho da fodi...federação?

 

- Ocidente chegou a acordo sobre armas nucleares com o Irão - Israel diz que é perigoso. Pois é, mas só para eles...

 

- Reino Unido recusa participar no terceiro resgate grego - Para estes o nevoeiro que os rodeia continua a isolar o continente!

 

- Ministro rejeita taxa sobre alimentos prejudicias à saúde - É capaz de ser preferível gastar cem vezes mais nos hospitais! Ou a força  dos monstros que os produzem.

 

- PSD leva CDS ao Pontal pela primeira vez - Será que é desta que os de laranja vão oferecer um lugarzito decente ao Portas lá no partido?

 

- Média de matemática teve espantosa subida para doze valores - Fantástico! O que pode fazer um ano de eleições pelo raciocínio abstrato do pessoal!

 

- Advogado do Benfica ficou agradado com lucidez da mãe de Casillas - Que já pediu desculpa ao FCP. Quanto ao ilustre que os deuses lhe guardem a lucidez...

 

- Passos reclama para si o desbloquear das negociações UE/Grécia - Pelo visto desbloqueu uma grande merda! Mas como é nela que parece que temos de navegar...

 

- FMI diz que perdão da dívida grega é inevitável e rondará os 50 biliões - Cuba, Irão, Grécia fora, o sistema de saúde lá dentro, o que será deste mundo sem Obama?

 

- El Chapo fugiu segunda vez de prisão de alta segurança - Alta quê? Aquilo tinha iluminação farta, trilhos, ar condicionado! Só faltou outra faixa de rodagem...

 

- Maxi Pereira assinou pelo FCP - É favor pegar em papel e lápis e começar a anotar os amarelos e os vermelhos que não viu quando era do SLB!

  

- Pingo Doce condenado a pagar meio milhão - Pelo 1º de maio de 2014, Dia do Trabalhador, aquele que "inocentemente" escolheram para o humilhar. Em 2015 já repetiram a gracinha, e em 2016?

 

- Antonio Costa: quando decidirmos não esconderemos o nosso apoio - Aqui está o que Sampaio da Nóvoa não queria ouvir, ainda não decidiram!?

 

- Portugueses gastam mais de mil milhões em jogo só em seis meses - Ou a eterna ilusão de uma vida fácil...

 

- Penhoraram a casa a Sócrates por uma divida de 6 mil euros - Já o presidente do governo regional da Madeira deve 400 mil e foi eleito... isto está bonito, está!

 

- Mãe de Tsipras: Alexis come e dorme mal - Melhor para ele mas muito pior para muitos outros era se, naquelas circunstâncias, comesse bem e dormisse melhor...

 

- Sogrape considerada a melhor empresa produtora de vinhos do planeta - A sede é ali em Avintes, VN de Gaia, já quanto à sede, essa, matam-na por todo o mundo!

 


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semtelhas @ 15:33

Sex, 17/07/15

 

Há já muito tempo que é evidente a Grécia ser uma espécie de "tubo de ensaio" europeu para o futuro da União, aquilo que parece não ter sido devidamente acautelado pelos magos do laboratório, mais parecem aprendizes de feiticeiro, é que o dito podia explodir-lhes nas mãos e provocar estragos a toda a volta e em todos. 

 

Durante várias décadas foi-se vivendo um idílio onde o chamado eixo franco-alemão, ainda antes e depois da queda do muro de Berlim, funcionou como uma espécie de tias ricas, muito bem formadas, plenas de boas intenções, que tinham como principal objetivo abrigar sob as suas formosas e potentes asas, os parentes mais pobres da família. A ideia, diziam, não era dar-lhes uma boa mesada e deixá-los levar boa vida, nada disso, faziam questão de ensinar a pescar e não dar o peixe. Acontece porém que uma das tias, a dado momento, teve que meter dentro de portas um parente havia muito dali afastado, e então a outra, para aceitar colaborar nas despesas inerentes e a acrescer ao cumprimento do sonho de erradicar a pobreza de toda a família, fê-la prometer abdicar de certos luxos a favor do almejado bem comum. Ou seja, aquando da reunificação da Alemanha esta teve que desistir da sua moeda, o marco indigena, por troca pelo euro de todos. Durante os primeiros tempos, enquanto toda aquela gente ainda estava imbuída da melhor das boas vontades, na verdade muito mais fruto do receio do não conhecimento comum do que por outra coisa qualquer, ainda a coisa foi funcionando com alguma harmonia, simplesmente o tempo não pára. As titis morreram e vieram os seus sucessores, muito mais pragmáticos e sobretudo completamente isentos de qualquer réstia do sonho que movia as saudosas tias, nascido dos horrores a que aquelas tinham assistido e sentido na pele, mas antes beneficiários de uma existência rodeada de sucesso consubstânciado pelo conforto e pelo poder. Entretanto os parentes pobres e os seus descendentes, que inicialmente pareciam bem encaminhados e a gastar adequadamente o dinheiro tão magnânimamente cedido, desataram a fazer asneiras, a ceder aos seus verdadeiros impulsos, acusaram os primos ricos, e a estourar a massa em tudo menos naquilo que era suposto. Foi ao longo deste processo que os herdeiros das duas primordiais tias ricas começaram a ter as primeiras desavenças, especialmente na forma como, e mesmo se, deveriam continuar a ajudar, ou não, os pobretanas e preguiçosos gastadores, e então, os desde sempre mais ricos deles, ultrapassada a tal fase periclitante de sustentar o parente que quiseram recuperar lá para casa, começaram a perceber o erro que fora abandonar a sua maior força, a sua antiga moeda, o marco. E agora? Só tinham uma solução, transformar o euro nisso mesmo.

