semtelhas @ 15:23

Sab, 28/03/15

 

Polulam por aí os cursos de "Escrita Criativa".

 

É sabido que há essencialmente duas formas de ver a criatividade, aquela que assenta fundamentalmente na inspiração e a que resulta básicamente da transpiração, e nem uma consulta a um bom dicionário vai dissipar as dúvidas relativamente a qual destas duas visões de criar estará mais próxima da verdade, até porque o termo aplica-se indiscriminadamente desde a mais etérea arte ao ato mais técnico. Detendo-me exclusivamente às artes mais convencionalmente assim denominadas, torna-se óbvia a necessidade da aprendizagem miníma do seu domínio nos seus aspetos mais estruturais, como seja a capacidade de fazer soar um som  minímamente harmonioso(?) de um instrumento musical, conseguir utilizar tintas sobre uma tela obtendo uma qualquer estética(?) no caso da pintura, ou saber escrever para além do estritamente necessário(?) se falando de literatura. Acontece porém que, a partir de determinado ponto, torna-se extremamente dificíl traçar fronteiras entre a capacidade para adquirir mais ou menos tecnicidade, e a demonstração de criatividade instintiva, de talento em estado puro jamais passível de ser aprendido. É exatamente aí que reside a diferença entre uma grande obra e uma obra maior.

 

Vem isto a propósito do livro "Assim Para Nós Haja Perdão", A. M. Homes. Tem tudo para ser um grande livro, contudo não consegue disfarçar a permanente tentação de agradar ao leitor, sempre a "piscar-lhe o olho" ainda que recorrendo com grande mestria, seguramente resultado de uma grande capacidade de aprendizagem das melhores técnicas de escrita criativa, a toda uma panóplia de truques bem como a muita e apreciável informação resultado de investigação honesta e efetivamente estruturante conferindo idoneidade ao livro, para o manter mais que interessado, efetivamente agarrado, quase dependente da leitura que o prende a cada virar de página. Infelizmente, ou talvez não, a sensação que fica é em tudo similar à que se tem no consumo de um qualquer outro produto aditivo, quer-se sempre mais mas nunca se está verdadeiramente satisfeito. Chega-se ao fim e instala-se uma espécie de vazio nascido da insustentável leveza do triunfo da técnica e da falta de génio autêntico. Se calhar só a capacidade de instalar essa expectativa já é definidora de muito talento, ou então aquilo já foi feito para ficarmos a "chorar por mais". Na resposta a esta dúvida mora a verdade da real dimensão desta obra. 

 

 


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semtelhas @ 12:10

Sab, 28/03/15

 

- Estádio de Dragão que juntamente com toda a área envolvente forma um conjunto belissímo e raro em obras do género, graças a uma arquitetura com tanto de harmoniosa quanto de arrojada, com largas vistas sobre dezenas de quilómetros, como é reconhecido por quem seja isento e intelectualmente honesto, felizmente quase todos.

 

- Dragão Caixa que nasceu, improvável, de um buraco onde um dia Pinto da Costa o sonhou, um equipamento ultramoderno encostado ao estádio e que hoje já significa mais de 80% de vitórias sempre que o FCP lá joga.

 

- VitalisParque no antigo campo da Constituição onde mora a sede do projeto DragonForce, que atualmente movimenta milhares de rapazes e raparigas por todo o país, também na Colômbia, onde a ambição principal, para além da descoberta de talentos para o clube, é a formação de homens e mulheres para a construção de um futuro melhor para todos.

 

- Centro de Treinos no Olival, também dotado de um miniestádio, onde todas as equipas de futebol crescem num ambiente saudável e tranquilo não obstante a dez minutos do Porto, e com as condições ao nível do que melhor há em instalações similares.

 

- Um Museu já considerado como um dos mais bonitos e bem equipados do que existe por esse mundo fora, e onde o FCP pode exibir os milhares de troféus que fazem dele o clube com mais conquistas em Portugal, e dos mais vitoriosos e conhecidos internacionalmente.

 

A este importante património material e notável conjunto de títulos vai agora o FC do Porto juntar um canal de televisão exclusivamente seu, o Porto Canal só parcialmente pertencia ao clube. Mas o mais relevante neste facto, que caso contrário seria comum aos outros grandes clubes europeus, é tratar-se de um canal generalista, portanto muito mais que um simples e fastidioso transmissor de notícias que, por maior que seja a agremiação, fatalmente acabaria por ser, como diáriamente se pode verificar vendo um desses canais que passam horas a fio a transmitir e retransmitir, até algo doentiamente, as mesmas peças. Assim se confirma o FCP muito mais que um clube uma entidade que, com a legitimidade que lhe confere o enorme reconhecimento internacional e a não menor inveja nacional, pretende representar uma região do país que à semelhança de todas as outras outro remédio não tem tido que se vergar ao centralismo de Lisboa e arredores, com todos os enormes e trágicamente visíveis malefícios para a sociedade, consubstanciadas numa assimetria regional que mantém o país sistemáticamente na cauda da Europa, porque refém dos interesses sempre dos mesmos faustosamente acantonados na sua zona de conforto e a verem, de longe, a "paisagem" que é o resto do país.

