Neuropotenciação, manipulação genética, instrumentalização do genoma, dissecação das funções cerebrais, etc.. Foi destas matérias que falaram Alexandre Castro Caldas, neurocientista, e João Almeida, diretor da antena 2. O que disseram é, no minímo, surpreendente.
Cada vez há mais pessoas a recorrer a drogas que permitem uma maior capacidade de concentração, durante mais tempo. Neste domínio quem mais ordena é o mercado. Não obstante se estar longe de saber os riscos inerentes à utilização de fármacos que neuropotenciam as pessoas, toda a máquina envolvente deste negócio cresce exponencialmente, deixando em aberto a possibilidade, real, do surgimento de problemas desconhecidos e, consequentemente, sem solução. Em contra ponto, alguns dos principais maleficíos que esta questão pode trazer, como a depressão ou parkinson, já são passíveis de ser tratados, interna ou externamente, através da admnistração de choques elétricos. Não curam mas minimizam o sofrimento. A doença, essa, continua a avançar.
Na tentativa de resolver um problema de fala, comum aos membros de uma familía, cientistas descobriram qual o gene que estava alterado. Posteriormente experimentaram uma possível cura num rato. Resultado: o bicho desatou a comunicar desenfreadamente... na sua própria linguagem. Para já.
Desde que se completou o genoma humano, há menos de meia dúzia de anos, naquilo que foi uma das principais descobertas da humanidade, a utilização comercial deste facto tem sido de tal ordem que, hoje nos Estados Unidos é possível a qualquer pessoa conhecer o seu por cerca de dez mil dólares. Qual a probabilidade de ter esta ou aquela doença, quando, várias caracteristícas do corpo, etc.etc. E depois, vive-se como? Debaixo de que expectativas?
Já se consegue dobrar o tempo de vida da mosca do vinagre. Por manipulação genética. Sabendo nós que este continua a ser, talvez, o principal sonho de cada um de nós, viver eternamente, não custa muito a acreditar que, neste preciso momento, muitos estudiosos estejam a tentar aplicar a receita da mosca aos humanos. Quanto ao custo de um eventual sucesso, nem é bom pensar.
Onde fica a ética médica no meio disto tudo? Ninguém tem, pode ter, certezas absolutas. Afinal, fruto da constante evolução, o que não é ético hoje, amanhã pode sê-lo.
Entretanto muitas coisas positivas se vão fazendo, descobrir a zona do cérebro que comanda a aprendizagem da escrita e da leitura, para mais cedo as crianças aproveitarem destas valências fundamentais ao seu desenvolvimento. Descodificar o máximo possível as zonas que coordenam o sono e o período de vigília, para permitir aumentar o tempo de descanso das pessoas, condição fundamental ao seu bem estar, etc..
A evolução é imparável e ainda bem, deve, no entanto ser vigiada, o passado pode prová-lo. Talvez esteja chegado o tempo de, como diz o cientista, quando alguém o consulta pedindo-lhe algo para combater o cansaço, ele responde: vista o pijama.