 

Desde então, mais, ou menos evidentemente, o que tem acontecido é a França tentar suster como pode o avanço avassalador da Alemanha no domínio da moeda única europeia, mas acontece que o apetite germânico é insaciável e os franceses, que até já provaram duas vezes da receita com os resultados que se conhecem, parece finalmente terem percebido serem não comensais mas, também eles, o próprio jantar! A Grécia já marchou, muitos outros, como Portugal, esperam a tremer espetados no garfo, outros ainda deixar-se-ão deglutir com todo o gosto, está-lhes, ou talvez melhor dizendo, são do mesmo sangue. Sobram os do costume, a incauta França, é que o tal eixo acabou-se, o famigerado Reino Unido que, também como é habitual, deixou ficar um pé de fora porque o teve sempre atrás, e claro, os restantes interessados, num mundo global sempre mais e mais pequeno. Haja esperança, mas como tão bem o comprova o discurso do sô Shaubel, como diz o cromo do Marcelo, não parece que a Alemanha vá parar enquanto não lhe forem todos comer à mão. A Grécia sabe-lhes a pouco...

 

 


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semtelhas @ 14:47

Ter, 14/07/15

 

Os novos e os velhos, os inocentes e os sábios, é especialmente deles que se enchem as praias durante os dias úteis nas primeiras semanas de bom tempo. As crianças são às centenas e manifestam-se como nelas é próprio, plenas de energia, truculentas, barulhentas, gritam vida e alegria por todos os poros. Quando param é possível ler-lhes nos olhos o espanto da sucessão de descobertas no que as rodeia, e as altas expectativas de em tudo aquilo virem a participar o mais ativa e rápidamente possível. Observam atentamente e com uma capacidade de gravação da qual sequer suspeitam, o que lhes parece ser o mais apetecível que os adultos exibem, a escolha depende da sua circunstância, meio ambiente e pessoas que as rodeiam, sejam comportamentos, roupas, haveres, aparências. Há contudo um grupo também por ali presente com o qual não perdem muito tempo, o dos mais velhos, porque naquele já não depositam muitas esperanças nem encontram grandes motivos de admiração. É que normalmente permanecem quietos, com expressões mais ou menos vazias nos rostos, corpos quebrados, decadentes, usando vestuário sem qualquer atrativo. Na verdade, tudo aquilo, o frenético desfile dos "adultos", que são as razões para o espanto de uns, os mais novos, é-o para o desencanto de outros, os velhos, exceto exatamente aquelas criaturas que as ignoram, as crianças, onde se reconhecem na memória e, sobretudo, por via de quem recuperam uma réstia do remoto sentimento de esperança e entusiasmo, um breve vislumbre num escasso instante, logo perdido face a uma realidade demasiado evidente.

 

Pelo meio, entre as crianças e os velhos, unidos quase exclusivamente pela fragilidade, a turba, a esmagadora maioria, os que fazem "andar a roda", origem e destino da maior parte daquilo que convencionou chamar-se de vida ativa, onde estão alicerçados boa parte dos fundamentos da existência tal qual a conhecemos. Tudo feito em volta de um conjunto de interesses sob os quais prevalece a sobrevivência e o medo, e sobre os quais paira o poder e o sonho. Fazem-se anunciar das mais diversas formas, desde as posturas, um vasto leque, nascidas do berço, da educação, dos genes, passando pela exibição do status via todo o género de ornamentações, até ao mais, ou menos, informal contacto, onde reside a verdadeira possibilidade de descodificação do individuo. 

 

Estranho mistério este, onde o habitual tocar dos extremos também na vida parece querer explicar através de uma espécie de fechar do ciclo, o encontro entre a magia da ilusão, e a dura realidade do irrevogável, entre os quais é percorrido um caminho feito da lenta  e dolorosa constatação, e da absoluta impossibilidade de transmissão de algo que tem de ser vivido de facto, sentido na pele e na mente, realidade indispensável para que se cumpra a nossa condição de seres insaciáveis na demanda da diferença. Como se houvesse uma força invisível que impede os velhos de revelarem aos novos a "segredo" da existência, como se esta não resistisse a essa revelação, quase como se a génese de tudo estivesse exatamente aí, nessa cegueira obstinada, que permite que os mesmos equívocos sejam permanente e repetidamente cometidos, e em nome dos quais é construída a evolução. Uma espécie de primordial crescimento, pela dor, onde o lugar da dúvida sincera, essência da humildade, tem de ser conquistado à custa de sangue, suor e lágrimas de todos e cada um, e ao longo de muito, muito tempo, por vezes, a maior parte delas?, toda uma vida não chega. 

