semtelhas @ 15:45

Seg, 04/09/17

 

Sentados numa plateia nas rigorosas dimensões da exatidão do infinito estão os misteriosos senhores Tempo e Espaço, no palco, correspondente a esta casa comum que denominámos por Terra, os actores, são as pessoas, sistemáticamente substituídas, e, em fundo, um cenário que nunca muda, ou melhor, só difere em pequenos pormenores, aqueles resultantes da constante alteração da chamada ciência, um processo vulgarmente designado por evolução. Olhar para este quadro desde que tal é possível, e registá-lo, chama-se História.

 

Millôr Fernandes, o comediante brasileiro, na verdade um grande filósofo, dizia que a felicidade começa pela constatação do óbvio, eu, modéstias à parte, acrescentaria que continua com a sua aceitação, a qual, estranhamente, nunca é atingida na sua plenitude, daí a inalcançável e sempre perseguida felicidade total.

 

Vem isto a propósito dos cada vez mais cantados, em tom de desespero, tempos loucos que vivemos. Realmente se se atententar em meia dúzia de factos, dos, digamos, mais ou menos universalmente considerados como definidores  do estado da civilização, é fácil cair-se na tentação de que se está a assistir a uma espécie de fim da História, acontece pórem que se trata da simples repetição do que ciclicamente aquela nos mostra. Os Velhos do Restelo, sempre existiram, existem e existirão.

 

São, por isso, extremamente exageradas todas aquelas infindáveis manifestações a esse propósito, o assustador fim dos tempos, venham elas sob a forma de lancinantes lamentos, inteligentes avisos, ou ridículas ameaças. Acabou o desejo? agora o acto sexual é mecânico e frio?, os empregos vão acabar? o que se vai fazer a milhões de pessoas? vive-se mais tempo mas "morre-se" em vida? a arte está a morrer às mãos do pragmatismo fruto do endeusamento da vulgaridade bem promovida? Provávelmente tudo verdades, contudo falsidades enquanto anúncio manifestamente exagerado da morte da civilização.

 

Somos intrinsecamente conservadores, parece portanto, mas não é, muito mais fácil resistir, maldizer o novo que tememos porque a ele temos grandes dificuldades em nos adaptarmos, dá muito trabalho, do que não tentar contrariar, como dizia o sábio, o óbvio, até porque a sua aceitação seguramente muito contribuiria para a felicidade de quem o conseguir fazer. Transmitir aos mais novos alguns truques, no sentido mais nobre e lato do termo, que se foram aprendendo é uma coisa, outra, muito diferente, é condescender com algo que se acredita, erradamente, conduzir ao precipício. Aprenda-se então, hoje com os filhos, amanhã com os netos.

 

Voltando ao princípio, os senhores Tempo e Espaço, na sua incognoscível infinitude, ininterruptamente observando da primeira fila dessa plateia com as medidas exatas do infinito, são implacáveis no seu avanço(?), na indefinição para espaciais perguntas, mas são pródigos em exemplos ao longo da História, as pessoas mudam, mas o cenário, esse, só em pequenos detalhes, aqueles também resultantes dos ditos cataclismos globais, invariávelmente provocados pelos mesmos cientistas actores, como poderia o cenário fazê-lo? Aproveitemos pois tal dádiva! Não é óbvio?

 


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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