O filme Nebraska é a prova acabada, e de que maneira! que uma mensagem repetida milhares de vezes pode parecer sê-lo a primeira se transmitida da maneira certa, com a máxima honestidade intelectual.
Rapaz sensível casa com espertalhona, têm dois filhos e o que puxa ao pai é o mais rejeitado por e porque este está ciente do futuro que o espera, para suportar as agruras de uma vida vivida a preto e branco, plena de fracassos, mete-se nos copos. A dictomia do costume entre a quase totalidade mesquinha e a grandeza de meia dúzia. De um lado o romântico sistemáticamente apanhado na ratoeira da realidade, um sucessivo cair de ilusões até ao desencanto final simultâneo à decrepitude da velhice, do outro o pragmatismo da arte de sobreviver, o calculismo, a hipocrisia, o cinismo.
Extrordinário retrato da decadência que todos sentimos e a qual ninguém sabe como evitar. Acontece nos EUA profundos mas podia ser ali na cidade ao lado. Adivinha-se uma mudança de paradigma porque a pasmaceira já não atinge só os mais velhos, espalha-se como uma epidemia que planta exércitos de jovens desocupados em frente à televisão ou ao computador, como que anestesiados por uma virtualidade que é manifestamente insuficiente para os fazer sentirem-se vivos. As consequências são amplamente conhecidas. Perante este quadro real e a crescer a um ritmo assustador impôe-se a pergunta. Afinal quem são os fortes e os fracos?
Observando um jogo de futebol em Inglaterra confirmo quanto é diferente a forma como é praticado naquele país! As interrupções são raras, os jogadores estão sempre concentrados e correm durante o jogo todo, o público permanentemente atento porque absolutamente preso ao espetáculo, sobretudo pela genuína, digna e completa entrega de todos. Porque é que só ali é assim?
No período inicial do desafio, aí até ao primeiro quarto de hora, ainda se pode assistir, lá e práticamente por todo o lado, às multiplas quedas dos jogadores, alegando terem sofrido alguma espécie de impedimento ilegal para poderem prosseguir a jogada mas, passado esse período, como que por magia, raramente caem, e se acontece, logo se levantam enérgicamente tentando dar sequência ao jogo.
Na verdade o que se passou nada teve de mágico, simplesmente o árbitro, quem ajuíza da veracidade das queixas dos jogadores, tem um extremo cuidado na aplicação desse juízo, utilizando um enorme rigor na aplicação das leis, recorrendo sobretudo a uma notável capacidade de concentração, acompanhamento de perto, inteligência, honestidade e bom senso, ou seja qualidade e profissionalismo.
E aí está a grande diferença! Ao longo de muitos anos foi-se alegando tal fenómeno ao facto do futebol praticado nas ilhas britânicas ser muito mais direto, logo sujeito a muito menos contacto físico, mas hoje esse mesmo futebol está pejado de jogadores do continente, de Africa, e da América do Sul, pródigos na arte da ilusão, e acontece rigorosamente a mesma coisa, como o prova um desafio disputado em qualquer parte do mundo se arbitrado por um juíz britânico.
Sem pretender, até por manifesto desconhecimento, analisar as razões sócioeconómicas e/ou culturais para as causas desta diferença, os efeitos são óbvios para qualquer um, o desempenho de todos muito mais empenhado, franco e, consequentemente, também mais frutuoso, em mais nenhum lugar se obtêm estatísticas de produtividade futebolística tão elevada. Será uma questão de formação cívica e profissional?
Apetece mesmo utilizar o futebol como metáfora para o resto da sociedade e perguntar, se esses mesmos princípios fossem aplicados em matérias muito mais importantes os benefícios não seriam similares? Voltando ao futebol, quantas vezes nos jogos caseiros ficámos com a sensação que a justiça aplicada foi a do poder? E não é assim em tudo o resto?
Não no sentido de pousar no chão mas de, literalmente, assumir a condição de um ser da Terra como todos os outros seres vivos, de com eles partilhar desse mistério que é a vida e fazê-lo no espaço, tendo o planeta a boiar no mar desconhecido que é o fundo negro pejado de pontinhos luminosos a que se chama universo. O filme Gravidade.