 


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semtelhas @ 13:40

Dom, 12/07/15

 

- Portugal é o país da União com maior taxa de emigração - E continua a crescer! Deve ser a nossa natureza aventureira...

 

- Passos afirma que vai fazer guerra sem quartel contra desigualdades - Há quatro anos fez tudo ao contrário do que prometeu em campanha...

 

- Um quinto dos trabalhadores em Portugal é precário - Como só trabalha um terço...é só fazer as contas.

 

- Portugal recuou vinte anos relativamente ao nível de vida - Quando as vacas estavam todas gordas, cheias de...ar!

 

- Departamento que investiga Sócrates ganha três elementos - Não há-de demorar muito aquilo vai parecer um  enorme exército quixotesco a lutar contra moínhos de vento!

 

- Casillas no FC do Porto - Espera-se que venha cheio de vontade de demonstrar aos adeptos do Real que as últimas épocas foram culpa deles...

 

- Papa bebe chá de coca, Dalai Lama canta rock e padres gritam palavrões - É aproveitar esta saudável loucura enquanto ninguém resolve "pôr ordem nisto"!

 

- Cheerleaders aquecem intervalos em Espinho - E com que energia o fazem as criaturas! Deve ser por causa da nortada...

 

- Evo Morales ofereceu escultura de foice e martelo com Cristo crucificado - Efeitos de por aqueles lados a coca ser a religião do povo?

 

- Famílias vão menos a supermercados e mais a restaurantes - Com a verdade nos enganam! Trocaram foi a refeição completa pela sande e uma garrafinha de água...

 

- Tsipras: aceitamos austeridade para evitar expulsão política - Será? Ou terá sido a mãozinha de Obama por detrás de Lagarde quem realmente decidiu?

 

- Rui Vitoria: Vieira é um vendedor fantástico - Vamos ver, agora que perdeu o principal animador lá do departamento comercial e o contratou a ele...

 

- Russia impede que massacre de Srebrenica seja considerado genocídio - O terrível pragmatismo do "contar as espingardas", ou o mais forte traço da natureza humana.

 

- Mãe de Casillas arrasa FCP - Já se sabia que a inteligência é um dos trunfos do grande guarda-redes, agora percebe-se que sai ao pai...

 

- Adiado primeiro julgamento de pedófilo no Vaticano - Parece que o bispo em causa ficou súbitamente doente! Patrão fora...  

 

 


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semtelhas @ 11:47

Qui, 09/07/15

 

 


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semtelhas @ 12:09

Seg, 06/07/15

 

Imagine-se uma família da classe média baixa, a viver exclusivamente dos rendimentos do trabalho relativamente precário, contratos a prazo, com dois ou três dependentes, mas ainda assim a beneficiar de uma fase de aparente desafogo, o dinheiro apesar de tudo dá para práticamente todas as despesas, e face a um ambiente generalizado de fartura, o país passa uma fase de rara prosperidade, podem até dar-se ao luxo de se endividarem em nome de um conforto presente por todo o lado, empurrados por um cada vez mais pressionante apelo ao consumo, que subrepticiamente faz funcionar e sobrevive da implementação de sentimentos pouco nobres como a inveja e uma concorrência cega, desenfreada. Não é por isso de admirar, é mesmo compreensível, como não?, naquelas circunstâncias que não aproveita só pode ser burro e passa a ser olhado como pobre miserável, mesquinho, fraco de espírito, que esta família recorra ao banco para obter empréstimos para casa, carro, mobílias, férias...e, de repente, se sinta a viver uma espécie de sonho realizado, tão fácil!, desfilando orgulhosamente e tantas vezes arrogantemente perante a família e a vizinhança exibindo todo um novo brilho, ao qual amiudadamente puxa o lustro, alardeando ter isto e mais aquilo, ter ido aqui e ali, e sabe-se lá que mais.

