semtelhas @ 11:55

Ter, 30/06/15

 

Os livros de Saul Bellow invariavelmente relatam a saga de um homem senão amargurado pelo menos em dúvida, à procura de encontrar e seu caminho num percurso sinuoso, cheio de altos e baixos, pleno de escolhos. Apesar de tudo entre "Morrem Mais De Mágoa", "Ravelstein", "Henderson, O Rei da Chuva", e "Herzog", escolheria sempre este "As Aventuras de Augie March" como a mais eloquente demonstração desse facto. É que percorrendo a vida de um rapaz para o qual a existência não foi fácil, através de descrições plenas de realismo, dando mostras de uma cultura insuperável em construções sistemáticas de maravilhosas metáforas da vida, transportando o leitor aos mais variados e interessantes cenários, dando mostras de um profundo conhecimento da alma humana em todas as suas vertentes, consegue esse quase milagre só possível nas mais geniais obras, remeter-nos ao mais intrínseco de nós mesmos, como que levar-nos a olharmo-nos a um enorme espelho porque ali, naquelas palavras, também nós estamos tão incrivelmente bem retratados.

 

E se a alguma conclusão se pode chegar é da inevitabilidade de independentemente de quase tudo, e o quase não passa de um mero exercício de humildade metódica..., ninguém consegue realmente escapar à sua natureza. A vida vai-se encarregando de nos ir colocando à frente uma série de hipóteses, na verdade práticamente comuns a todos no seu potencial de dar saídas para o "sucesso", as ditas oportunidades que depois cada um consoante a sua circunstância objetiva vai resolvendo, sendo que no fim acabamos sempre por fazer exatamente aquilo a que uma inexplicável pulsão, espécie de força interior, nos vai complir. Na verdade o que a experiência, ou a sabedoria, fazem, mais não é que nos ensinar a melhor encontrar esse caminho, que ao longo da maior parte da vida procuramos incessante e inconscientemente. O segredo do sucesso, leia-se da minimização do inevitável sofrimento, estará na capacidade de antecipar uma clarivedência que ou nunca chega ou é alcançada demasiado tarde.

 

 


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semtelhas @ 14:40

Seg, 29/06/15

 

- Tsipras convoca referendo para gregos escolherem entre ele e a Europa - Teve muita arte para chegar onde chegou, mas ainda muito mais em engenho para de lá sair...

 

- Juros da dívida portuguesa já sobem à boleia da crise grega - Feitiços, feiticeiros e poções mágicas pró caldeirão e...seja o que o diabo quiser!

 

- Jorge Sampaio recebe o pela primeira vez atríbuido prémio Mandela - Que saudades de um Presidente da Republica a sério!

 

- Foi colocada no edifício da varanda do Assembleia da Republica uma tarja "vendido" - Desde que inclua o recheio, esse sim maioritáriamente vendido!

 

- Equipamento alternativo do FCP é castanho - Mas clube chama-lhe cacau e às faixas azuis di-las subtis..."graveto" a quanto obrigas!

 

- Gregos não cedem a exigências - Lá como cá, desde sempre e por todo lado são sempre os mesmos a "pagar a fatura", não se pode é dizê-lo alto não vão eles ouvir...

 

- Autores de livro que dá razão a Ricardo Salgado afirmam que este provávelmente o usará na sua defesa - Provávelmente? Então não foi para isso mesmo que o ilustre o encomendou?

 

- Google dá 30 segundos para corrigir e-mail - E pronto, lá se vai a angústia no momento de carregar na tecla que dava asas à genuídade...

 

- 152 exalunos da Lusófona perderam diplomas por causa de Relvas - Mas a ele ainda não lho tiraram! Parece que estão convencidos que vai ter a dignidade de o devolver. É melhor esperarem sentados...

 

- Vê-se a seleção dos sub21 a jogar e percebe-se que muito daquilo gira à volta de Sérgio Oliveira - A UEFA até o escolheu para o onze ideal mas os locutores televisivos portugueses só falavam do William e do Bernardo! Porque será?

 

- O arbitro Marco Ferreira disse que ser sério compensa sempre - Em que dicionário esta simpática criatura, que pelo visto consegue ser pior até que o Paixão(!!!), terá visto o significado da palavra compensar?

 

- Ribeiro e Castro diz que CDS morreu - Não morreu mas está ligado a uma máquina chamada Portas...querem desligá-la?

 

- Soares dos Santos vai explorar Oceanário - Isto de pôr merceeiros a tratar de aquários...estes ainda vão meter água ao pouparem na "ração para a bicharada" como é seu timbre!

 

- Banco de Portugal alega proteção a terceiros para não abrir inquérito interno no caso BES - Pois...mas não será ao menos possível informar quem são os tais terceiros?

 

- Em Vila Flor queimou-se um gato vivo como parte da festa local - Enquanto estes mais aqueles outros animais que se exibem a torturar touros não forem amansados isto não vai lá!

 

- Cavani foi expulso depois de esbofetear um adversário por este tentar meter-lhe um dedo no ânus - Depois perdeu o jogo! Parece que já disse que para a próxima vai mas é ameaçar o agressor com, "tens meia hora para tirar daí o dedo"...

 

- Bruno Carvalho afirma que quem quiser fazer mal ao Sporting vai ter que o matar - Coitado! Como para ele sempre que os lagartos perdem é fazer-lhes mal, é um homem morto!