O resto é uma sucessão de passagens pelo essencial da Vida: a fragilidade do planeta, tão pequeno e belo quanto precioso, ali, na imensidão do infinito; a importância das pequenas coisas da vida terrena, o amor, a amizade, a solidariedade, a esperança, o não desistir. Depois a beleza de algumas metáforas: a cápsula como útero protetor quando Bullock se despe e se coloca na posição fetal; quando nada tal qual a sereia inicial, para uma praia paradisíaca que aborda levantando-se lentamente quais répteis primordiais, são os primeiros passos da humanidade, porque, nessa pessoa, em cada pessoa, reside todo o universo que nos é familiar; os sons de um cão que ladra e de um bébé que chora ou ri como linguagem comum à raça terrestre, e sinónimo de fraternidade.
O filme, ele próprio, como passo nesse sentido salvifíco, toda a competição desenfreada até no espaço, onde, também lá, o lixo que mata prolifera, mas é superado pelo sentido de humanidade, presente nos símbolos através do percurso rumo à Terramãe, a música country dos EUA, a vodka russa e o buda chinês, a redenção em que todos participam. Pode não adiantar grande coisa, mas é melhor que as já gastas e pseudoalarmantes ameaças do género, vêm aí os russos!
Estar quase o dia todo sintonizado na Antena 2 e à noite assistir quase exclusivamente à programação da RTP2, confere ao dia-a-dia uma sensação de viver dentro de uma bolha que pouco ou nada tem haver com tudo o resto que se passa em volta, funcionando estes dois meios de comunicação social como uma espécie de porto de abrigo para todas as agressões a que somos sujeitos a cada minuto.
Aparte realidades como a impossibilidade da maioria das pessoas o poder fazer por estar demasiado ocupada a sobreviver, se, caso pudesse, o faria, e dos efeitos práticos dessa atitude de isolamento, porque é disso que se trata se atentarmos nas baixissímas percentagens de audiência que estas estações sistemáticamente obtêm, a simples constatação do facto remete para uma reflexão sobre como olhar o mundo desse ponto de vista.
A pergunta óbvia é se tal maneira de estar resulta numa vida mais feliz, no sentido mais habitual do termo, isto é se se passa mais tempo com uma perceção de felicidade ou não. Existe um consenso sobre o síndrome do eremita que corresponde mais ou menos à ideia de que a aparente felicidade ou, no minímo, tranquilidade daquele assenta sobretudo numa espécie de loucura originária na vivência num mundo ilusório sem qualquer adesão à realidade.
Ora como ninguém é bom juíz em causa própria, diria que depende do conceito de loucura, e se esta corresponder à lei que diz que é louco, ou padece de algum tipo de loucura, quem não obedece às posturas da esmagadora maioria, então terá que se dar razão a essa opinião generalizada. Subsiste no entanto o questão essencial, qual a real importância desse olhar?
Um destes dias, ouvindo as várias opiniões que vão sendo desfiadas ao longo do encontro literário da Póvoa de Varzim, Correntes de Escritas, da profunda humildade das vedetas do mesmo, do entusiasmo quase religioso dos que ali afluem, nascido da absoluta necessidade de sentirem a lufada de ar fresco que é ouvir vozes sábias a falar, de uma forma intrinsecamente livre contra a corrente que quase todos leva, percebi como contribui decisivamente para a sanidade mental de uma sociedade que, sem esse olhar, estaria orfã do fulcral pequenogrande contraponto que a justifica.
Ou quase! Ainda faltam uns quantos recordes positivos para abater e outros tantos negativos para bater, mas é mais que provável que depois de alguns dias para possibilitar a Paulo Fonseca sair com uma imagem menos negativa, tentar capitalizar a eventual revolta dos jogadores em um ou dois jogos, mas especialmente, como é habitual, não responder à vox populi, um recado para toda a comunidade portista e todos os outros, que pretende afirmar a independência do FCP, Pinto da Costa faça a vontade ao aflito treinador e o liberte do suplício que está a viver.