 

Agora imagine-se que, súbitamente, vá lá saber-se porquê!, lá no fábrica começam a escassear as encomendas, pelo menos é o que o patrão diz, quando não vai muito, um ano ou dois, oferecia lautos cabazes na pomposa festa de Natal; que no hiper a encarregada está cada vez mais exigente e implicativa, algo até há bem pouco tempo impensável em alguém desde sempre tão intratável, inclusivamente já se fala que, desta vez e ao contrário do que tem sido feito desde sempre, quando o contrato atinge três anos é-se despedida mas passados três meses recontratada, não haverão renovações para ninguém, ou só para algumas. Começa tudo a correr mal e bastam meia dúzia de meses para que as únicas pessoas que trabalhavam naquela casa se vejam no desemprego, ele com um indemnização correspondente a um décimo do que lhe era devido depois de meses a trabalhar sem receber, era isso ou nada, ela por azar ainda com poucos meses após a última renovação, pelo que se ele, apesar de tudo, tem direito a um subsídio de desemprego razoável, o dela não passa de tostões. O dinheiro não chega sequer para pagar o essencial quanto mais os vários empréstimos a pagar ao banco que estão longe, muito longe, de atingirem o seu termino.

 

E agora? O que fazer? De quem é a culpa? Será exclusivamente de quem irrefletida e irresponsávelmente resolveu empenhar o seu e o futuro dos seus? E como qualificar a atitude de quem aceitou tudo, literalmente, todas as mentiras de falsos rendimentos, fragilíssimas probabilidades de serem seguros, que inclusivamente fomentou ensinando a mentir, a forjar vigarices, para simplesmente sacar juros extremamente apetecíveis, assobiando para o lado quando alguém ousava mencionar o futuro, ou mesmo não tendo quaisquer escrúpulos em vender "amanhãs que cantavam"? O certo é que salvo algumas, poucas, exceções, quem realmente está a "pagar as favas" é o incauto desgraçado que caiu na ratoeira e depois ainda é sugado até ao tutano. Os bancos e quem lhes abriu caminho, esses, sofrem ligeiros abalos que ultrapassam mais ou menos fácilmente dado possuirem enormes "almofadas" que atempadamente providenciaram.

 

Finalmente substitua-se essa família por um país, afinal o somatório dessas mesmas famílias, os seus componentes por habitantes, a situação financeira de mediana das pessoas por pobre a da nação, face ao clube de que faz parte, e todo o diabólico processo de enriquecimento, via aproveitamento de todo o tipo de fragilidades da esmagadora maioria dos consumidores, pela criação de uma comunidade económica comum. Mesmo acreditando que os objetivos desta tenham sido nobres, bem intencionados, era suposto aproximar níveis de vida entre os vários países, em nome disso foram destruídas infraestruturas de produção, hábitos de sobrevivência por vezes seculares!, foi dito então que tudo era feito em nome da rentabilidade, cada um faria aquilo para que era melhor ou estava mais qualificado. O que a realidade mostra decorrido mais de um quarto de século, é que o que faz de principal "banco" da União, a Alemanha, é exportar mais de 50% do que produz, e sobretudo para onde?, para os seus parceiros da dita união, ou seja enriquece cada vez mais à custa do empobrecimento dos seus pares. Tal qual o nosso banco ao fundo da rua à nossa custa. Como as pessoas também as nações caem em ratoeiras. Quem emprestou biliões, fechando os olhos às mais incríveis mentiras e elaboradas ficções, a países evidentemente sem estruturas para jamais os pagarem, antes empenhando o futuro de muitas das gerações vindouras, para sem qualquer vergonha e todo o calculismo construirem situações financeiras pura e simplesmente pornográficas se comparadas com a do vizinho do lado? Acontece porém, num caso como no outro, que um dia não será possível tirar mais de onde já não há nada, seja gente sejam países. E depois? Talvez ontem, com a inimaginável coragem do povo grego, não obstante o que se diz ainda com muito a perder, tenha começado a ser dada uma resposta para esta pergunta.

 

 


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semtelhas @ 13:20

Dom, 05/07/15

 

- Sub21 portugueses voltam a falhar nos penaltis - Acontece muito falhar a quem é bom na retórica e mau nas decisões...ou a arte de ser português!

 

- Governo grego convoca população para referendo - Faz lembrar aqueles profissionais do bluff do póquer que no fim até jogam o carro e a casa, mulher incluída!

 

- Octávio e Manuel Fernandes no Sporting - Com Bruno Carvalho e Jesus? Quando aquilo der para o torto vai ser bonito de ver!

 

- Cuba descobre como impedir transmissão de virus de mãe para filho - É aproveitar enquanto eles não estão todos ocupados  a encherem-se de Big Mac's...

 

- O jornal A Bola ilustra a noticía que detidos vão ser ouvidos com foto de Antero Henrique - Que saudades do tempo em que era um jornal sério e a sério!

 

- Foram entregues os prémios Deloitte que exaltam a qualidade e a transparência - Os dois ultimos premiados foram Zeinal Bava e Ricardo Espírito Santo...não será melhor os que ganharam agora pôrem-se já ao fresco? A palhaçada continua!

 

- Bruno Carvalho deu entrevista a Judite de Sousa - Cinismo, frieza, inteligência. Ainda longe de PC mas já a milhas de LFV. O artista aprende depressa. A concorrência que se cuide!