 

 


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semtelhas @ 11:43

Dom, 28/06/15

 

Quando observando a sociedade francesa do séc. XIX em todas as suas contradições Balzac resolveu chamar Comédia Humana ao conjunto de obras a que tal o inspirou, estava longe de imaginar o que aí vinha, na verdade ainda não tinha visto nada!

 

Um belo dia uns quantos portugueses depois de muitas semanas dentro de uma "casca de noz", finalmente chegados ao seu destino e ainda ao largo olhando a bela paisagem que se lhes oferecia terão exclamado: boa baía!. Bombaim. Estava encontrado o nome para aquele pedaço de terra que, umas centenas de anos e muito milhões de pessoas depois, haveria de passar a ser conhecida por Mumbai.

 

Se vista de longe parece quase normal, uma imensa urbe que se estende ao longo de muitos quilómetros de milhares de casas, centenas de arranhacéus, enormes avenidas e um sem fim de ruas e ruelas. Para além dos vinte milhões que circulam como formigas ora indolentes ora nervosas por todo o lado, podem ver-se milhares de veículos a serpentear, desde pequenas bicicletas e motorizadas, um sem numero de carros, até enormes composições de comboios. Comum a tudo isto uma sensação de decrepitude resiliente, algo que parece ir desfazer-se ao primeiro impacto mas evidentemente indestrutível desde sempre e ainda por muito tempo. 

 

Ele está a exercitar-se em frente ao espelho, diz que é para ganhar músculo para poder vencer na luta diária que é entrar no comboio, um corpo-a-corpo que só quem está bem preparado tem hipóteses de levar a cabo e assim pôr-se a caminho do trabalho. À volta a desorganização, na perspetiva de organização ocidental, naturalmente, é total, várias crianças andam por ali a deambular e a mulher, com um bébe ao colo, fita-o com um sorriso de orgulho nos lábios. Ele conta-nos que sonham comprar um pequeno carro, atualmente deslocam-se pendurados numa motita, para evitarem o pesadelo dos transportes públicos. Como chamará a intermináveis filas de trânsito em ambiente totalmente caótico? Quando lhe colocaram a questão da poluição, o que ali os levou, afirma: isso é coisa de europeus que já têm tudo, e depois foram eles que a iniciaram. A nós a poluição só nos começa a preocupar quando temos o estômago cheio, e isso é raro. Disse.

 

Seguimos dentro de um automóvel mediano para os critérios ocidentais mas quase de luxo ali. Sentada confortávelmente no banco traseiro segue uma mulher com aspeto distinto, se comparada com a esmagadora maioria, que se vai queixando do tresloucado aumento de tráfego no seu bairro, um dos mais chiques da cidade, outrora pleno de árvores onde viviam alegremente papagaios, pardais e outros que tais, conta nostálgica, mostrando-se revoltada e frontalmente contra a intenção dos responsáveis da cidade de nele construirem um enorme viaduto, à semelhança de muitos outros que polulam feitos e por fazer em todo o lado, supostamente precisamente para o controlarem, ao tráfego. Vê-mo-la na sua casa de aspeto razoávelmente limpo e agradável à vista, contactar telefonicamente com os vizinhos ricos num esforço associativo afim de evitarem a construção da obra, dizem que a solução está em não permitir a circulação de tantas viaturas o que, consequentemente, baixará os perturbadores níveis de poluição.

 

Estamos numa depedência pública de onde se dirigem as construções urbanas e a confusão é grande. Se por um lado faltam uma série de documentos que é suposto serem indispensáveis para o avanço dos trabalhos, por outro uns quantos telefonemas feitos ali e agora, garantem que a mesma pode avançar porque em breve tudo será entregue. O responsável mostra-se renitente exigindo visitar o local da obra para se inteirar das coisas, nomeadamente, tal como manda a lei, se por cada x metros de via está a ser plantada uma árvore, assim se combate a poluição por aqueles lados...Começa por se dirigir ao campo de onde estão a ser retiradas as árvores e constata que quem o faz não percebe nada do assunto, limita-se a envolver a raiz com um pano húmido que em breves minutos, durante o transporte, estará seco. Uma vez no sítio da construção descobre que o espaço entre árvores é dez vezes maior que o combinado. Alguém se desculpa que não havia árvores suficientes e ele encolhe os ombros.

 

Assistimos a uma reunião numa espécie de câmara municipal onde todas as partes estão reunidas para decidirem se a construção do viaduto avança ou não. A senhora rica manda os milhares de pobres andarem de transportes públicos, estes respondem-lhe que a Índia é uma democracia, ninguém é dono do espaço que pertence a todos. Na mesa os dirigentes permanecem quase calados, impotentes e aparentemente intimidados, mas certos que será feita a sua vontade e que esta corresponderá muito mais às necessidades de hoje do que às preocupações de amanhã. Lá fora muitos milhões, em 2020 a enorme metrópole será a maior do globo, atropelam-se em busca de uma sobrevivência pouco mais que básica, em condições de higiene e segurança verdadeiramente inacreditáveis se analisada do ponto de vista do primeiro mundo mas...e se olhadas de um qualquer recôndito lugar em Àfrica ou na Ásia? Não serão aceitáveis e até desejáveis? Isto de não julgar sempre através do próprio umbigo pode ser surpreendente. Tal como, se calhar, o futuro que nos espera. Uma comédia?

