semtelhas @ 14:12

Sex, 20/04/12

Para mim, penso que para muitos, e, no meu caso durante muitos anos, África era sinónimo de infindáveis espaços abertos, misteriosas florestas, a selva, o calor, o sol, a abundância, duas colheitas anuais, a beleza e docilidade dos nativos, enfim, um sem-fim de aventuras ali, à mão de semear, esticar o braço e colher o fruto.

 

V S Naipaul, no livro A Curva do Rio, dá-nos uma imagem bem diferente daquele continente e desmonta, peça por peça, esse sonho, tão comum, de África ser um mundo de sonho.

 

É pelo relato de um indiano emigrado no costa oriental africana, do movimento deste para oeste, posterior fixação num país aí situado e recentemente independente, que vamos percebendo os altos e baixos que este, como tantos outros países daquela parte do mundo passaram, passam e, tudo o indica, passarão.

 

A descrição que Naipaul nos vai dando dos indigenas, das suas idiossincrasias, ora frágeis, dóceis, colaborantes e humildes, ora selváticos, arrogantes, tiranos, excessivos e bipolares, espelho e fruto da terra vermelha, inicío, sustento e fim. Nas suas fases pacificas como que atraem os estrangeiros para a sua teia, armadilha feita sobretudo de ganância. Um conjunto impressionante de riquezas por explorar e a aparente facilidade em fazê-lo, para depois serem apanhados e destroçados, assim como uma espécie de vingança de quem acorda no meio de uma paz podre, revolta de quem se apercebe da sua ancestral inabilidade para competir com os forasteiros e os exercitos de colaborantes e lacaios que aqueles vão arregimentando de entre a população local. Ciclo vicioso de guerras, de construção e destruição, cujas maiores vitimas são os legitimos donos daquelas terras, assistindo à sucessiva destruição de gerações de nativos e de tudo o que, como que silenciosamente contrafeitos, tinham entretanto construído. 

 

Não sei, penso que ninguém saberá, se algum dia, todo este caminho secular entretanto percorrido, poderá levar a resultados mais animadores. Hoje, após a leitura desta obra relativamente recente, não procuraria África para viver.

 

the global africa project photo: geronimo patton

 

direto ao assunto:

Joa UK @ 19:25

Sab, 21/04/12

 

verifique as imagens porque aparecem com uma cruz..nao se vê

"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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