 

Se se pensar que a grande fatia de tudo isto foi conseguida nos últimos trinta anos, os primeiros dez após a revolução de 1974 foram para estabilizar um país saído de um obscurantismo de meio século, onde imperou o poder de meia dúzia e a submissão da esmagadora maioria, percebe-se que tal só foi possível graças ao imenso talento, perseverança e incondicional amor pelo clube de um só homem, Jorge Nuno Pinto da Costa. Jamais semelhantes cometimentos seriam alcançáveis por via de um processo sem a omnipresença de uma figura maior, as simples substituíções resultariam em avanços e recuos que naturalmente não permitiriam tanto em tão pouco tempo. Uma figura verdadeiramente ímpar, seguramente mítica como a História o irá provar, que, tal como noutras latitudes, noutras áreas da sociedade, ou noutros clubes, como por exemplo Santiago Barnabéu no Real Madrid, tudo que tocam, qual Pedra Filosofal, transformam em ouro, tão grande é a sua dimensão humana e intelectual. Calhou em sorte ao FC do Porto que, consequentemente, está a criar raízes que hão-de fazer do clube uma instituíção também ela, à semelhança do seu principal criador, ímpar, ao serviço das pessoas na formação de uma sociedade mais justa.

 


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semtelhas @ 12:42

Qua, 25/03/15

 

Os Milagres Escolhidos

 

Custa acreditar no desplante de quem é detentor dos vários poderes, do banco, dos políticos, até dos opinionmaker´s, neste caso dos 500 milhões de euros devidos a particulares que investiram no BES. Desde o PR que imediatamente antes do colapso do banco aconselhava toda a confiança no dito, passando pelos presidentes do Banco de Portugal, recuando até Vitor Constâncio que vem agora dizer tranquilamente que só no ano passado(!!!) soube da situação catastrófica, acabando nos vários responsáveis daquela que era a principal instituição financeira não estatal portuguesa, todos lavam as mãos como Pilatos, como se nada tivessem a haver com o assunto. Quando foi preciso milhares de milhões para cobrir as vigarices dos "donos disto tudo", BPP, BPN e do próprio BES, como de um milagre se tratasse o dinheiro apareceu, agora, para centenas de pessoas que, na maior parte delas, acumularam ao longo da vida, seguramente com sacrifício e privações, algum dinheiro acautelando assim o seu bem estar e o dos seus, não há onde ir buscá-lo, que é ilegal devolvê-lo, que talvez metade ao longo de dez anos. Como é possível tanta falta de vergonha?

 

Ratos e Montanhas

 

Depois dos resultados das eleições autárticas em França e na Andaluzia, não faltou quem viesse a correr dizer que afinal a montanha tinha "parido um rato". Gente maioritáriamente ligada ao poder instituído via partidos tradicionais referia-se ao facto de tanto a extrema direita de Le Pen em França, como a extrema esquerda do PODEMOS em Espanha terem ficado além das expectativas, tendo imperado o bom senso que sempre acaba por vencer nem que seja no último momento. Uma meia verdade que rápidamente se pode tornar numa mentira caso quem profere estas afirmações se fique por aí, se não se perceber que o tal bom senso de que falam funcionou na exata medida de lhes dar mais algum tempo para passarem da "conversa fiada" aos atos. Uma parte das populações cumpriu esse papel de avisar, muitos mais esperam para ver o que muda e, se fôr nada, depressa alinharão em arriscar uma solução que no fundo temem, quem pode confiar num discurso extremista?, mas que para ela serão empurrados como uma inevitabilidade. Oxalá, para bem de todos, seja aproveitada mais esta oportunidade dadas pelos "ratos" para que se "movam montanhas".

 

O Fator, Ai Jesus!