 

 


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semtelhas @ 12:24

Sex, 26/06/15

 

Estava frio e enevoado, a ameaçar chuva puxada pelo forte vento. Quase em Julho a praia estava praticamente vazia. Havia aquele vulto com os joelhos na areia, perto do passadiço, debruçado sobre qualquer coisa que só percebi tratar-se de um papagaio quando me encontrava perto dele. Levantou-se, ainda completamente concentrado na sua tarefa, não deu por mim, esticou o braço e então pude ver o artefacto azul e verde, naquela forma habitual, espécie de escudo em losango, aparentemente feito de materiais reciclados, sacos de plástico usados e canas apanhadas mesmo ali ao lado? Tudo muito rudimentar inluindo o fio que me pareceu de corda, normalmente usada em embrulhos, emendado em vários sítios e certamente bastante comprido atendendo ao enorme rolo. Mas o que mais me atraiu no estranho quadro, e me levou a diminuir o ritmo da marcha, foi o aspeto do homem. Na casa dos quarenta, pele do rosto escura, fortemente tisnado pela excessiva exposição solar, barba negra e rala por fazer há vários dias, cabelo preto relativamente comprido e notóriamente oleoso, olhos semicerrados, nariz largo e um fio no sítio da boca. Um rosto que longe de velho parecia gritar desilusão e amargura, nas suas marcas de contrariedade e expressão fria, não obstante naquele momento nele ter estampada a obstinação do cumprir um objetivo.Vestia roupas muito gastas e sujas e nos pés usava umas sandálias velhas. Não escolheria figura mais improvável para lançar um papagaio, identifica-lo-ía muito mais fácilmente como uma daquelas pessoas completamente empedernidas por uma vida dura, mais dadas aos pragmatismos da sobrevivência a qualquer custo. Mas ali estava ele a dar longas corridas num enorme esforço contra o vento, tentando fazê-lo subir em direção ao céu cinzento. Afastei-me desejando que a enigmática e solitária criatura tivesse sucesso enquanto ía deitando umas olhadelas para trás, vendo-o cada vez mais exausto prosseguir a sua luta.

 

Terão passado uns vinte minutos quando, na volta, ainda longe, lá no alto, ora em curtos e lineares ou então mais longos e circundantes, mas sempre furiosos movimentos, reparo no papagaio azul esverdeado, agora muito mais pequeno mas estranhamente firme, se comparado com a fragilidade que aparentava quando o vi pousado no chão a poucos metros, feito em coisas que parecia irem desfazer-se ao primeiro embate. Pouco depois, imediatamente a seguir à curva onde tinha deixado de o ver para aí a cem metros, descubro-o. Estava sentado numa rocha equidistante entre o mar e o lugar onde fizera o "bicho", e à medida que dele me ía aproximando, mais constatava a enorme mudança que entretanto nele se verificara. Aproximo-me o que faz com que durante breves segundos desvie o olhar do sonho para a realidade sem contudo alterar a expressão. Um rosto que se mostrava tranquilo e confiante à frente do qual a outrora imunda agora transformada em farta cabeleira, dançava vigorosa e solta ao ritmo das rajadas, tal como os trapos até eles exibindo acertada complementaridade, sorriso nos lábios surpreendentemente vivos, olhos azuis muito claros e bem abertos fitavam satisfeitos e fixamente o objeto ainda há pouco feito com as suas próprias mãos, de um branco inesperadamente imaculado, que seguravam sem cedências aos fortes puxões, para os libertarem, "bicho" e homem, lá no alto onde moram as estrelas, o sol, o azul e os pássaros, com a sua larga e quase infinita visão, longos voos, planares deslizantes e suaves sobre um mundo que, aquela distância, é sempre belo e harmonioso, isento de dificuldades. O que eu observava agora era o menino que aquele homem fora, pleno de sonhos e esperança, ali e daquela maneira reencontrado numa efémera tentativa de recuperar o para sempre perdido. Para aquele homem, apesar de tudo, ainda há esperança.


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semtelhas @ 14:24

Seg, 22/06/15

 

Quantos segredos foram desvendados, guerras iniciadas, impérios destruídos, inventos vislumbrados, suicídos cometidos, livros escritos, caminhos escolhidos, e sei lá que mais fruto da sedução? Desde os primeiros tempos que a arte de seduzir controla o futuro dos homens e a tendência não é diminuir. Quem pode ignorar que tantas vezes é essa mistura explosiva entre o charme e a sedução, mais que outra coisa qualquer por muito óbvia que seja, a ditar a eleição de presidentes ou a opção por estratégias duvidosas.

 

Há no entanto um género de sedução que todas as outras supera, a praticada por uma mulher, tanto mais potenciada quanto ela mais corresponda aos ideais imaginados. Espécie de essência do fenómeno é nessas circunstâncias que o seu efeito é mais avassalador em todos os aspetos, nomeadamente na sua faceta de necessidade imediata, mas também na forma como resiste ao tempo. Quando à beleza é somada a capacidade de através de um olhar, de um quase impercetível gesto, de uma palavra ou da sua ausência, daquela peça de roupa que se usa, da postura, da inteligência, transmitir uma sensação de vontade, de disponibilidade, de urgência, de interesse, então a magia realmente acontece. Quem é irrevogavelmente seduzido é transportado levitando a um qualquer lugar paradisíaco que mora algures no fundo de todas as consciências racionais, mais, algo que procuramos incessantemente durante toda a vida e pelo qual estamos dispostos a dá-la. Uma dir-se-ía total irracionalidade que mais não é que a libertação da razão que a todo o momento nos aprisiona e sufoca, e contra a qual na verdade, dela fugir, decorre boa parte da existência.

