semtelhas @ 12:55

Qua, 09/11/16

 

São cinco da manhã, chove copiosamente, e o barulho intenso potenciado pelo silêncio da noite, só serve para me afundar ainda mais numa estranha angústia que me invade assistindo aquilo que será, porventura, o princípio do fim de um sonho lindo da humanidade, uma sociedade mais justa. Depois da "cura pela dor" que foi a segunda grande guerra e respectivas consequências, todo um conjunto de processos que pareciam, e conduziram de facto até certo momento, à mais equitativa distribuição da riqueza gerada pelos países ditos desenvolvidos, após a chegada ao poder de Reagan e Thatcher e sobretudo depois da queda das torres em Nova Iorque, a degradação desse caminho tem vindo a acelerar culminando agora na eleição de Trump. Há muito era esperada a eleição de um qualquer brilhante vendedor da "banha da cobra" num país mais importante do que onde isso se tem verificado com alguma regularidade, agora que viesse a acontecer no primeiro deles todos poucos acreditavam, especialmente depois de oito anos de Obama, uma espécie de antítese do futuro presidente. Hoje é mais fácil perceber que também a eleição daquele correspondia já a uma vontade de mudança estrutural, e como se dava o caso do homem ser negro...

 

Foram décadas desperdiçadas pela denominada esquerda, incapaz de gerar as mudanças fundamentais, aquelas que correspondem à alteração das convicções mais profundas, tarefa só alcançável via educação, uma luta contra a ignorância que só parcialmente, muito parcialmente, foi ganha. Hoje é evidente que ao mundo rural que normalmente votava na manutenção de valores pouco condizentes com um futuro mais esclarecido e paritário, se juntou uma boa parte de uma classe média em desagregação, proveniente de todo um sector industrial decadente refém do implacável avanço da tecnologia. Uma espécie de fuga para a frente que pavorosamente se espalha por todo o mundo ocidental como se tem visto e, muito provávelmente, irá ser confirmado nas eleições do próximo ano na Alemanha e em França, o que, a acontecer, não augura nada de bom para a Europa de que fazemos parte e, muito particularmente, para países totalmente dela dependentes como Portugal.

 

Há sempre a esperança do "artista" não ser tão mau quanto se fez anunciar, que os próprios pares não deixem que o seja, ou até, quem sabe?, que aconteça algum "acidente" ao "espécime", mas que os riscos são enormes já ninguém duvida e, infelizmente, para o confirmar bastará recuar na História e relembrar que tipo de promessas foram feitas, um exemplo, por Hitler quando tentou chegar ao poder, tornar a fazer a Alemanha grande, que ninguém ficaria de fora dos "amanhãs que cantavam", a identificação clara dos "maus da fita", eles contra o mundo, enfim tudo o que Trump prometeu e que o elegeu não obstante, aliás tal qual o ditador nazi, no primeiro discurso após vitória veio amenizar, porque na verdade, agora o que não lhe vai faltar é tempo para pôr em prática o que tão convictamente prometeu. Alguém dizia que a mentira perfeita é aquela proferida por quem consegue enganar-se a si próprio, e isto é verdadeiramente assustador.

 


direto ao assunto:

"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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