 

- Jesus mostra-se apaixonado e frágil na apresentação no Sporting - Já subiu tudo o que tinha a subir no SLB, onde nem mesmo com colinhos e mantos aquilo foram pinars!

 

- Pacheco Pereira voltou a falar aos camaradas - O bom filho a casa torna, ou a irreprimivel tentação de cavalgar as (que se adivinham) ondas dominantes?

 

- Na Grécia o não aumenta à medida que a idade diminui - Entre a dúvida se será saudável irreverência ou perigosa irresponsabilidade uma certeza, o futuro é dos jovens!

 

- Paula Lobo Antunes, o meu pai ainda hoje diz, você dava uma médica tão boa - Aquele você dá vontade de responder: enfim, médica não é...

 

- Shabani, o gorila que parte corações - Postura dengosa, olhinhos mansos, (promessa) de muita carne ao dependuro. Junte-se-lhe alguma esperteza e estão por todo o lado!

 

- Vazio legislativo assegura manutenção de Marinho e Pinto no parlamento europeu - Afinal a enorme capacidade profissional deste artista sempre serve para alguma coisa...

 

- Uber suspende serviços em França - Ontem, hoje e amanhã, sempre o nosso destino, a demonstração da maior razão da força que da força da razão. Isto só vai lá à paulada!

 

- Primeiro ministro austríaco afirma que será fácil administrar o euro sem a Grécia - A estes foge-lhes sempre o coração para a serpente de que são o ovo.

 

- Partido socialista hesita na escolha do candidato presidêncial - Afinal havia outro! Se até Cunhal engoliu um sapo em nome do bom senso...

 

- Antonio Costa afirma que a sorte de Portugal é haver o PS entre a direita e a extrema esquerda - De facto em tempos de escolhas entre sim e não é uma benção ter um partido nim...

 

- Blatter ataca expresidentes francês e alemão - Este já dispara para todos os lados...ou a ilusão de que apontar para cima resulta em escapar a ficar por baixo...

 


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semtelhas @ 11:21

Qui, 02/07/15

 

 


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semtelhas @ 11:55

Ter, 30/06/15

 

Os livros de Saul Bellow invariavelmente relatam a saga de um homem senão amargurado pelo menos em dúvida, à procura de encontrar e seu caminho num percurso sinuoso, cheio de altos e baixos, pleno de escolhos. Apesar de tudo entre "Morrem Mais De Mágoa", "Ravelstein", "Henderson, O Rei da Chuva", e "Herzog", escolheria sempre este "As Aventuras de Augie March" como a mais eloquente demonstração desse facto. É que percorrendo a vida de um rapaz para o qual a existência não foi fácil, através de descrições plenas de realismo, dando mostras de uma cultura insuperável em construções sistemáticas de maravilhosas metáforas da vida, transportando o leitor aos mais variados e interessantes cenários, dando mostras de um profundo conhecimento da alma humana em todas as suas vertentes, consegue esse quase milagre só possível nas mais geniais obras, remeter-nos ao mais intrínseco de nós mesmos, como que levar-nos a olharmo-nos a um enorme espelho porque ali, naquelas palavras, também nós estamos tão incrivelmente bem retratados.

 

E se a alguma conclusão se pode chegar é da inevitabilidade de independentemente de quase tudo, e o quase não passa de um mero exercício de humildade metódica..., ninguém consegue realmente escapar à sua natureza. A vida vai-se encarregando de nos ir colocando à frente uma série de hipóteses, na verdade práticamente comuns a todos no seu potencial de dar saídas para o "sucesso", as ditas oportunidades que depois cada um consoante a sua circunstância objetiva vai resolvendo, sendo que no fim acabamos sempre por fazer exatamente aquilo a que uma inexplicável pulsão, espécie de força interior, nos vai complir. Na verdade o que a experiência, ou a sabedoria, fazem, mais não é que nos ensinar a melhor encontrar esse caminho, que ao longo da maior parte da vida procuramos incessante e inconscientemente. O segredo do sucesso, leia-se da minimização do inevitável sofrimento, estará na capacidade de antecipar uma clarivedência que ou nunca chega ou é alcançada demasiado tarde.

 

 


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semtelhas @ 14:40

Seg, 29/06/15

 

- Tsipras convoca referendo para gregos escolherem entre ele e a Europa - Teve muita arte para chegar onde chegou, mas ainda muito mais em engenho para de lá sair...

 

- Juros da dívida portuguesa já sobem à boleia da crise grega - Feitiços, feiticeiros e poções mágicas pró caldeirão e...seja o que o diabo quiser!

 

- Jorge Sampaio recebe o pela primeira vez atríbuido prémio Mandela - Que saudades de um Presidente da Republica a sério!

 

- Foi colocada no edifício da varanda do Assembleia da Republica uma tarja "vendido" - Desde que inclua o recheio, esse sim maioritáriamente vendido!