 

Tive a felicidade de experimentar este sentimento arrebatador algumas vezes e em várias circunstâncias, sendo que na maior parte delas consegui disfrutá-lo satisfatóriamente quando não concretizá-lo mesmo até aos limites da sua durabilidade. Houve porém outros casos em que isso era impossível, daquelas impossibilidades práticas como, por exemplo, quando jovens nos apaixonamos por um personagem de um filme. No caso ela era muito bonita mas sobretudo de uma sensualidade insuperável, à qual acrescentava nas medidas e critérios absolutamente exatos uma malícia profunda e devastadora. No filme, quando entra em determinada casa, pura e simplesmente conquista, sem dó nem piedade, o coração e os mais intímos apetites de todos os machos que nela viviam. Claro que a realização da fita é de grande mestria, mas é evidente que boa parte daquilo tudo, uma autêntica viagem pelos mais recônditos sonhos do que possa ser um paraíso, se devem à fabulosa atriz. Chamava-se Laura Antonelli e morreu hoje, mas na minha mente continuará a viver tão bela e presente como sempre, e enquanto eu tiver memória.

 

 

 

 

 


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semtelhas @ 14:19

Dom, 21/06/15

 

- Ronaldo marca três à Arménia - Tanto empenho e concentração para justificar dispensa! Pena não serem férias a seguir a todos os jogos da seleção...

 

- Rui Vitoria diz que dará a vida pelo Benfica - É melhor o Orelhas começar já a pensar no sucessor deste ingénuo...

 

- Cavaco afirma estar aliviado com privatização da TAP - Na verdade só uma metáfora de um sentir mais fundo que permite dizer o que lhe vai na alma. É que já não há possibilidade de ser reeleito...

 

- Estado encomendou dois navios patrulha aos estaleiros navais de Viana depois de privatizados - Como não lhes podem encomendar aviões o que irão fazer no caso da TAP?

 

- Depois das casas e terrenos arrestaram valores a Ricardo Salgado e Cª - Olha se não lhe tinham dado uns mesitos para esconder os diamantes e afins... Ao outro nem o deixaram pôr um pé em terra!

 

- Paulo Rangel apresentou um novo livro - No qual apresenta Jesus como revolucionário sem projeto político. Temos Messias?

 

- Depois de Trump também Hungria quer construir muro para travar emigrantes - Já faltou mais do que o que falta para voltarmos ao tempo de atirar pedras uns aos outros...

 

- Marinho e Pinto: seria antipatriotico rejeitar coligações - Cheira que ninguém vai ser suficientemente patriota para se juntar a este cromo...

 

- Gregos só num dia tiraram mil milhões dos bancos - Pois...será que o que conta é a esmagadora maioria que são os não podem tirar de onde não têm?

 

- Tsipras afirma que saída da Grécia será principio do fim da União - Enquanto por cá coligação lidera sondagens... outra vez e sempre a vitória do medo.

 

- Juiz de Tribunal da Relação diz que há zero a investigar sobre Sócrates - Está explicada esta demora toda, o problema é que a questão não é investigar é inventar...

 

- Este ano subiram as médias de todos os exames - Esquisito em ano de eleições! Ou será que, como de costume, vão alegar que ganhá-las corresponde a defender os superiores interesses do estado?

 

-  Mourinho diz que chorou com vitoria de Murray em Wimbledon - Depois de Gelsenkirchen o que podem valer estas lágrimas?

 

- Varoufakis diz que acordo depende de Merkel - Este faz lembrar aqueles artistas que quando levam um murro nas trombas dizem que eles é que foram com a dita contra o punho...


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semtelhas @ 11:49

Sex, 19/06/15

 

O exército dos que vegetam ao longo dos dias, dos que passam completamente ao lado da vida, algo mais que a simples existência consubstânciada pela chamada dignidade, resume-se a uns quantos milhares em cada uma das grandes urbes por esse mundo fora, paradigmas da sociedade atual, mas não pára de aumentar, e a transferência proveniente da dita classe média engorda-o a um ritmo assustador. Quando se olha com alguma atenção para o que se está a passar só se pode ficar apreensivo, com esta aparentemente insuperável tendência para as pessoas serem cada vez mais uma espécie de material excessivo, qualquer coisa que sobra mais e mais face ao galopante avanço da tecnologia na suas variadas vertentes.

 

Constituído por pessoas caídas na indigência pelas razões mais comuns, mas também por muitas outras por motivos há bem pouco tempo completamente insuspeitos, movimentam-se erráticamente na luta pela sobrevivência como se animais irracionais se tratassem, mas não são, e aí reside toda a diferença. É na constatação desse facto, uma espécie de queda na capacidade de raciocinar, que mora toda a tragédia da situação, porque nesses momentos são despoletados os mais profundos sentimentos de revolta, a questão, ou uma delas, passa pela maneira como se manifestam, e isso depende, naturalmente do meio em que se está inserido e das circunstâncias individuais e coletivas do fenómeno, qual o seu estado de desenvolvimento, qual o nível de infestação desta epidemia dos nossos dias.