 

Há semelhança dos últimos anos Jorge Jesus começa a dar mostras da tremideira que sempre o ataca nos momentos decisivos da época futebolística, ai a umas dez jornadas do fim. Para além da questão psicológica, é um homem que desde a primeira jornada transborda confiança, aos seus olhos parece quase óbvio ser a sua a melhor equipa, acontece ser uma espécie de balão que vai esvaziando em função dos percalços que naturalmente vão surgindo e provocando um desgaste inevitável, talvez o principal motivo dessa insegurança radique no facto do treinador saber que o estilo de jogo que implementa nas suas equipas assenta num enorme esforço fisíco e mental, não é fácil jogar aquele ritmo, quer a sair para o ataque quer a pressionar o adversário quando tenta fazer o mesmo. Só clubes com os milhões necessários para sustentar vinte jogadores de elevado nível podem aspirar a tanto, e esse não é obviamente o caso dos clubes portugueses não obstante o elevados passivos nas suas contas. Compete aos adversários aproveitarem essa fragilidade que chega perto do fim, até porque, como não se cansam de afirmar, esse é que é o tempo de se fazerem as contas.

 


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semtelhas @ 12:45

Ter, 24/03/15

 

 


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semtelhas @ 13:22

Dom, 22/03/15

 

- Carlos Queiroz foi questionado no Irão por fuga aos impostos - Mais um Calimero com a mania da injustiça que "anda a pedi-las"...

 

- Papa diz que corrupção tresanda - Pois, nem com perfumes carissímos conseguem disfarçar!

 

- Ricardo Salgado diz que defende a sua razão - Se ele defendesse a minha é que era para admirar...

 

- De saída Jardim aprovou 10 milhões para o Marítimo - O jogo deste só acaba mesmo no fim...

 

- Marinho Pinto quer serviço militar obrigatório - Ou a ascenção e queda de um epifenómeno tipo, "vai ser tão bom não foi?"

 

- FC do Porto/Bayern de Munique nos quartos da Champions - Uma final antecipada!

 

- Em 2030 a Terra terá 40% de défice de água - E depois? Hoje há zonas onde já é de 90% e outras onde se desperdiçam milhões de litros dia! Não será essa a questão?

 

- Diretor da Microsoft: Portugal tem que ser mais rápido a punir infratores - E depois como é que eles tinham tempo de esconder o que roubaram?

 

- Notícia: Médicos portugueses ganham menos que em 13 países europeus - Talvez não fosse má ideia comparar os respetivos níveis de vida!

 

- Notícia: Nove alunos de medicina britânicos saem para a Síria - Não seria importante realçar o facto de serem todos descendentes de muçulmanos?

 

- Foi feito na Africa do Sul primeiro transplante de pénis com sucesso - Para quando a primeira fábrica orgânica dos ditos para todos os gostos? Aquilo é que vai ser vender!

 

- Notícia: FC do Porto não aproveita queda do Benfica - E que tal ser objetivo tipo, "FCP reduz para três pontos a desvantagem para SLB?"

 

- Dada a conhecer ao mundo escultura do exrei de Espanha a ser sodomizado - É o que acontece a quem se pôe a jeito...

 

- Extrema direita perto da vitória em França - O que prova que as pessoas estão tão cansadas das mentiras doces que até já as preferem azedas!

 


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semtelhas @ 12:01

Sex, 20/03/15

 

Ela diz para ele, "sabias que se estiveres fechado com o teu gato e morreres ele ao fim de três dias come-te a cara?" Pretendia com isto reforçar a ausência de sentimentos do bicho que ela própria tentava exercitar, a par com toda uma infindável panóplia de treinos durissímos, em nome de um fim que se aproxima.

 

O fim dos tempos, ou da História, é um tema recorrente e atualmente muito em voga. Quantos de nós se interrogam onde isto vai parar? Num mundo alegadamente orfão de ingenuidade e valores, onde parece valer tudo para ter pouco importando o ser, parece assistir-se a uma espécie de fuga em frente perante um generalizado medo latente, nascido sobretudo na dúvida de como sair deste labirinto aparentemente fatal.

 

Acontece porém que esta é uma pergunta que se repete desde os primórdios da humanidade, o que mudam são, digamos assim, os monstros, os motivos que irão levar ao tal decisivo desabar. Contudo os homens foram sempre capazes de dar a volta e cá estamos nós a comprová-lo. É certo que necessitando de brutais purgas, consubstânciadas em epidemias ou guerras que renovam consciências e matam milhões obrigando a novos recomeços, mas sempre a elas sobrevivendo.

 

É sobre esta matéria o filme "Os Combatentes", mais sobre a terapia que o diagnóstico, o que não deixa de ser, logo à partida, uma novidade a saudar. Voltando ao gato, o mais importante é a nossa relação com ele enquanto vivos, e aí, mais que qualquer intensa preparação para o desastre que se adivinha, interessa é gerir esse tempo com sensibilidade e bom senso. São os que inteligentemente tranquilos e efetivamente informados se preparam para a tempestade, a que se seguirá a renovadora bonança, que sobrevivem, tudo o resto não passa de desesperadas demonstrações de impotência e medo perante o futuro.

