semtelhas @ 14:26

Sex, 31/05/13

 

Brutal, visceral, cru, o filme romeno, Para Lá das Colinas.

 

 

 

 

 

 

Nestes tempos em que tanto se fala do celibato defendido pela igreja católica desde o séc X, muito depois portanto do advento de Jesus Cristo, e contrariando mesmo alguns textos do Velho Testamento, informações que recolhi num excecional programa da RTP em que esta matéria foi focada, este filme toca fundo no assunto ainda que seguindo por outros caminhos e de se tratar da igreja ortodoxa. Ainda a propósito desse tal programa televisivo, impressionou o descomplexado depoimento do homem abusado por um padre quando era criança, a qualidade e o rigor do programa em geral, nomeadamente no rigor e objetividade das informações que foi transmitindo para melhor ajudar os espetadores a formarem uma opinião, mas sobretudo pela prestação do representante oficial da igreja católica para aquela ocasião, importante e muito rara entre nós, o padre Vaz Pinto. Quem já o tivesse ouvido sabia tratar-se de uma pessoa de capacidades argumentativas excecionais, na forma e no conteúdo, mas nunca como desta vez brilhou tanto! Verdadeiramente notável como não deixou passar a sensação do minímo resquício de intimidação, deixou de dar qualquer resposta, conseguiu manter um raro equilibrio entre o políticamente correto e a evidente fragilidade da posição em que se encontrava, deixando uma imagem da igreja que representa algures entre a fidelidade aos seus príncipios mais nobres, independentemente de serem defensáveis ou não, e um espécie de evolução que carece ser feita, mas nunca, como também aqui, explicada. Um político do mais alto gabarito.

 

O filme não está para meias- tintas, começa devagarinho mas vai crescendo por ali fora até ao ponto de, mais ou menos do meio para a frente, ser mesmo avassalador e, em alguns momentos, mesmo difícilmente suportável. Pelos vistos aquilo lá pela Roménia ainda está num estado bastante atrasado. É pelo menos a tentação que se tem, a de usar esta palavra, mas na realidade, para nós mais ocidentais, neste momento a questão é mesmo essa, pôr isso em dúvida, até que ponto algumas daquelas crenças não voltam a fazer sentido nestes dias em que a falta de valores tudo envenena, veja-se o que se está a passar na Suécia. Por lá, na Roménia, o problema parece ser mesmo a hipocrisia, a perseguição, a beatice, a corrupção, a indigência, etc., etc., tudo isto em estado considerávelmente básico, e a forma como a religião local deita mão a estes meios para atingir os seus inconfessáveis, imprescrutáveis e difícilmente aceitáveis fins, não obstante, como sempre nestas situações, agora como sempre, se poder encontrar virtude por ali.

 

No fim as perguntas do costume, o que justificará negar as pulsões mais profundas do ser humano? Sejam elas as do corpo, como o sexo, ou as da mente, como o amor? Em nome de quê? Para provar o quê? Com que vantagens reais para quem o faz? A que custos para quem obedece a tais obrigações? Qual o conceito de dignidade humana, individual, de quem defende tais práticas? Quais as fronteiras entre mentira e verdade de quem contraria a sua natureza? Terá que ser tão alto o preço a pagar para ter uma sociedade ciente da necessidade de proteger os valores comuns, em detrimento de individualismos exacerbados?


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semtelhas @ 15:40

Qua, 29/05/13

 

- É melhor o salário mínimo que o desemprego - É verdade. Especialmente para quem beneficia do trabalho de quem recebe uma côdea. Assim se faz o atraso endémico de um país.

 

- Miguel Sousa Tavares chama palhaço a Cavaco - Apesar de ele não ter esclarecido, devia referir-se ao rico.

 

- Cardoso empurra Jesus - Já os romanos o crucificaram e ficaram a rir-se. Afinal aquilo é o clube do império ou não é? Em Roma sê romano.

 

- Pode haver petróleo em Portugal - A ser verdade a dificuldade das multicionais vai ser convencer os portugueses que são argelinos, angolanos ou iraquianos, mas que vão tentar à isso vão.