 

O filme "Cães Errantes" trata o tema magistralmente. Prescindindo em absoluto do lado recreativo do sétima arte, como poderia fazê-lo quando é precisamente também para desvendar o embuste que representa a utilização daquela com fins inconfessáveis, onde alinha obedientemente ao lado de tudo o resto, aquelas cerca de duas horas são muito mais um ensaio sobre a nova pobreza que outra coisa qualquer. Tema desde sempre abordado, como esquecer o tratamento cinematográfico notável dado à "porca miséria" pelo italianos, e muito mais recentemente toda uma série de filmes sobretudo europeus mas também norte americanos indpendentes sobre a matéria? Mas talvez nunca com tanta pungência como nesta fita. De uma crueza levada ao extremo convoca o espetador para uma realidade a que tudo o que o rodeia, literalmente, o convida a fugir, mas o desafio é exatamente esse, puxar-nos para baixo, ser uma coisa não uma pessoa para ganhar o pão, engoli-lo sôfregamente, sentir o frio a chuva, a precaridade suja, a responsabilidade da proteção impossível, a queda no desespero perante o cansaço inevitável face a um mundo aparentemente brilhante que acontece ali mesmo ao lado e de que já se fez parte, e finalmente, o pior de tudo, a impossibilidade do amor, noção tão desgraçadamente depurada que só deixa sobrar o afeto e, mesmo esse, objeto da inveja dos que ainda navegam à superficíe, mas já na linha de água.

 

Todo o filme é construído com um realismo que roça a crueldade, o espetador tem que se obrigar a assistir aquilo, condição indispensável para se passar para o lado de lá, de facto. Algumas cenas só dão duas escolhas, ou pura e simplesmente a rejeição, o que muitas pessoas fazem, ou a resistência que acaba, quase hipnoticamente, por nos transportar para o lado daqueles incríveis atores, porque na verdade as circunstâncias a que o realizador nos submete não deixam outra saída, como que com eles solidários, finalmente compreendendo a mensagem, incorporando-a. É daqueles filmes que mudam o olhar sobre o que nos rodeia, não cobrindo-a com uma névoa supostamente protetora, mas antes descodificando uma realidade incontornável à qual não adianta tentar escapar, sob pena do sofrimento vir a ser muito maior. É que ver é sempre muito melhor que simplesmente olhar.

 

 


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semtelhas @ 15:58

Seg, 15/06/15

 

"Bolso", ainda consegui ouvir, mas já não deu para perceber as explicações que ele se esfalfava a debitar enquanto ela mantinha aquele ar ofendido. Mas outro desenlace não seria de esperar após aquelas palavras que espirítos mais persersos poderiam imaginar bem diferente. Ele, baixito, ainda mais atarracado devido às roupas manifestamente pequenas para albergarem consideraveis extensões de gordura, para além de desadequadas para passear num passadiço sobre a areia perto do mar, óculos de armação muito antiquada e portadora de espessas lentes, toda uma imagem de insegurança que ela, um pouco mais alta mas também mais gorda, ainda que menos notável dada a roupa larga mas igualmente errada para ali, claramente glosava, não obstante estar longe de ser uma brasa, mantendo assim um claro ascendente sobre o pobre homem. Toda uma vida feita de chantagens, plena de amuos e reconciliações sempre no mesmo sentido. Que engordem juntos muito felizes.

A situação trouxe-me à memória esta mesma expressão mas então utilizada por uma querida excolega, bastante simplória, onde a inteligência não abundava, que a utilizava profusamente sempre que tinha um namorado, um sem fim ou propósito de mores por tudo e por nada, se com ele falava ao telefone. Figura ternopatética, sobretudo o rosto no qual invariávelmente permanecia o esgar de uma espécie de sofrimento resignado, era no entanto possuidora de um belo corpo, magra, com tudo no sítio, razão pela qual, imagino, conseguia ir colecionando companheiros que, talvez cansados de tanta meiguice a cheirar a subserviência, e apesar do parco ordenado que sempre punha à disposição deles, insistiam em deixá-la ao fim de pouco tempo. Acredito que a insuperável burrice que tão ingenuamente ostentava também não ajudasse nada. A esse propósito, lembro-me de quando, logo nos primeiros tempos das máquinas para pagamentos com cartões, e numa ocasião que se fazia acompanhar com uma colega comum aquando de uma ida às compras a um centro comercial, após a menina do shoping lhe ter dito, "carrega três vezes e ok", a doce criatura, depois de zelosamente premir o dedo sobre as respetivas teclas, baixou-se de forma a ficar com a boca bem perto da máquina, e numa voz decidida, coisa muito rara nela, enquanto olhava para quem a rodeava como o fazem as crianças ao executarem pelas primeiras vezes uma habilidade na expectativa de palmas, disse "ok, ok, ok".

 

Embalado por aquela visão inspiradora o resto do percurso passeio a tentar decifrar, escutando atentamente e o melhor possível atendendo a que emissor e recetor estavam em movimento, as conversas dos meus companheiros de passadiço. Não foi surpresa nenhuma perceber que mais de metade é constituída por senhoras de meia idade cujas características são inconfundíveis, maioritáriamente aos pares, condição essencial para exercitarem aquilo que para elas, e para mim naquele dia, mais interessava, a língua, vestem normalmente roupas demasiado apertadas e vistosas para a idade, tentando assim, simultâneamente, recuperar tempo perdido, tantas vezes agora livres da pressão de maridos opressivos, seja por já terem partido desgastados por tanta consumição, seja porque, tarde, ficaram espertos, ou até, quem sabe, arranjarem um romance tardio qualquer. O certo é que enquanto vão debitando a lenga-lenga do costume da qual fazem parte todo os tipo de coscuvelhices, maldicências várias e ternurentos relatos a propósito de netos queridos e filhos ingratos, sem qualquer pudor fitam bem nos olhos aquele tipo de peixe que julgam mais passível de lhes cair nas tentadoras redes.