Mais do que as evidentes fragilidades que este tem demonstrado, quer profissionais quer pessoais, parece que o principal obstáculo será uma questão de ADN. No FC do Porto, por razões históricas que têm haver sobretudo com o centralismo de que o país padece, no qual o futebol é o menor dos problemas, quem está à frente dos vários níveis do organigrama do clube tem que ter um espírito guerreiro, desde o roupeiro ao presidente, ora parece que PF não o é de todo, quanto mais se aperta o homem mais tolhido ele fica.
Agora importa pensar o futuro. Primeiro para tentar estar presente na Liga dos Campeões da próxima época, e segundo começar a prepará-la atempadamente para voltar aos registos do costume. Jorge Costa garante o espiríto guerreiro mas estará preparado para tão grande responsabilidade? Pedro Emanuel parece preencher razoávelmente os dois critérios, nunca tendo demonstrado um portismo indubitável já provou sentir o clube e, últimamente, tem-se saído muito bem enquanto treinador.
Mas talvez não fosse pior o FCP aproveitar a oportunidade para dar inicío a uma nova estratégia para o todo o futebol do clube, até porque PC não vai para novo. Nesse sentido talvez a contratação de Jesualdo Ferreira como manager para todos os escalões etários e de Villas Boas até ao final da próxima época, trouxesse estabilidade a médio prazo e o tal sentimento clubísta que é urgente reimplantar na chefia técnica de forma a acordar os jogadores. Como em tudo o resto, também aqui é essencial apostar na cultura que tão longe nos levou. Temos que voltar a Ser Porto.
- Associação de prostitutas espanhola vai criar curso intensivo - Partindo do princípio que não se vão limitar a explicar o correto uso dos preservativos, mas também de como melhor servir os clientes, imagina-se que as aulas práticas devem ser um consolo!
- Andrey Breivik ameaçou entrar em greve de fome por causa das más condições em que está detido - Espera-se que ambas as partes cumpram a sua obrigação, os carcereiros de não lhe melhorarem as condições, e o carniceiro de Oslo de levar a sua ameaça até ao fim.
- Alberto Costa, cronista do DN: as vitórias do FCP só têm ressabiado o sul e, como consequência, reforçado o centralismo - Quer dizer que se o FCP perdesse o país era mais equilibrado? Incrível como a amargura e a beligerância militante estupidificaram este!
- Noam Chomsky afirmou que a austeridade é muito boa para os bancos mas que está a criar exércitos de pobres - Confere! Não é nos países mais pobres que, comparativamente, os bancos são os mais ricos?
- FMI insiste na austeridade - Estão no topo da pirâmide social, longe de quem sofre os efeitos das suas leis, a viver à grande e à francesa à custa de mandar os outros vegetarem, e ainda ganham fortunas por isso! Seriam bem estúpidos se não o fizéssem.
- Ministra das finanças diz que austeridade é menos sexy que o consumo - Só faltou a Maria Luís dizer que a dor também pode trazer prazer. Talvez, mas nem todos temos que ser masoquistas quando podemos ser sádicos como ela.
- Chinês deprimido atirou-se para dentro de uma jaula com tigres pelos quais foi rejeitado - Se calhar mais valia ter sido bem sucedido. Agora é que ele vai saber o que é estar deprimido!
- Herman pôs excolaboradores em tribunal acusando-os de burla - Aqui ou na Alemanha? Será desta que o verdadeiro artista vai optar pela naturalidade portuguesa?
- Vitoria Beckham retirou implantes mamários e apressou-se a garantir que não foi por questões de saúde - Pois não! Foi porque já cumpriram o seu objetivo.
- Luís Montenegro, chefe do grupo parlamentar do PSD, afirmou que pessoas não estão melhor, mas o país sim - Das duas uma, ou o país não são as pessoas ou este inteligente é um extraterrestre.
- Porco estrangeiro não faz parte dos insultos considerados racistas na lei Suiça - Já chamar a um suíço, preto, turco, espanhol ou português deve dar logo cadeia!
- Maduro quer suspender sinal da CNN na Venezuela - Este está a cair de maduro, não tarda nada vai ter que ser colhido.