 

 


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semtelhas @ 13:14

Qua, 18/03/15

 

Os oito anos que passei na companhia de Rute até ao desaparecimento de Emília pareceram-me os melhores da minha vida, apesar das circunstâncias não terem sido fáceis. A doença avançava inexorávelmente e minava a existência da idosa senhora e de quem a acompanhava sem piedade. Os primeiros anos ainda decorreram numa espécie de normalidade fingida mas depois, quase até ao final, o último foi já em estado pouco menos que vegetativo, foram verdadeiramente duros especialmente para Rute, que sempre negou a possibilidade de internar a mãe mesmo quando esta a insultava do pior e até tentava agredi-la como se, o que para ela era uma realidade, de uma perigosa desconhecida se tratasse. Nesses momentos pude descobrir todo o seu valor, a para mim inacreditável maneira como aceitava essas situações e as ultrapassava, em nome da inalianável obrigação de apoiar a mãe até ao limite das suas forças. Foram raras as ocasiões em que a vi verter uma lágrima e socorrer-se do meu amparo, mas sabia da enorme importância e significado da minha presença ali. 

Uns dias após o enterro de Luísa propôs-me um lugar como supervisor dos vendedores que tinha na agência imobiliária que declinei, aceitando contudo um de vendedor se se mantivesse a oferta de trabalho. Percebi que gostou da minha opção. Também me abriu as portas de sua casa, podia até mudar-me se assim o desejasse, o que fiz parcialmente, mantendo assim em aberto a possibilidade de um qualquer recuo fosse de quem fosse. Na verdade até ao dia da morte de Emília passei muito mais dias lá que na minha própria casa, uma vivência realmente feliz ao longo do tempo suficiente para entre nós ter crescido um entendimento só possível entre pessoas que se conhecem e amam profundamente. Devido ao problema da mãe nunca fomos a lado nenhum, uma vida feita de um trabalho não demasiado exigente, e muito especialmente das inúmeras caminhadas em conjunto na praia ali tão perto, muita leitura, e de rápidas fugas à cidade para uma refeição diferente, um espetáculo, ou uma visita a esta ou aquela exposição, recorrendo nessas alturas a acompanhantes profissionais contratadas à hora para ficarem com a doente.

Foi quando as crises de Emília se tornaram mais dolorosas e frequentes que fruto de uma mobilização quase militar de Rute, de nada valendo a minha insistência para que a entregasse nas mãos de cuidadores experientes, mesmo sem sair de casa, que a nossa relação sofreu uma alteração sem retorno. Não que os sentimentos mútuos se tenham alterado, mas aquela sua obstinação por aquilo que eu considerava ser uma causa perdida, e afinal de contas eu estava ali apesar de por vezes ela parecer esquecê-lo,!, e sobretudo quando lho disse com toda a crueza num momento de desespero, muito mais pelo que assistia a acontecer com ela, um enorme sofrimento, do que comigo próprio, acabou por colocar entre nós uma barreira invisível que nos impedia de comunicar como sempre fizeramos. A partir de então, numa aparente contradição, quanto mais ela precisava menos a mim recorria, acabando por chamar quem a ajudasse mas práticamente não abdicando de dirigir as operações, pouco tempo sobrando para o resto. Comecei a ir dormir mais vezes ao meu apartamento e, lentamente, a reconstruir uma existência solitária que pensava ter deixado definitivamente para trás.

Não foi por isso de estranhar que após o desaparecimento da mãe Rute me tenha anunciado a intenção de vender a agência, que eu já havia abandonado em tempos, e ir, como disse, "passar uns tempos com uns familiares que o meu pai deixou em Angola", outra mulher e filhos, seus irmãos? nunca me falara deles. Quando nos despedimos, ela já perto dos cinquenta, apesar de ter envelhecido considerávelmente na última década mantinha um aspeto bastante atraente, e eu ultrapassados os sessenta e cinco, deixamos tudo em aberto, e não foi necessário verbalizá-lo, foi inerente à sua postura como a de quem sabia não se ter portado muito bem mas as coisas não tinham que acabar ali, e á minha a de alguém que não obstante tranquilamente resignado transpirava orfandade. Agora, decorridos três anos, na expectativa de um E-mail de Rute que não chega, cada vez são mais espaçados, muito provávelmente acha chegado o momento de, saudavelmente, como me parece escutá-la dizer, largar amarras, resolvi vender o meu apartamento e mudar-me para um lar de idosos com o auspicioso nome "Flor da Idade". Últimamente não me tenho sentido muito bem, curiosamente sentindo a cabeça invadida por aquele mesmo vazio depois de nela ter sido atingido naquela longínqua primeira noite à porta da casa de Rute, para além da solidão me começar a pesar de uma forma perto do insustentável. É no meu belo quarto com vistas para um frondoso jardim, que escrevo estas linhas num esforço razoávelmente bem sucedido de viver revivendo o passado. Há poucos meses fui surpreendido pela visita de João, não sei como me encontrou, talvez o brasileiro do café do meu antigo prédio, a quem transmiti para onde me ía mudar, que se fazia acompanhar da bonita Amina. Foi um momento de rara felicidade apesar de por ele saber o meu amigo Eurico ter sido vítima de um AVC e estar parcialmente paralisado. É que João estava completamente livre de drogas, e, com Amina mais um filho que entretanto nascera, tinham um desses estabelecimentos que agora existem, misto de café, pequeno restaurante e livraria, numa zona boa da cidade e com sucesso assinalável, pelos vistos, o que eu desconhecia, a família de Amina tinha algumas posses e de tão feliz nas opções de vida dela resolvera ajudar. Também me disse que os pais de Luísa continuam a definhar na mercearia, tão decrépita quanto eles, "parecem saídos de um daqueles contos de avarentos do Dickens", disse-me a rir.