 

Outro numero considerável de exemplares são, digamos, as filhas das duas senhoras que referi. Eventualmente ainda em plena atividade profissional, por isso muito mais raras, para além de naturalmente se movimentarem melhor, vestem trajes bem mais confortáveis para o efeito, também mais discretos, discrição que, ainda conscientes e/ou dependentes de filhos e maridos, em boa forma e com aparências capazes de suscitar apetites, mantêm na postura perante quem com elas se cruza relegando os ou as infelizes para uma inabalável indiferença. As conversas, essas, costumam exibir um tom de revolta de quem se sente profundamente injustiçado lá no emprego, sendo que normalmente o alvo é um ou uma qualquer colega, ou chefe, que tem a mania de se armar em importante ou agir com prepotência. Revelam uma atitude competitiva e ressabiada tão própria destes dias, e que um olhar mais prolongado sobre as respetivas mães, seguramente portador de esclarecedoras mensagens, porventura as conduziria a mudanças que as poupariam a sofrimentos semelhantes aos das progenitoras. 

 

Grupos de homens são mais raros e quase exclusivamente já de meia idade, mas quando acontecem manifestam-se mais objetivamente, isto é, ou andam para ali a arrastar-se, pura e simplesmente a marimbar-se para o exercícío limitando-se a passear as enormes barrigas, enquanto largam umas larachas sobre bola ou politíca repetidamente interrompidas por sonoras e demoradas gargalhadas, ou então, os, apesar de tudo, ainda mais novos, que são autênticos fundamentalistas, verdadeiros escravos de apertados planos prósaude, linha, ou outras manias como a de buscarem em si Dons Juans perdidos, e que em vez de andarem correm. Se os primeiros normalmente parece irem de de pijama, com os calções de andar lá por casa, ou de ir à pesca, já os segundos exibem todo um sofisticado equipamento que por vezes chega a requintes tipo cronómetro, e mesmo esquisitos bidões portadores de poções supostamente mágicas. Infelizmente estes últimos pouco falam, quase completamente absorvidos na implacável tarefa, quando o fazem é para lançarem uns aos outros viris gritos de apoio mútuo.

 

Volta e meia lá aparecem casais, os mais comuns exibindo alguma tranquilidade, bem estampada por todo o lado, desde os trapos vulgares e suficientes para cumprir o objetivo, passando pelo caminhar a velocidade mediana e postura descontraída, até aos pequenos diálogos muito próprios de quem está razoávelmente de bem com a vida, pouco mais fazendo do que a ir constatando com alguma bonomia e ironia quanto baste. Mas também os há que insistem em permanecer bem juntinhos, mesmo de mão dada ainda que num mutismo absoluto, sendo que nestes casos é habitual o macho distribuir relances ameaçadores para todos os lados; ou então seguem separados aí uns bons dez metros, cada um na sua, alguém que já não espera novidades de coisa alguma, ou quase... já que aqui e ali lançam umas palavras um ao outro, aparentemente sem importância, mas que sempre serve para justificar uma olhadela que checa distâncias e ciscunstâncias.Também, muito raramente, aparece a dita gente fina, que se anuncia desde logo pelo cheiro a perfumes caros que a brisa obedientemente traz, espécie de aviso à navegação que chega mesmo antes de serem vistos, imediatamente consubstânciado por eretas posturas que transmitem poder e sucesso, também confirmadas por elegantes vestimentas a rigor para o evento, prómenino e prámenina, não esquecendo os inteligentes olhares que pretendem que assim tudo fique dito, é que aquilo trata-se de gente superior e demasiado fatigada para com mais do que isso perder tempo, muito comuns nestes nobre e raros espécimes, seja o frio e fugaz vislumbre da madame, ou o feroz e severo fitar do senhor.

 

Ainda assim a maior parte de nós anda sozinha, logo, calados, mais ou menos concentrados no que ali nos levou e, claro, mesmo solitários, em conjunto beneficiando da presença e da companhia uns dos outros, nomeadamente dos que seguem acompanhados que, como quadros vivos em movimento, nos lembram o que é a vida real e dão todo um outro sentido a tudo aquilo, espécie de razão acrescida, maior, muito para além do simples exercicío ou passeio, sem os quais o resultado final seria bem diferente, uma banal pista de treinos, ou insosso porque pobre desfile de vaidades.

  


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semtelhas @ 15:32

Sex, 12/06/15

 

- Mãe de Ronaldo retida em aeroporto por levar 55 000€ na carteira - Ele há gente muito estupida! Uma mulher já não pode andar com uns trocos para uma miudezas!

 

- Quatro queixas por dia contra seguranças privados - Nesta selva em que vivemos os gorilas estão a tornar-se cada vez mais agressivos!

 

- Imobiliaria madrilena anuncia partilha de casa gratis para mulheres jovens em troca de sexo - Inclui despesas do dia a dia e empregada 7x24? Tem sido a pergunta mais frequente.

 

- G7 elegeu Rússia como principal ameaça no mundo - E o pagode a pensar que eram as questões sobre o clima, os antibioticos ou o terrorismo!

 

- Antonio Capucho pôe-se em "bicos de pés" após apoiar PS - Como se os socialistas já não tivessem clientela que chegue...

 

- Vários notáveis do Sporting acham Bruno Carvalho caso de psiquiatria - E depois? de genio e louco todos temos um pouco. Que os deuses o protegam!

 

- Ronaldo pede a jornalistas para o deixarem em paz - Das duas uma, ou está a ser sincero aceitando que quando isso acontecer metade dos seus rendimentos desaparecem, ou é mais uma manobra publicitária.