- Estamos melhor ou estamos pior, pergunta Passos Coelho - Se a pergunta pudesse ser respondida , um a um, pelos portugueses, a resposta seria esmagadora, estamos muito pior! Mas como parece que o país não são as pessoas...
- Jackson Martinez diz que equipa não é mais fraca - Pois não. Mais fraco é o treinador e o desempenho de alguns jogadores que mais parecem mercenários!
Nos primeiros tempos após aquele período conturbado em que nos conhecê-mos, depois de regressarmos do Gerês, instalámo-nos na sua casa da praia, e eu, em troca da manutenção da minha casa, dos meus bichos, e do pagamento ao banco da uma pequena quantia correspondente ao que eu ainda devia, cedi-a a uma filha da Lucília, enfermeira, e a viver debaixo do mesmo teto, o meu, com um companheiro de trabalho e profissão.
A redação da revista era no Porto, muitas vezes Laura se arrependeu de ter vendido o apartamento que por ironia ficava incrívelmente perto, e se no primeiro e segundo anos deslocarmo-nos para aquele fim do mundo como ela dizia, tantas vezes tardissímo para uma permanência de meia dúzia de horas, o fazíamos sem sacrificío, muitas vezes no mesmo carro em viagens que aproveitávamos para despir os fatosmacaco, algures no terceiro, coincidindo com as suas constantes deslocações, começaram a representar uma grande contrariedade. Com que vontade ía para uma casa enorme vazia de tudo, mesmo de mobílias e afins? Porque se Laura se desfizera das coisas dos pais para evitar lembranças menos boas, também nunca arranjara dísponibiliade para lá pôr outras. Foi por isso natural eu ir visitar mais vezes o Uli e o Zinga tendo para tal que contactar préviamente Sílvia, a bonita filha de Lucília. Foi numa dessas ocasiões, ela estava a fazer o turno da noite e portanto só iria para o hospital pouco antes da meia-noite, que resolvemos chorar cada um no ombro do outro, eu a minha solidão, ela o fim do relacionamento com o tal enfermeiro e, do ombro ao resto foi um instante.
Na primeira ocasião que estivemos os três juntos, já o meu romance com Sílvia levava meses de duração, com o correspondente afastamento de Laura, só uma vez conseguira suportar ambas na mesma noite, foi para ela evidente a nossa ligação. Quando ficámos sós disse-me, reparei que és muito intímo da filha da Lucília...e sem me deixar responder, não precisas dizer nada, também eu tenho que te confessar que nem sempre te tenho sido completamente fiel, apesar das minhas "facadinhas" serem de outra natureza. Perante o meu mutismo continuou, acredito que acabámos sempre por voltar a ser o que somos. Acho que tu precisas de uma relação estável, de acordo com a tua maneira de ser tranquila, sedentária, uma vida de introversão. Sabes que as minhas necessidades são completamente diferentes, mesmo opostas, não aspiro a ter um companheiro só para mim na exata medida em que não posso ser exclusivamente de uma só pessoa. E com o seu habitual pragmatismo, talvez seja melhor afastármo-nos uns tempos Ivo, o tempo indicar-nos-à o que fazer no futuro.
Só voltámos a cruzar-nos muitas semanas depois, no hall de entrada do jornal para o qual eu escrevia umas crónicas depois de por ela ter sido indicado ao chefe de redação, logo após ter abandonado A Ruiva, talvez deva dizer as ruivas, mas neste caso a revista. Falámos sem ressentimentos. Ela do sucesso da sua publicação, que eu óbviamente acompanhava, bem como do facto de se manter feliz e independente, afirmou com uma ligeira quebra de convicção na voz, pelo menos assim me pareceu, e eu do meu dia a dia tranquilo, de volta a minha casa e aos meus bichos, mas agora também com a companhia da preciosa Sílvia, mulher de uma sensibilidade humana rara, uma fantástica enfermeira, segundo me diziam, cuja maturidade e tendência maternal muito ajudava a superar a diferença de idades, era um pouco mais nova que Laura. Despedimo-nos com um beijo e a promessa de, um destes dias, almoçar-mos juntos.
