semtelhas @ 12:43

Dom, 26/08/12

Todos os fins de  semana, a BBC World realiza um programa, tipo prós e contras, que vale francamente a pena o esforço para perceber que eles estão a dizer. Chama-se, Inteligence Squered e dura cinquenta minutos.

 

Uma vez escolhido o tema são convidadas quatro personalidades profundamente informadas sobre o assunto em discussão. Há um moderador que faz a introdução, passa a palavra de interveniente em interveniente, dá os resultados de uma sondagem e, perto do fim, se, por qualquer razão, lhe parece oportuno interferir, permite-se pôr uma ou duas questões. Na plateia algumas centenas de pessoas. As que o solicitarem podem falar um, dois minutos no máximo, após uma primeira parte na qual, um a um, em pé no meio do palco ocupando o lugar do moderador que se desloca para a "sombra" das luzes. Cada especialista tem uma exposição de cerca de cinco minutos. Depois dá curtas respostas quando para isso é solicitado ou no caso de se sentir interpelado por algum colega da "oposição". As pessoas sabem as regras do jogo e cumprem-nas mas, se mesmo assim, se alongam ou caem na tentação de perder objetividade, são automática e firmemente reconduzidas ao debate pelo moderador. A meio do programa, após a defesa de cada um dos pontos de vista pelos quatro protagonistas, é-nos dado um primeiro resultado de uma consulta ao público televisivo. No fim ficámos a saber quem ganhou o debate.

 

Este fim de semana o programa realizou-se em Sidney, no edificío da ópera, e estava à discussão uma moção que defendia que a Austrália não deve temer o poder da monstruosa e vizinha China. De um lado argumentos como: a China está a promover uma abertura à sociedade, dentro e fora do seu território; não pode ser temida militarmente pelo simples facto de estar muito longe do poderio da alguns dos seus vizinhos (Japão, Coreia do Sul, etc.); continuará a ter, durante muitos anos, um PIB muito baixo, ao nível do Egipto ou de El Salvador, não constituindo por isso, grande ameaça. Do outro: as perseguições politícas e as restrições à liberdade de expressão continuam; as agressões a territórios ocupados não abrandaram, nomeadamente no Tibete; fazem chantagem com os países vizinhos por terem 80% da água existente na zona, e com todo o mundo por serem donos das maiores reservas de alguns dos minerios mais importantes nos dias de hoje; apoiam a escravatura na Zâmbia onde têm muitos interesses ou a ditadura no Zimbabué; sendo uma grande potência, com a agravante de já o ter sido, o que cria amarguras e nacionalismos, vai tentar "mudar o mundo" a seu favor.

 

Na primeira apresentação do resultado da consulta aos espetadores havia quase um empate técnico a três, entre as duas posições oponentes e os que não tinham opinião. No fim, e por esmagamento, ganhou o não à moção, os australianos devem, portanto, temer, ou no minimo estar atentos ao poderoso vizinho do norte. Esclarecedor. Também muito significativo, especialmente para nós em plena discussão sobre a importância de uma televisão com qualidade, o facto de práticamente terem desaparecido da sondagem os espetadores sem opinião. Está tudo inventado, porque não seguir os melhores exemplos?   


direto ao assunto:

"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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