 

- Juiz Carlos Alexandre insiste no perigo de fuga e de destruição de provas por parte de Sócrates - Fugir com a policía à porta? E que provas? As que se esfalfam a procurar e não encontram? É por estas e por outras que já se viu como isto vai acabar...

 

- Passos diz que precisamos de poesia - Este leva mesmo a sério aquela teoria de que a melhor poesia é o mutismo...ah poeta!

 

- Bruno de Carvalho explica abandono do banco de suplentes pelo comprometimento de Jesus - De facto Jardim e Marco eram uns frouxos...se o ridículo matasse...

 

- Cavaco critica profetas da desgraça - Diz o otimista, positivo e sempre bem disposto político à mais tempo em funções e maior coveiro de uma democracia saudável em Portugal.

 

- E condecorou Teixeira dos Santos - Porquê? Pergunta-se. Por, só pode!, ter travado o unico primeiro ministro que nunca foi condecorado! Triste.

 

- Alberto João pondera candidatura a PR - Se o financiarem, diz. Se houver dinheirinho já nem se importa de aturar os cubanos. F. pelo amor de Deus c.! Como diria o crente Raul Meireles.

 

 


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semtelhas @ 13:07

Ter, 09/06/15

 


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semtelhas @ 11:32

Dom, 07/06/15

 

DIZ UM MACHISTA

 

Por muito tempo que passe não consigo habituar-me a este fenómeno, é como tal que o sinto, refiro-me à forma como este pessoal jovem (quando) se relaciona, sim porque cada vez mais não o faz isolando-se via headphones, ou digitando furiosamente num aparelho de ultima geração. De uma maneira geral porque, enquanto falam uns com os outros, parece darem a entender estarem sempre ocupados com outra coisa, como se o contacto com o outro seja relegado para um plano secundário, algo de importância inferior, talvez assim, com essa minimização, procurando desde logo obter uma qualquer vantagem neste insano mundo concorrencial, como quem diz, "calma, se não estiveres interessado(a) não falta quem esteja", ou, pior, "estou-me marimbando para a tua opinião". No entanto acredito que bem no fundo essa postura, como qualquer outra quando agressiva, seja por excesso ou por defeito, na verdade corresponde a uma grande insegurança, quem está bem consciente da sua posição encara os desafios de frente, olhos nos olhos. Talvez este comportamento derive do muito mais amplo facto de hoje, particularmente aos mais jovens, ser exigido fazerem muitas coisas ao mesmo tempo, ou a tal estarem habituados desde tenra idade, com isso sofrendo o poder de concentração e o aprofundamento seja do que for. 

 

É precisamente na sequência deste efeito mais vasto que penso resultar uma outra realidade, talvez aparentemente com menos peso, mas igualmente bastante castradora de um relacionamento saudável, que é a interação entre os dois sexos.Tenho para mim que em nome de uma igualização com origem em várias frentes, seja na área da vida profissional, do convivío familiar, ou da vida em sociedade, se está a perder uma das essências da vida, a sua pedra filosofal, a razão motivadora de tudo, a clara assunção da noção de diferença. A louca deriva igualitária está a tirar o "sal e a pimenta" à existência. Muito mal substituída por todo um mundo virtual onde o faz de conta é cada vez mais um "rei que vai nú", tal postura está a conduzir a um vazio cada vez maior, sustentado por lucrativos artificíos como as redes sociais, ou o puro e simples consumo de todo o tipo de drogas mais convencionais, legais ou não. Uma das circunstâncias onde é possível observar o fenómeno é na forma como, por exemplo, um rapaz e uma rapariga reagem nos primeiros encontros. Onde antes a fragilidade e o recato daquela, na verdade uma posição de poder, e a disfarçada subserviência dele, na realidade um trabalho de predador, dando ao momento um glamour e uma sensação de proibido, de mistério, que tornava tudo aquilo incrivelmente romântico e, consequentemente, verdadeiramente profundo e duradouro porque rodeado por uma aura, e efetivamente, de dificíl conquista, sistemáticamente posta à prova,  hoje encontra-se um pragmatismo liso, sem obstáculos, um vazio que aos poucos está a transformar radicalmente as relações, muita vezes até invertendo os papeis, algo contranatura e verdadeiramente desmotivador, assim fragilizando as pessoas ao longo da sua vida tornando-as, cada vez mais cedo, cínicas e amarguradas, perante um dia a dia que percecionam sem sentido.

 

BALNEÁRIO DO GUIMARÃES

 

Ver pessoas ditas normais, pelo menos de aspeto, aquelas com as quais interagimos e a todo momento nos cruzamos, a elas nos consideramos iguais, para o bem e para o mal, a tranquilamente encherem enormes sacos de tudo o que está à mão apesar de não lhes pertencer, nem fazerem a menor intenção de as pagar, é algo que chocou muito mais do que se estava à espera. É que, em teoria tudo imaginamos e, cobrindo a coisa com esse nevoeiro muito próprio das coisas irreais, quase tudo é suportável. Acontece que o que aquela câmara de filmar mostrou vai muito mais longe dentro de cada um de nós que as simples imagens que passam. É como se de repente toda uma série de pressupostos em que todos fingimos acreditar caíssem por terra, e nos vissemos a nós próprios ali a roubar descaradamente, sem qualquer vergonha. Num mundo em que as aparências ditam leis, tendemos a criar esteriotipos baseados muito mais no que parece do que no que é, por isso quando somos surpreendidos com situações daquelas é quase como se nos vissemos ao espelho, não necessáriamente por nos sentirmos capazes de também o fazer, mas pela profunda sensação de vergonha alheia, uma espécie da "cair do céu aos trambolhões" pela brutal assunção do quanto colaboramos naquilo, como somos intrinsecamente responsáveis pelo fenómeno, ainda que, na esmagadora maioria dos casos, essa participação seja consubstânciada pela indiferença, mas que nestas ocasiões sentimos culposa, porque, lá no fundo, não totalmente isenta de uma certa falta de pudor.