Chega a ser assustador ver no campo os jogadores do Porto tremerem tanto quanto o está a fazer o treinador plantado em pé em frente do banco de suplentes, patéticamente gritando e gesticulando sem o minímo de convicção. Quando, normalmente fruto da inspiração de um dos grandes jogadores da equipa, surge um golo, o homem rejubila como se tivésse acabado de ganhar a champions.
Já tinha acontecido contra o Austria de Viena, o FCP foi incapaz de ultrapassar uma equipa minímamente competente a trocar a bola, mas sobretudo dependente do seu enorme poderio fisíco. Como já tantas vezes fez, o futebol esteriotipado dos alemães devia servir que nem gingas, bastaria pô-los a cheirar a bola para depois desferir o golpe final, os golpes finais, e o respetivo três ou quatro a zero.
Mas para isso era preciso que os jogadores tivéssem uma réstia de confiança em si próprios, nem todos são como o Quaresma, o rei do egocêntrismo que volta e meia tanto jeito dá. Mas não, bem pelo contrário, mal se apanham a ganhar a tremideira é de tal ordem que, na defesa, desatam a aliviar a bola para a própria baliza um, e o outro enfiá-la lá dentro, antes já tinha faltado força anímica para despachar a dita para longe, o meio campo não consegue fazer passes para a frente, e no ataque assustam-se perante a possibilidade de fazer golo!
Quase todos os males se podem combater nesta vida, há contudo dois contra os quais todo o esforço é em vão, a teimosia e a burrice, então quando caminham juntas... Num outro clube qualquer, num clube normal, sem o passado recente e as estruturas inabaláveis que o FC Porto tem, especialmente graças a esse verdadeiro fenómeno que é Pinto da Costa, provávelmente já andava tudo à porrada.
Tenho a certeza que PC sabe exatamente o que se está a passar, terá até mesmo já admitido para si próprio que, o que é raro mas acontece, se enganou. Tem a coisa controlada e, por outro lado, estas ocasiões também são muito úteis para testar caráteres e proceder a determinados acertos. Acredito que se a participação na Liga dos Campeões do ano que vem fôr posta em causa ele intervirá decisivamente.
É certo que nos EUA o cinema tem de viver sem subsídios como tudo o resto, e não é por isso que a indústria associada não é uma das principais receitas de exportação do país mas, também não é verdade, que tal facto evite que se produzam filmes extraordinários sem ter que recorrer aos aspetos comerciais que à partida dão garantias de sucessos de bilheteira e, consequentemente, a sua aceitação pelos grandes estúdios de Hollywood. Não é o que acontece com o filme The Monuments Men.
A preocupação de vender o produto acaba por tornar um assunto fantástico de ser relatado em cinema, numa espécie de filme ligth no qual, nem sequer nas cenas supostamente mais pungentes, se consegue passar a seriedade que o assunto merece. E o pior é que está lá tudo menos o essencial, o real interesse, a convicção autêntica, da mensagem que se está a tentar transmitir. Pena o desperdicío de todos aqueles fabulosos meios disponibilizados, um grande naipe de atores, mas especialmente ter-se queimado tão inglóriamente estes acontecimentos em volta do roubo pelos alemães das obras de arte nos países ocupados, talvez o verdadeiro paradigma e origem de toda a maldade de Hitler posteriormente potenciada pelos seus pares.
Sendo o realizador quem é pode sempre acreditar-se nas suas boas intenções, até o ter dado, durante todo o filme, aquela sensação de que aquele grupo de amigos e experts em determinadas matérias, se juntaram para irem viver uma aventura arriscada, desta vez num continente longínquo e, em vez de ser para roubar, para recuperar algo muito valioso, afinal George Clooney é um reconhecido defensor dos direitos humanos, mas desta vez a coisa não correu bem. Nem faltaram os habituais, agora russos, antes soviéticos, para acelerar o ritmo a comer pipocas...
Os relatos de ditaduras escritos em prosa normalmente são feitos numa linguagem direta e rude, o objetivo é tentar passar o mais fielmente possível o difícil dia-a-dia de quem tem que as suportar.