 


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semtelhas @ 14:32

Seg, 16/03/15

 

- Governo criou programa VEM para emigrantes voltarem - Mas é de pouca duração, só até passarem as eleições, depois o programa passa a VAI.

 

- IURD não quer pagar impostos sobre templo majestoso em Gaia - O que eles cobram aos pobres crentes em dizímos é pouco para alimentar a sua fé gulosa!

 

- Paulo Azevedo diz que o importante é manter as regras da casa - E a gente a pensar que com a saída de Belmiro vinha aí uma lufada de ar fresco...

 

- Florentino Perez está farto de Ronaldo - Pudera! Aquilo é como ter um cão de porcelana fina num canto lá de casa...

 

- Varoufakis já admite adiar promessas eleitorais - Até agora tem vindo a adiar o anúncio do adiamento...do adiamento... O que tem que ser tem muita força!

 

- É para lavar o carro o maior número de subsídios concedido pelo Estado - É dar-lhes Clios e pô-los a tomar banho na rua!

 

- Papa Francisco disse que só fica mais um ou dois anos - Portanto deixem-me trabalhar que vou já embora...

 

- Obama lê twiters que o criticam - Ter os inimigos debaixo de olho e...aprender a melhorar!

 

- No ocidente diz-se que Putin anda desaparecido - Calma! Está só a tomar lanço...

 

- Bancos ignoram a indexação dos empréstimos à Euribor - É que aquilo existe para sacar dinheiro, e depois, se fôr preciso, há sempre o S. Spread!

 

- Varoufakis acusado de ostentação de riqueza - Olha para o que eu digo não olhes para o que eu faço...

 

- Putin admitiu uso de armas nucleares - O homem até gosta de andar a cavalgar pelas estepes geladas em tronco nú... Depois ninguém diga que não avisou!

 

- União Europeia promete inundar bancos de euros - Não diz é de onde vem o dinheiro. Mas se vier mesmo a gente já sabe para onde vai...

 

- Nos EUA muitos dos 200 shoppings desativados vão tornar-se igrejas - É tudo uma questão de religião...

 


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semtelhas @ 14:28

Sex, 13/03/15

 

Nada como ter que enfrentar circunstâncias difíceis, muito difíceis, num ambiente extremamente adverso para perceber a verdadeira natureza das pessoas. O cenário são os EUA naquela fase em que os largos milhares que entravam principalmente por Nova Iorque, na sua maioria uma pequena parte, os que sobraram da enorme mortandade, dos muitos mais que meses antes haviam empreendido desde a longínqua Europa a demorada e tortuosa travessia do Atlântico. Mais concretamente os que tinham a coragem de viajar para o oeste, "os territórios" como então eram conhecidos, uma espécie de nova "terra prometida", infelizmente para muitos deles terrívelmente longe, pelo menos aquela que realmente valia a pena, a Califórnia, com as suas imensas planícies verdes de terreno próspero. É que para chegarem a esse paraíso tinham que atravessar o inferno dos estados desérticos do meio, verdadeira prova de fogo e formidável tarimba para os que o logravam conseguir. É precisamente aí, nesse inferno feito de planicíes áridas a perder de vista, onde manda o permanente vento e as respetivas imensas nuvens de pó, que se confere do que as pessoas são feitas. Pequenos aglomerados de casas com uma estrada de terra a atravessá-las, no meio de quilómetros e quilómetros de terra seca à qual aqueles ingénuos heróis utópicos sacam, à base de sangue suor e lágrimas, a escassez de uma sobrevivência surreal. Em tais situações limites a existência só é possível ou recorrendo à religião perto da cegueira, ou à mais absoluta maldade, não há estado intermédio. Uma permanente luta entre o bem e o mal.

