É por estes dias que por cá, andando o pessoal mais "solto", alguns fantasmas do passado resolvem sair dos poeirentos sotãos para me assombrarem a memória.
Ele são as touradas; as cada vez mais numerosas "moças" já com várias décadas no, como diria a nosso primeiro, lombo; as boazonas de serviço; os "machos de praia" ou aquela barulhenta rapaziada do tunning, a verdade é que tudo isto me faz recuar ao meu tempo de menino, e ficar a pensar o quanto ainda temos para andar. Mas...uma coisa de cada vez.
Quando vejo aquelas transmissões televisivas de tourada, que me atiram o Nilton para os confins da madrugada, observo como alegremente uns quantos garbosos senhores, agora também senhoras, fazem do touro uma espécie de alfineteiro e, pasme-se, algumas dezenas de vistosas e adivinha-se bem cheirosas criaturas ataviadas em glamorosos trapinhos que mal cobrem tisnadas peles, ainda por cima batem palmas e lançam charmosos sorrisos e acenos aos "artistas", aquilo tudo ao som de uma normalmente desafinada corneta, pergunto: que enormes e misteriosos poderes obrigam a televisão que todos pagámos a transmitir em horário nobre, à sexta feira, semelhante enormidade?
Sempre existiram as tais "moças", mas agora multipicam-se como cogumelos. É ver como orgulhosamente exibem bamboleantes gorduras suspensas por cansadas e rugosas peles, muitas vezes disfarçadamente cobertas por esforçados bikinis que bem tentam o impossível. Mas o pior é o guloso e lânguido olhar. Esse mesmo que tão arredio está dos formosos rostos das boazonas de serviço, deslizantes seres de e para o mar, trabalho é trabalho!, que quando, do alto da nossa, momentâneamente titubeante, sabedoria pousámos as cansadas vistinhas naquelas brilhantes superficíes ou nos profundos e tropicais vales, olham para nós perguntando: nunca "vistes"? Está tudo trocado(esgar de triste cansaço).
Também entre eles se continuam a descortinar alguns espécimes que se julgava extintos. Zézés decrépitos, alguns mesmo já em adiantado estado de putrefação, continuam a provocar os mais pertubantes distúrbios entre a fauna do sexo fraco que povoa as nossas calientes areias. Entre os mais novos subsistem alguns machos que passeiam toda a sua rija virilidade, que visívelmente fazem um esforço para conter dentro de limites razoáveis(?), mas é mais no seio daquela juventude de cinquentões que mais encontrámos o "sempre pronto", mui peludo e torrado macho, de tanga a segurar os cavalos e a exibir formosas nalgas, medalhão ao peito e o penetrante olhar, sensível mesmo por detrás dos rayban. Imagino que o mulherio deve ficar de gatas.
Confesso que aquela rapaziada que continua a passear pela praia, de carro ou a pé com aqueles rádios para os quais penso dava jeito um carrinho de mão para os transportar, ouvindo música com o volume no máximo, obtendo assim o triplo efeito de, primeiro anúnciar ao mundo as suas fantásticas e estridentes preferênciais musicais, das quais não resisto a salientar a inominável saga dos Carreira, segundo deixarem a babar de desejo, e utilizando os seus termos(e não estou a exagerar), "o gado todo", e terceiro, levar toda a gente a um estado mais ou menos catatónico, algures entre a incredulidade e a vontade de os "metralhar" até ao silêncio final, confesso, dizia eu, não augura nada de bom.
Enfim! Como diriam estes personagens, felizmente cada vez mais remetidos à condição de cromos, é só inveja!