Herta Müller, no livro, Já Então A Raposa Era O Caçador, utiliza a prosa poética para o fazer, o que não torna a leitura mais, ou menos agradável, nem sequer mais, ou menos eficaz, simplesmente mais triste.
Ter a natureza, ou as pessoas, como belíssimas metáforas a propósito de circunstâncias terríveis, como a perseguição, a tortura, o medo generalizado, o abuso, ou a indigência, mas sobretudo a descoberta dos verdadeiros horrores que vivem na alma de todo o ser humano, a demonstração de como é ténue a linha que separa os bons dos maus, como debaixo de uma situação limite, incontornável, insustentável para a esmagadora maioria conduzindo a uma generalizado baixar de braços, ao habitual aproveitamento colaboracionista de alguns, e à resistência heróica de poucos, torna o relato assustadoramente belo.
Para além da maravilhosa arte poética construída passo a passo, dolorosamente, recorrendo minuciosamente às pequenas misérias e grande sofrimento de um povo sujeito à pior das sujeições, o silêncio e a sua forçada manutenção à custa de todas as arbitrariedades, chega-se a uma sensação algures entre o anestesiamento da dor e a revolta visceral. Se, por um lado, tal caminho pode não servir os interesses da escolha de permanente alerta para que o inferno não se repita, por outro, semeia a dúvida, face à real impossibilidade de o evitar, como tão bem o livro documenta desvendando a verdadeira natureza dos homens, não será essa a atitude mais acertada?
Já não é a primeira vez, nem será concerteza a última, que responsáveis por clubes de futebol tentam imitar Pinto da Costa procurando assim atingir o sucesso. Luís Filipe Vieira, por exemplo, foi um deles, e a verdade é que só começou a ter algumas vitórias quando se deixou disso e passou a ser ele próprio. Aquilo a que se assiste hoje com Bruno de Carvalho é portanto mais do mesmo, para já ainda na fase inicial, convencido de que a estratégia vai resultar, mas, em breve, também na conclusão de que afinal não. Resta saber se, tal como o seu vizinho da segunda circular, assumir-se vai ser suficiente para se manter à tona. É que o Sporting não é levado ao colo pelo poder instalado nem favorito da comunicação social...
Para já as diabruras de Bruno de Carvalho só deram frutos no espevitar da rapaziada que constitui a equipa, sim porque os mais velhos estão todos mais ou menos encostados, em alguma pressão sobre os árbitros e respetivos benefícios, e na união, que já foi mais evidente, entre os adeptos. O seu maior mérito terá sido a escolha de Leonardo Jardim para treinador, ou seja, um mérito por via indireta. Porque quanto ao resto, agravou a situação economicofinanceira, já está fora das taças, no campeonato, mesmo com um FCP em ano sabático, parece destinado ao terceiro lugar do costume, e foi o principal instigador do recrudescimento da violência no mundo do futebol.
Então esta guerra do suposto propositado atraso do FCP no jogo contra o Marítimo para ser beneficiado e seguir em frente na competição, é de bradar aos céus! Mesmo que digam, o que ainda não se ouviu, que hoje o futebol de alta competição joga-se sobretudo no reforço psicológico, pelo que informar uma equipa nos minutos finais que só tem que marcar mais um golo pode ser decisivo, é, neste caso, demasiado rebuscado. Primeiro, a menos de cinco minutos do fim, não era um mas dois os golos que eram necessários, depois os dragões já andavam a correr como loucos desde o inicío da segunda parte e, mais importante, o Sporting podia sempre ter marcado mais um golo até ao fim do seu jogo. Ridículo!
O segredo do sucesso de Pinto da Costa assenta em várias premissas, não é só no facto de morrer pelo seu clube, a qual aliás, mesmo sendo a única comum aos dois, desconfio alguma vez venha a ser cumprida com o mesmo estoicismo pelo sportinguista. Ter a absoluta certeza de estar dentro da razão, esta estar suportada, na esmagadora maioria dos casos, no senso comum independente, e sobretudo a defesa intransigente dos interesses do seu clube ser feita sempre pela positiva, afirmativamente e sem amarguras, envolvendo sempre todo o universo portista, são pressupostos essenciais. Onde é que estão na atitude de Bruno de Carvalho nesta questão absurda do suposto atraso? No seu intimo nem ele acredita no que diz.