 

"The Homesman" é o filme que retrata tudo isto admirávelmente. Não só pela crueza com que o faz, na autenticidade, na linguagem, no guardaroupa, nas interpretações, mas talvez sobretudo pela forma excecional como é filmado. Os enquadramentos são fabulosos, a fotografia maravilhosa, os tempos, a maneira como os sentimos a decorrer é fantástica, e depois claro, a magnífica história que suporta a intemporal História de fundo. Uma filme de cowboys e índios do oeste, com cidades de madeira, perigosos saloons, hóteis artificiosamente sofisticados, cavalos e tiros, mas como se estivéssemos a ver o outro lado disto tudo, o lado "a sério", e o que se perde em glamour ganha-se em autenticidade. No fim fica a sensação de, aquilo sim, ser um western autêntico, até pela dúvida que nos deixa a roer os pensamentos, afinal quem ganham, os bons ou os maus? Que lado escolher? Sensacional obra de mestre.

 

 


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semtelhas @ 13:48

Ter, 10/03/15

 

- Zeinal Bava diz que em sã consciência não conhecia o caso Rio Forte - Ok. E na outra consciência?

 

- Padres portugueses ganham a Clerigus Cup europeia - Pela segunda vez! Incomparável povo este ao qual para além de ao "rebanho", até aos seus "pastores" lhes foge o pé para a chuteira...

 

- Passos Coelho esteve anos sem pagar contribuições à Segurança Social - Pagou-as agora depois da denúncia do Público e diz que nunca foi notificado. Quer dizer que não sabia o que tinha a pagar ou que é o artista que todos desconfiam?

 

- Tsipras acusa Passos e Rajoy de quererem derrubar o seu governo - Tradução: se cair levo-vos comigo. Quem avisa amigo é!

 

- Papa afirma que abandonar os velhos é pecado mortal - Sinal dos tempos?Talvez não fosse má ideia uma revisão geral dos pecados mortais...

 

- Passos Coelho diz que só quer ganhar o suficiente para sustentar a família - Não há problema, só é preciso pagar os impostos até ao último tostão, não ser piegas, e mandar os filhos emigrar!

 

- E alega distração e falta de dinheiro para não ter pago - Não é distraído nem lhe falta dinheiro, o que lhe falta é vergonha!

 

- Em Portugal pedido de descendência sefardita causa polémica - Tentar provar que ascendentes eram judeus ibéricos vai custar 500€. Judeus a serem judeus para quem quer ser judeu. Apre!

 

- Em 2086 finalmente não vai haver diferenças nos salários entre homens e mulheres - Pois...nem nos  salários nem no resto!

 

- Cavaco diz que evento em volta das obrigações fiscais do PM são campanha eleitoral - Ainda bem que ele resolveu pôr-se de fora daquela com estas declarações... Está a transformar-se num cavaco na garganta do PSD!

 

- Real Madrid cede primeiro lugar a Barcelona - Fenómeno atualmente conhecido por "efeito Irina".

 

- Juncker defende exército europeu - Finalmente cá está uma ideia que vai desencalhar os céticos e desatar a parir as notas de euro!

 

- Depois da medalha de ouro no triplo salto outra no tiro - Confirma-se, somos os melhores a atirar e... dar o salto!

 

- Cavaco deu parabéns ao vencedor do salto mas esqueceu-se dos do tiro - Percebe-se, tendemos sempre admirar mais quem faz aquilo de que somos incapazes. Já a atirar...que o digam, entre outros, Nogueira, Santana e Marcelo!

 

- Benfica ganha em Arouca após mais uma expulsão na equipa adversária - E depois? Que culpa tem o SLB que este ano os jogadores das outras equipas resolvam ser caceteiros só contra eles?

 

 


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semtelhas @ 14:11

Sab, 07/03/15

 

- Um presidente da república que não lê jornais, que nunca tem dúvidas, de um país com o ordenado mínimo inferior a 500€ diz-se em dificuldade para viver com um rendimento mensal de mais de 10000€, e que quando questionado sobre as mais valias ganhas com ações de um banco dirigido por seus antigos vigaristas amigos, só encontra como resposta a arrogância de se achar acima de qualquer suspeita.

 

- O mesmo presidente da república que aconselha os seus compatriotas a investirem num banco que, simultâneamente, está a desviar milhões para contas offshore deixando entregues à sua sorte milhares de pequenos investidores que durante vidas inteiras nesse banco, dito do regime, confiaram aí depositando as suas poupanças.

 

- Um país cuja justiça oficial não hesita em meter na prisão um exprimeiro ministro alegando perigo de fuga e possível intervenção manipuladora do processo, não obstante ainda não na posse de provas suficientes mas precisamente para assim o poder fazer tendo toda a liberdade, enquanto condiciona irrevogávelmente a opinião pública e publicada.