 

- Equipamento alternativo do FCP é castanho - Mas clube chama-lhe cacau e às faixas azuis di-las subtis..."graveto" a quanto obrigas!

 

- Gregos não cedem a exigências - Lá como cá, desde sempre e por todo lado são sempre os mesmos a "pagar a fatura", não se pode é dizê-lo alto não vão eles ouvir...

 

- Autores de livro que dá razão a Ricardo Salgado afirmam que este provávelmente o usará na sua defesa - Provávelmente? Então não foi para isso mesmo que o ilustre o encomendou?

 

- Google dá 30 segundos para corrigir e-mail - E pronto, lá se vai a angústia no momento de carregar na tecla que dava asas à genuídade...

 

- 152 exalunos da Lusófona perderam diplomas por causa de Relvas - Mas a ele ainda não lho tiraram! Parece que estão convencidos que vai ter a dignidade de o devolver. É melhor esperarem sentados...

 

- Vê-se a seleção dos sub21 a jogar e percebe-se que muito daquilo gira à volta de Sérgio Oliveira - A UEFA até o escolheu para o onze ideal mas os locutores televisivos portugueses só falavam do William e do Bernardo! Porque será?

 

- O arbitro Marco Ferreira disse que ser sério compensa sempre - Em que dicionário esta simpática criatura, que pelo visto consegue ser pior até que o Paixão(!!!), terá visto o significado da palavra compensar?

 

- Ribeiro e Castro diz que CDS morreu - Não morreu mas está ligado a uma máquina chamada Portas...querem desligá-la?

 

- Soares dos Santos vai explorar Oceanário - Isto de pôr merceeiros a tratar de aquários...estes ainda vão meter água ao pouparem na "ração para a bicharada" como é seu timbre!

 

- Banco de Portugal alega proteção a terceiros para não abrir inquérito interno no caso BES - Pois...mas não será ao menos possível informar quem são os tais terceiros?

 

- Em Vila Flor queimou-se um gato vivo como parte da festa local - Enquanto estes mais aqueles outros animais que se exibem a torturar touros não forem amansados isto não vai lá!

 

- Cavani foi expulso depois de esbofetear um adversário por este tentar meter-lhe um dedo no ânus - Depois perdeu o jogo! Parece que já disse que para a próxima vai mas é ameaçar o agressor com, "tens meia hora para tirar daí o dedo"...

 

- Bruno Carvalho afirma que quem quiser fazer mal ao Sporting vai ter que o matar - Coitado! Como para ele sempre que os lagartos perdem é fazer-lhes mal, é um homem morto!

 

 


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semtelhas @ 11:43

Dom, 28/06/15

 

Quando observando a sociedade francesa do séc. XIX em todas as suas contradições Balzac resolveu chamar Comédia Humana ao conjunto de obras a que tal o inspirou, estava longe de imaginar o que aí vinha, na verdade ainda não tinha visto nada!

 

Um belo dia uns quantos portugueses depois de muitas semanas dentro de uma "casca de noz", finalmente chegados ao seu destino e ainda ao largo olhando a bela paisagem que se lhes oferecia terão exclamado: boa baía!. Bombaim. Estava encontrado o nome para aquele pedaço de terra que, umas centenas de anos e muito milhões de pessoas depois, haveria de passar a ser conhecida por Mumbai.

 

Se vista de longe parece quase normal, uma imensa urbe que se estende ao longo de muitos quilómetros de milhares de casas, centenas de arranhacéus, enormes avenidas e um sem fim de ruas e ruelas. Para além dos vinte milhões que circulam como formigas ora indolentes ora nervosas por todo o lado, podem ver-se milhares de veículos a serpentear, desde pequenas bicicletas e motorizadas, um sem numero de carros, até enormes composições de comboios. Comum a tudo isto uma sensação de decrepitude resiliente, algo que parece ir desfazer-se ao primeiro impacto mas evidentemente indestrutível desde sempre e ainda por muito tempo. 

 

Ele está a exercitar-se em frente ao espelho, diz que é para ganhar músculo para poder vencer na luta diária que é entrar no comboio, um corpo-a-corpo que só quem está bem preparado tem hipóteses de levar a cabo e assim pôr-se a caminho do trabalho. À volta a desorganização, na perspetiva de organização ocidental, naturalmente, é total, várias crianças andam por ali a deambular e a mulher, com um bébe ao colo, fita-o com um sorriso de orgulho nos lábios. Ele conta-nos que sonham comprar um pequeno carro, atualmente deslocam-se pendurados numa motita, para evitarem o pesadelo dos transportes públicos. Como chamará a intermináveis filas de trânsito em ambiente totalmente caótico? Quando lhe colocaram a questão da poluição, o que ali os levou, afirma: isso é coisa de europeus que já têm tudo, e depois foram eles que a iniciaram. A nós a poluição só nos começa a preocupar quando temos o estômago cheio, e isso é raro. Disse.

