Houve o tempo da pressa
da aflição, da urgência.
Um dia... onde pára essa?
Foi-se, ficou a paciência.
Tantos anos a correr
sem tempo para nada.
Para vir agora a saber,
que afinal pouco andava.
Ainda a tempo de descobrir
Que o ganho está no ser.
Finalmente distinguir,
a diferença que faz do ter.
Haja sabedoria para ver
quanto mais cedo melhor,
da importância de viver
desfrutando tudo em redor.
Ao diabo a alma não vender
só nos quer pôr a dormir,
para fácilmente poder vencer,
e vegetár-mos sem sentir.
Aprendámos a respirar
sem medo dele usufruir,
bem fundo deve ir o ar,
a menos faz-nos diminuir.
Atirar para longe a pressão
atente-se no que dá o inverso.
Convém aprender com a lição,
ou na escuridão ficar imerso.
Eis chegado o momento,
o tal, o da grande verdade,
o de dar tempo ao tempo,
antes que seja tarde.
Ouvem-se vozes a carpir,
tarde demais para mudar.
Não é o tempo para desistir,
é sempre possível recomeçar.
Ouvir mais o coração,
não há tempo a perder.
Por uma vez calar a razão,
inspirar e começar a viver.