 

- Um país cujo primeiro ministro em funções não pagou os seus impostos relativos à Segurança Social durante anos só o fazendo face ao conhecimento público de facto, depois de com a arrogância dos impolutos (?!?!) ter extorquido sem dó nem piedade até ao último tostão dos contribuintes, vindo agora sem o minímo pudor alegar distração e falta de dinheiro.

 

- Um país onde os dois principais banqueiros estão a contas com a justiça. Um condenado a pagar uma multa milionária e impedido de exercer essa mesma atividade, o outro a aguardar, e bem, em liberdade, as investigações que todas as semanas revelam um homem que sem quaisquer escrúpulos atirou milhares de famílias para o desespero.

 

Alguns dos mais relevantes exemplos, podia ir-se por aí abaixo, que estão a deixar nos portugueses a sensação de estarem a viver um pesadelo do qual, estremunhados, ainda estão longe de acordar. Como se o céu lhes esteja a cair em cima descobrem assim, finalmente, a democracia, a verdadeira, aquela que chega com dor. Aprendamos!

 

 


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semtelhas @ 11:06

Qui, 05/03/15

 

Em Portugal quase metade da população sofre de problemas mentais.

 

Encurralados estamos todos. Seja por circunstâncias financeiras, familiares, sociais, laborais, de falta de saúde, pela juventude, pelo envelhecimento, ou mais prosaicas como simplesmente privados de liberdade dentro de uma cela, e em termos mais genéricos pela própria tendência natural para sobreviver. Mas essa nunca será a questão essencial, como aceitar a circunstância da vida a cada momento sim, é o principal. Como dizia o grande Gabriel Garcia Marquez o segredo não está em chegar ao topo, seja lá isso o que for para cada um, mas a forma como se percorre o caminho na tentativa de o alcançar. Valorizar o que se tem é uma atitude de humildade bem mais rara e difícil do que pode parecer à primeira vista, no entanto é o primeiro passo para encarar o presente com tranquilidade e o futuro com esperança. Como tudo na vida a própria arte de viver é feita de experiência, simplesmente na maior parte das vezes quando esta chega sentimos com ela já estarmos comprometidos irremediávelmente. É este sentimento de impotência que tantas vezes torna a existência das pessoas, individualmente e por consequência do grupo a que pertencem, algo penoso, frustrante e que leva à sua mais ou menos rápida degradação, nomeadamente pela contração de doenças maioritáriamente originárias num dia a dia feito de amargura, inveja, revolta, desejo de vingança, etc.. Na realidade é como se uma espécie de autismo comece a fazê-las funcionar em circuito fechado, nada nem ninguém ouvindo, caindo na tentação, desde os mais pequenos atos às mais importantes opções, de considerar todos os outros incapazes de perceberem a sua situação, na prática minimizando o valor deles e a sua capacidade de análise porque não conseguem libertar-se da sua própria solução, única que acham válida, mas que na realidade por manifesta e doentia teimosia não raras vezes leva a caminhos desastrosos e até, quantas vezes, a uma espiral de situações negativas. É por isso fundamental dar uso a algumas ferramentas que tal como noutras áreas da vida, também no ofício de viver, ajudam a melhor enfrentar problemas, a resolvê-los, e uma vez seguido esse caminho é impressionante porque incrivelmente surpreendente como tudo pode ser mais fácil. Somos um bicho de hábitos, tudo se aprende, logo se adotarmos empenhadamente alguns truques, no bom sentido da palavra, é realmente possível viver com a serenidade e harmonia absolutamente indispensáveis a uma existência percecionada por cada um como feliz. Por volta dos vinte e cinco anos de idade frequentei um curso de relações humanas que recorrentemente me tem ajudado a ultrapassar dificuldades, sobretudo ter a capacidade de na maior parte dos casos ver o lado positivo mesmo na pior das coisas, e onde aprendi:

 

- Não criticar, não condenar, não me queixar.

- Apesar de tudo amanhã nasce um novo dia.

- A colaborar com o inevitável.

- Fazer as coisas sempre o melhor que puder.

- Analisar os erros próprios com sinceridade.

- A não chorar sobre o leite derramado.

- Considerar o outro mais inteligente que eu.

- Apreciar os outros honesta e sinceramente.