Aquilo era um trabalho minucioso, toda uma série de tarefas a cumprir, umas atrás das outras, impossível avançar para a próxima sem a anterior devidamente executada. Ainda antes da preparar a cana de pesca era preciso passar pelo homem da bicha, o dono de um tasquito à beira do rio, onde aproveitávamos para o primeiro matabicho. Enquanto o pescador, era essa o sua principal ocupação, enchia a copa de um chapéu velho, preto, que o meu pai lhe entregara, as abas tinham sido cortadas para permitir a aplicação de um fio e pendurá-lo se necessário, de umas minhocas avermelhadas misturadas com pequenas algas de um verde muito escuro, vivissímas a contorcer-se como convinha porque tinham sido arrancadas da areia haviam poucas horas, comíamos e bebíamos. Íamos muito cedo para apanhár-mos a maré à feição deles picarem melhor, mas depois da caneca de café de saco que a mulher do homem da bicha fizera para empurrar-mos um pão com o que houvesse disponível lá dentro, uma isca de fígado ou de bacalhau, um pedaço de lombo ou, no meu caso, uma grossa fatia de marmelada, ficávamos mais que prontos para os enganar.
Depois de engatar umas nas outras as várias partes da cana, três no caso da do meu pai, com uns bons cinco metros, duas a minha, era preciso prender o carrinho, ou aparelho, onde a linha estava enrolada na zona de cortiça, a mais larga e pôr onde lhe pegávamos, recorrendo a dois aneis onde era engatado em duas espécie de orelhas do aparelho criadas para o efeito. A saída da linha tinha que ficar apontada para as argolas que íam diminuindo de diâmetro, bem como o da própria cana, fosse de madeira ou plástico, à medida que se aproximava a ponta, e por onde era conduzida. Haviam vários tipos de carrinhos, uns mais outros menos sofisticados, mas todos possuíam um arame de inox que recebia a linha e a mantinha operacional ou, deslocando-o um quarto de círculo para cima, a prendia. Esta era a operação a executar antes de aplicar na ponta do fio dos artefactos necessários para prender o peixe sem que a linha se ensarilhasse. Era preciso fazer duas argolas com o próprio fio, separadas de uns cinquenta cêntimetros, a primeira para prender a chumbeira a segunda o anzol. O chumbo que podia ter vários pesos tinha por objetivo permitir o lançamento e manter a linha no fundo enquanto o anzol, onde préviamente foi preso o isco, se mantém a flutuar para chamar a atenção à presa.
Uma vez tudo pronto e já junto à margem do rio, liberta-se a linha de qualquer travão segurando-a com um dedo mesmo à saída do carrinho pressionando-a contra a cortiça da cana, toma-se desde atrás o lanço que se desejar e, no preciso momento em que se atira o chumbo para a frente solta-se o dedo de forma a que a linha fique livre para correr até aquele bater no fundo e o arame de inox, respondendo à súbita paragem de débito de linha, voltar à posição inicial e a prender. Depois resta esperar, e esperar, esperar.... Pode-se fazê-lo mantendo a cana na mão para, ao minímo sinal, puxar a linha desse modo tentando prender o peixe ao anzol, espetá-la na areia, ou pousá-la no chão, e olhar atentamente para o sua ponta para detetar qualquer movimento e então agir em conformidade. Nem sempre a uma sensação de que anda qualquer coisa a rondar o anzol corresponde a presença de peixe, pode ser lixo ou, mesmo sendo peixe, este só andar a rondar o isco, dando-lhe pequenas trincas mas não o engolindo, o que levará à inglória recolha da linha e a novo lançamento. Uma questão de paciência, na verdade a principal virtude de um bom pescador que, a ser bem sucedida, pode resultar num cacifo, cesto em vime munido de uma correia para, além do transporte, poder ser usado a tiracolo enquanto se pesca dentro de água, bem cheio, como tantas vezes nos aconteceu.
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