semtelhas @ 11:25

Sex, 28/09/12

 

 

Em piloto automático. Foi assim que Woody Allen criou e dirigiu o seu último filme, Para Roma com Amor.

 

Resta saber as razões porque isso aconteceu, mas suspeito tratar-se de um processo em evolução, infelizmente de decadência, e que envolve vários aspetos: cansaço, desinteresse, e sobretudo desgaste. Acontece que um Woody Allen desgastado vale mais que mil realizadores em plena fase de produção e criatividade.

 

Este mestre do cinema compensa um certo desleixo quer na direção dos atores (incluindo e especialmente sobre si próprio nesta variável), quer numa preguiçosa abordagem aos vários momentoschave em que de vai ancorando o argumento, nomeadamente recorrendo a papeis marcantes que cada um dos atores já desempenhou, o Roberto Begnini da Vida É Bela, a Penélope Cruz de Almodovar ou o Alec Baldwin do costume, com uma série de ideias e situações muito próprias, como sempre, brilhantes e atuais.

 

Continua a ser completamente desarmante como Allen desconstroi todo e qualquer tipo de ilusão, seja ela de que origem fôr. Expõe e arrasa esta desesperada luta pela sobrevivência dos média, sistemáticamente criando factos do e a caminho do nada. Qualquer réstia de esperança na pureza do amor é pura e simplesmente ridicularizada.  De toda a crença no talento faz tábua rasa. O discurso político protetor dos favorecidos é mentira, etc., etc.. No fim o que realmente conta é o reconhecimento quando transformado em poder. Foi sempre este o discurso do realizador, só que agora, aliado a uma certa sensação de decadência real ao visionarmos as debilidades do filme, fica um ainda mais amargo sabor a verdade que nem as habituais piadas conseguem minimizar.

 

Estaremos a assistir às últimas corridas da Woddy Allen? Será a reta final? Ou, como já aconteceu noutras ocasiões o homem vai renascer desta espécie de cinzas? Caso não haja retorno, oxalá tenha o bom senso de se retirar a tempo, apesar de, no caso deste trabalhador incansável, isso muito provávelmente significar o fim. Talvez voltar a filmar na Nova York natal, o que faz atualmente, o revigore para que continuemos a beneficiar por mais algum tempo das visões deste homem, como ele diz e com que se autoironiza neste filme, muito à frente do seu tempo.

 

 


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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