 

Seguimos dentro de um automóvel mediano para os critérios ocidentais mas quase de luxo ali. Sentada confortávelmente no banco traseiro segue uma mulher com aspeto distinto, se comparada com a esmagadora maioria, que se vai queixando do tresloucado aumento de tráfego no seu bairro, um dos mais chiques da cidade, outrora pleno de árvores onde viviam alegremente papagaios, pardais e outros que tais, conta nostálgica, mostrando-se revoltada e frontalmente contra a intenção dos responsáveis da cidade de nele construirem um enorme viaduto, à semelhança de muitos outros que polulam feitos e por fazer em todo o lado, supostamente precisamente para o controlarem, ao tráfego. Vê-mo-la na sua casa de aspeto razoávelmente limpo e agradável à vista, contactar telefonicamente com os vizinhos ricos num esforço associativo afim de evitarem a construção da obra, dizem que a solução está em não permitir a circulação de tantas viaturas o que, consequentemente, baixará os perturbadores níveis de poluição.

 

Estamos numa depedência pública de onde se dirigem as construções urbanas e a confusão é grande. Se por um lado faltam uma série de documentos que é suposto serem indispensáveis para o avanço dos trabalhos, por outro uns quantos telefonemas feitos ali e agora, garantem que a mesma pode avançar porque em breve tudo será entregue. O responsável mostra-se renitente exigindo visitar o local da obra para se inteirar das coisas, nomeadamente, tal como manda a lei, se por cada x metros de via está a ser plantada uma árvore, assim se combate a poluição por aqueles lados...Começa por se dirigir ao campo de onde estão a ser retiradas as árvores e constata que quem o faz não percebe nada do assunto, limita-se a envolver a raiz com um pano húmido que em breves minutos, durante o transporte, estará seco. Uma vez no sítio da construção descobre que o espaço entre árvores é dez vezes maior que o combinado. Alguém se desculpa que não havia árvores suficientes e ele encolhe os ombros.

 

Assistimos a uma reunião numa espécie de câmara municipal onde todas as partes estão reunidas para decidirem se a construção do viaduto avança ou não. A senhora rica manda os milhares de pobres andarem de transportes públicos, estes respondem-lhe que a Índia é uma democracia, ninguém é dono do espaço que pertence a todos. Na mesa os dirigentes permanecem quase calados, impotentes e aparentemente intimidados, mas certos que será feita a sua vontade e que esta corresponderá muito mais às necessidades de hoje do que às preocupações de amanhã. Lá fora muitos milhões, em 2020 a enorme metrópole será a maior do globo, atropelam-se em busca de uma sobrevivência pouco mais que básica, em condições de higiene e segurança verdadeiramente inacreditáveis se analisada do ponto de vista do primeiro mundo mas...e se olhadas de um qualquer recôndito lugar em Àfrica ou na Ásia? Não serão aceitáveis e até desejáveis? Isto de não julgar sempre através do próprio umbigo pode ser surpreendente. Tal como, se calhar, o futuro que nos espera. Uma comédia?

 

 


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semtelhas @ 12:24

Sex, 26/06/15

 

Estava frio e enevoado, a ameaçar chuva puxada pelo forte vento. Quase em Julho a praia estava praticamente vazia. Havia aquele vulto com os joelhos na areia, perto do passadiço, debruçado sobre qualquer coisa que só percebi tratar-se de um papagaio quando me encontrava perto dele. Levantou-se, ainda completamente concentrado na sua tarefa, não deu por mim, esticou o braço e então pude ver o artefacto azul e verde, naquela forma habitual, espécie de escudo em losango, aparentemente feito de materiais reciclados, sacos de plástico usados e canas apanhadas mesmo ali ao lado? Tudo muito rudimentar inluindo o fio que me pareceu de corda, normalmente usada em embrulhos, emendado em vários sítios e certamente bastante comprido atendendo ao enorme rolo. Mas o que mais me atraiu no estranho quadro, e me levou a diminuir o ritmo da marcha, foi o aspeto do homem. Na casa dos quarenta, pele do rosto escura, fortemente tisnado pela excessiva exposição solar, barba negra e rala por fazer há vários dias, cabelo preto relativamente comprido e notóriamente oleoso, olhos semicerrados, nariz largo e um fio no sítio da boca. Um rosto que longe de velho parecia gritar desilusão e amargura, nas suas marcas de contrariedade e expressão fria, não obstante naquele momento nele ter estampada a obstinação do cumprir um objetivo.Vestia roupas muito gastas e sujas e nos pés usava umas sandálias velhas. Não escolheria figura mais improvável para lançar um papagaio, identifica-lo-ía muito mais fácilmente como uma daquelas pessoas completamente empedernidas por uma vida dura, mais dadas aos pragmatismos da sobrevivência a qualquer custo. Mas ali estava ele a dar longas corridas num enorme esforço contra o vento, tentando fazê-lo subir em direção ao céu cinzento. Afastei-me desejando que a enigmática e solitária criatura tivesse sucesso enquanto ía deitando umas olhadelas para trás, vendo-o cada vez mais exausto prosseguir a sua luta.