 

ADMIRÁVEL (?) ESPANHA

 

Só após as próximas eleições legislativas vai ser possível perceber a dimensão do terramoto políticosocial que está acontecer em Espanha. Não é que ter à frente das duas principais cidades do país gente desligada dos tradicionais partidos representantes da direita e da esquerda, seja de somenos importância. Ou que, desse facto, até porque os emergentes correspondem, também cada um deles, aos dois lados do costume, se possa inferir virem a acontecer mudanças radicais. Sequer o facto de estarem a beneficiar da "cobaia de serviço" que são a Grécia e o Syrisa. Mas exatamente pela soma de tudo isto.

 

Depois deste passo, daqui a uns meses, quando os espanhois elegerem quem vai conduzir os seus destinos para os quatro anos seguintes, aí sim, pode mesmo acontecer qualquer coisa de novo, é que, como em tudo que é realmente novo, as dúvidas vão ser muitas, e é precisamente na resposta a estas que poderá vir residir o tal motivo de admiração...ou não. Se se pensar no que atualmente se passa na Grécia, a constatação de que a única solução é mais do mesmo ou...mais do mesmo, simplesmente mudando de lado no tabuleiro da geoestratégica política europeia e, consequentemente mundial, por um lado, e por outro olhar para todos os lados e perceber que o bipartidarismo clássico continua a dominar largamente: EUA, Reino Unido ainda que menos claramente, e boa parte das democracias por esse mundo fora, então percebe-se será preciso muita coragem para apostar numa solução diferente. Se daqui até lá os vencedores das eleições locais espanholas mantiverem a sua faceta marcadamente independente dos partidos tradicionais, um sério apelo à cidadania jamais feito desde há muito tempo, então estaremos perante uma verdadeira mudança de paradigma. Principalmente porque a isso corresponderá ter que desmontar uma imensa teia de interesses, laboriosamente tecida ao longo de muitas décadas, impondo-se à partida duas enormes questões: como vai reagir o poder desalojado, não só o político mas sobretudo o que dele depende e dele intrínsecamente faz parte, nomeada e obviamente os "donos" de Espanha? E estarão os vitoriosos movimentos cívicos à altura de tão grande desafio? Na resposta a estas perguntas residerá, eventualmente, boa parte daquilo que poderá vir a ser o nosso futuro comum.

 

 


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semtelhas @ 11:12

Sex, 05/06/15

 

- Suiça acaba com sigilo bancário - Ou será o fim do sigilo bancário a acabar com a Suíça?

 

- Digitalização no Serviço Nacional de Saúde tem prejudicado a equidade - É a política do "ou vai ou racha" de quem sabe e deseja que rache...mais fica!

 

- Em Portugal a eletricidade é mais cara que a média europeia - Também se compreende: chove pouco, é raro estar sol, nunca há vento...

 

- Portugal é um dos dois países da União em que ,desde 2006, aumentou o consumo de tabaco - A discussão continua: teimosia, fragilidade, ou estupidez?

 

- Na FIFA até se pagou à Irlanda para minimizar caso da mão de Henri - Tudo tem um preço! Até ao dia em que alguém dá ainda mais...

 

- Captura de peixe cai para numeros mais baixos de sempre - Já a do peixe graúdo de colarinho branco não pára de aumentar!

 

- Natalie Portman afirma preferir ser inteligente a ser estrela - Que é estrela ninguém duvida, mas depois de afirmações destas já a de ser inteligente...

 

- Parlamento recusa licenciados "Bolonha" - Isso é coisa para o povo, dizem os ilustres "donos" da dita casa do dito...

 

- Economista dos EUA: se BCE tivesse começado a comprar divida mais cedo ter-se-iam poupado milhares de empregos - Para que tudo ficasse na mesma? Perguntam os fundamentalistas da teoria cristã da "cura pela dor"...

 

- Carlos Costa foi reconduzido como presidente no Banco de Portugal - Onde está a novidade tratando-se de um país onde as boas amizades são sempre recompensadas?

 

- Vão ser colocados torniquetes no metro do Porto para evitar borlas - O pior não são os vigaristas e os "putos", é a esfarrapada justiça popular do "ladrão que rouba a ladrão..."

 

- Ronaldo apanhado a urinar na rua - Se quem nunca mijou na rua não é homem nem é nada, que dizer de quem o fez em S. Tropez? É o maior!

 

- Jesus no Sporting - Também por cá já é mais o dinheiro que o folclore a falar mais alto entre grandes. Dos três qual é o FCP que ganha mais? É como perguntar qual a cor do cavalo branco do Napoleão! 

 

- Bruno de Carvalho quer despedir Marco Silva por não usar fato oficial - Elegância é com ele! A começar em como lhe assentam os trapinhos, passando pela verborreia, e a acabar na irrepreensível postura moral...

 

- Cientistas descobrem que bondade é contagiosa - Já se está a trabalhar aceleradamente numa vacina...

 

- Benfica apagou Jesus da foto do bicampeonato - Claro! O que é que ele teve a haver com aquilo?

 


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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