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semtelhas @ 12:27

Ter, 03/03/15

 

 


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semtelhas @ 16:19

Seg, 02/03/15

 

Ele é um médico ginecologista que vive na era estalinista, homem pragmático, adorador do princípio científico da causa -efeito, porém acredita em algo inexplicável que gere o universo. Intrínsecamente bom e franco vive numa sociedade toda ela feita de truques e manhosisses com as quais nunca contemporiza, salvando-se dos campos de correção graças à sua reconhecida enorme capacidade enquanto médico, frontalidade inabalável e humanidade ilimitada. Encontra numa paciente que salva da morte inextremis a sua alma gémea cuja filha faz sua. No entanto a grande diferença sob o ponto de vista religioso, ele era obviamente ateu, acaba por criar entre eles um afastamento que virá a constituir para ambos uma vida de sacrifícios, só suportável graças à existência dessa filha primeiro e depois da neta.

 

No cenário da União Soviética desde Estaline até depois de Krutchev, Liudmila Ulítskaia em "Caso Kukóstski", constroi um romance que sobretudo oferece um retrato dos mais decisivos contrastes da vida, franqueza/dissimulação, empenho/desleixo, limpeza/sujidade, bondade/maldade, sovinice/partilha, e muito mais. Nada de novo dir-se-á, afinal de contas o assunto de sempre. É verdade simplesmente neste caso a mensagem é passada num misto de simplicidade e rudeza que recorre aos atos mais vulgares da existência, um olhar clínico que os desvenda até ao osso através de uma escrita com tanto de inteligível quanto de profunda e ao alcance de muito poucos. No fim, como a comprovar a sua essência, este romance tem tanto de maravilhoso quanto de eficaz e deixa o leitor a pensar, felizardos daqueles cuja natureza e educação, não necessáriamente por esta ordem como tão bem o interrogada esta obra, conduz para as escolhas certas que são o da verdade, da bondade, do empenho, da limpeza e da partilha. Que inveja! apetece dizer colocando-me na posição de uma das esmagadoramente mais numerosas e vulgares personagens da autora.

 

 

 

 


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semtelhas @ 13:25

Dom, 01/03/15

 

O banco inglês HSBC na Suiça foi denunciado por encobrir os depositantes milionários de fuga ao fisco, assim conseguindo as boas graças daqueles consubstanciadas nos milhões ali depositados. O Chairman do banco durante os anos de ouro da vigarice, toda a década passada, foi convidado pelo governo inglês para dele fazer parte o que veio a acontecer entre 2010 e 2013. Apanhado por um jornalista na rua, e questionado do porquê de ajudar milionários a escapar aos pagamentos ao Estado afirmou que, por uma questão de princípio, não falaria de questões relacionadas com o banco e, perante a insistência do jornalista que lhe dizia ser precisamente sobre os seus princípos que queria esclarecimentos, ameaçou que caso não parasse de o incomodar o processaria.

 

Foi abatido a tiro em Moscovo aquele que atualmente era considerado o principal opositor político de Vladimir Putin. Antigo vice primeiro ministro de Boris Ieltsin nos idos anos 90 do séc. passado onde foi considerado um dos motores da renovação. Só mais um na já longa lista das pessoas da linha da frente dos opositores ao poder na Rússia, abatidas por gente desconhecida, em circunstâncias anormais, e até agora impunemente, a última ação dele conhecida antes de morrer foi a ameaça de revelar a verdade sobre o real envolvimento russo na guerra civil ucraniana.

 

Há uns dias foi dado ao conhecimento público o desaparecimento de três jovens raparigas inglesas, estudantes bem sucedidas de classe média. Conforme desde logo se desconfiou veio agora a confirmar-se que resolveram juntar-se ao dito Estado Islãmico na Síria. Após o alerta dado pelas autoridades inglesas foi possível as suas congéneres turcas acompanharem o seu percurso via cãmaras de filmar em vários locais públicos na Turquia. Aparecem sempre as três sózinhas, em estações de comboio, de camionetas e na rua, até ao dia em que já perto da fronteira com a Síria, quando se lhes perde o rasto.

 

A conivência entre o poder político e o poder económico, cada vez mais uma e a mesma coisa, processo que longe de ser novo ciclícamente ganha nova força, está a transformar-se num fenómeno que para além de destruir o periclitante equilíbrio social, conseguido graças a uma tomada de consciência coletiva à custa de milhões de mortos em inúmeros conflitos, está e gerar dentro de si um monstro de ressentimentos, transversal às sociedades, que destroi os valores, envenena a juventude e elimina os melhores de entre nós. Durante quanto mais tempo responsáveis políticos como por exemplo da país onde nasceu o primeiro parlamento democrático, se vão deixar confundir com vigaristas sem escrúpulos? Quantos mais homens e mulheres inteligentes e justos vão ter de morrer só por ousarem levantar a voz contra o poder instituído? Vão ser precisos morrer nas fileiras do fanatismo quantos mais milhares de jovens completamente desiludidos e descrentes no futuro no mundo onde cresceram, e que os seus pais ajudaram a construir?


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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