 

Terão passado uns vinte minutos quando, na volta, ainda longe, lá no alto, ora em curtos e lineares ou então mais longos e circundantes, mas sempre furiosos movimentos, reparo no papagaio azul esverdeado, agora muito mais pequeno mas estranhamente firme, se comparado com a fragilidade que aparentava quando o vi pousado no chão a poucos metros, feito em coisas que parecia irem desfazer-se ao primeiro embate. Pouco depois, imediatamente a seguir à curva onde tinha deixado de o ver para aí a cem metros, descubro-o. Estava sentado numa rocha equidistante entre o mar e o lugar onde fizera o "bicho", e à medida que dele me ía aproximando, mais constatava a enorme mudança que entretanto nele se verificara. Aproximo-me o que faz com que durante breves segundos desvie o olhar do sonho para a realidade sem contudo alterar a expressão. Um rosto que se mostrava tranquilo e confiante à frente do qual a outrora imunda agora transformada em farta cabeleira, dançava vigorosa e solta ao ritmo das rajadas, tal como os trapos até eles exibindo acertada complementaridade, sorriso nos lábios surpreendentemente vivos, olhos azuis muito claros e bem abertos fitavam satisfeitos e fixamente o objeto ainda há pouco feito com as suas próprias mãos, de um branco inesperadamente imaculado, que seguravam sem cedências aos fortes puxões, para os libertarem, "bicho" e homem, lá no alto onde moram as estrelas, o sol, o azul e os pássaros, com a sua larga e quase infinita visão, longos voos, planares deslizantes e suaves sobre um mundo que, aquela distância, é sempre belo e harmonioso, isento de dificuldades. O que eu observava agora era o menino que aquele homem fora, pleno de sonhos e esperança, ali e daquela maneira reencontrado numa efémera tentativa de recuperar o para sempre perdido. Para aquele homem, apesar de tudo, ainda há esperança.


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semtelhas @ 14:24

Seg, 22/06/15

 

Quantos segredos foram desvendados, guerras iniciadas, impérios destruídos, inventos vislumbrados, suicídos cometidos, livros escritos, caminhos escolhidos, e sei lá que mais fruto da sedução? Desde os primeiros tempos que a arte de seduzir controla o futuro dos homens e a tendência não é diminuir. Quem pode ignorar que tantas vezes é essa mistura explosiva entre o charme e a sedução, mais que outra coisa qualquer por muito óbvia que seja, a ditar a eleição de presidentes ou a opção por estratégias duvidosas.

 

Há no entanto um género de sedução que todas as outras supera, a praticada por uma mulher, tanto mais potenciada quanto ela mais corresponda aos ideais imaginados. Espécie de essência do fenómeno é nessas circunstâncias que o seu efeito é mais avassalador em todos os aspetos, nomeadamente na sua faceta de necessidade imediata, mas também na forma como resiste ao tempo. Quando à beleza é somada a capacidade de através de um olhar, de um quase impercetível gesto, de uma palavra ou da sua ausência, daquela peça de roupa que se usa, da postura, da inteligência, transmitir uma sensação de vontade, de disponibilidade, de urgência, de interesse, então a magia realmente acontece. Quem é irrevogavelmente seduzido é transportado levitando a um qualquer lugar paradisíaco que mora algures no fundo de todas as consciências racionais, mais, algo que procuramos incessantemente durante toda a vida e pelo qual estamos dispostos a dá-la. Uma dir-se-ía total irracionalidade que mais não é que a libertação da razão que a todo o momento nos aprisiona e sufoca, e contra a qual na verdade, dela fugir, decorre boa parte da existência.

 

Tive a felicidade de experimentar este sentimento arrebatador algumas vezes e em várias circunstâncias, sendo que na maior parte delas consegui disfrutá-lo satisfatóriamente quando não concretizá-lo mesmo até aos limites da sua durabilidade. Houve porém outros casos em que isso era impossível, daquelas impossibilidades práticas como, por exemplo, quando jovens nos apaixonamos por um personagem de um filme. No caso ela era muito bonita mas sobretudo de uma sensualidade insuperável, à qual acrescentava nas medidas e critérios absolutamente exatos uma malícia profunda e devastadora. No filme, quando entra em determinada casa, pura e simplesmente conquista, sem dó nem piedade, o coração e os mais intímos apetites de todos os machos que nela viviam. Claro que a realização da fita é de grande mestria, mas é evidente que boa parte daquilo tudo, uma autêntica viagem pelos mais recônditos sonhos do que possa ser um paraíso, se devem à fabulosa atriz. Chamava-se Laura Antonelli e morreu hoje, mas na minha mente continuará a viver tão bela e presente como sempre, e enquanto eu tiver memória.

 

 

 

 

 


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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