 

- Baratas já não se deixam apanhar por terem deixado de comer açucar - Não haverá nenhum cientista que descubra do que é que o pagode tem de deixar de gostar para não contínuar a ser comido?

 

- Os jovens estão a substítuir o facebook por este estar entupido de choraminguisse adulta - Os jovens e os mais velhos, uns porque ignoram o que vão passar, os outros porque já por lá passaram.

 

- A União Europeia acabou com o embargo de armas â resistência síria - Finalmente o equilibrio entre as forças em presença e uma matança generalizada. Se não podes vencer os russos, junta a tua, â política deles.

 

- Em quinze dias o FCP ganha um título e o SLB perde três - Se o Pinto da Costa tiver razão, e tem, quando diz que o que importa é ver o povo feliz, já não sei quem dá mais alegrias à nação portista.

 

- Duarte LIma enredado entre homícidio, burlas e lavagem de dinheiro - A este a doença em vez de o redimir, refinou-lhe as artes de malvadez.

 

- Soares diz que Portas está a ser chantageado com submarinos - Das duas uma, ou o homem pirou de vez, e então é favor preservar uma das maiores figuras da história portuguesa, ou então pratique-se batalha naval, Portas ao fundo.

 

- Estará a terminar a era de Luís Filipe Vieira, apesar de seguir religiosamente as pegadas do Papa? Mais uma vez se prova que as imitações saem sempre com defeito,

 

- Só será dado mais tempo para cumprir o déficit, mais tarde e se se justificar - Isto disse ontem o novo presidente do eurogrupo. Hoje foi concedido mais um ano. Além dos palhaços temos os fantoches, havia o Barroso, agora há mais este. Eminências pardas oblige.

 

- Gaspar diz que PS negociou mal resgate inicial - Só em dois dias: repreende um jornalista publicamente, discute erro de décimas percentuias em previsões,  quando habitualmente falha aos dois e três por cento, e agora isto? Está lá há dois anos a fazer o quê? Começamos a perceber que a culpa não é dele. Ninguém leva este senhor ao psiquiatra?

 


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semtelhas @ 12:37

Qua, 29/05/13

 

No mais recôndito covil do Dragão:

 

Pinto da Costa - Está a demorar carago! Aquela gente deve parecer-se com pastores alemães dentro de capoeiras! Um saco de gatos! O desespero! Não sei se fique, não sei se vá. Até pus o Vitor Pereira a dizer que o homem é um grande treinador! Quando é que os gaijos se decidem?

 

Antero Henrique - Na tentativa de decifrarem a ratoeira que lhes armou, acho que perceberam tudo ao contrário. Como o chefe anda sempre a dizer que os desaires do Benfica  não são culpa dele, que ele é muito bom, e coisa e tal, pensam que o quer no FCP.

 

PC - Pois é precisamente isso que eu quero...que eles pensem. Porque assim ou vão correr assinar com ele só para ele não vir, ou tentam impôr-lhe uma cláusula qualquer para o impedir, o que lhes custará muito dinheiro. Desde que não parem para pensar no verdadeiro problema... Ficámos sempre a ganhar.

 

AH - Mas então aquela conversa com o Jorge Jesus há três anos, antes do Villas Boas?

 

PC - Achas que se não a tivésse tido o Jesus tinha tanto respeitinho por mim e pelo clube, e era a pessoa mais bem paga do futebol em Portugal a ganhar quatro milhões por ano? E a desconfiança que semeei entre as fileiras do inimigo? Não conta?

 

AH - Então nunca o quis?

 

PC - Nunca digas nunca. Não custa nada experimentar. Por que raio é que se há-de fazer só uma coisa de cada vez? Hoje, depois de ver como ele se encolhe a jogar contra nós, com os resultados que deu, e dos mouros terem gasto uma pipa de massa, confirmo aquilo de que já desconfiava, ele é bom, mas como é inseguro, precisa de uma estrutura forte a apoiá-lo. E quanto a isso no SLB estamos conversados.

 

AH - Já percebi! Quer que o homem continue por lá a dar-nos alegrias.

 

PC - A nós e a eles! Para nós os títulos, para eles o futebol mais lindo do mundo, alegria e festa a rodos... até âs meias-finais das taças, e ao penúltimo minuto das ligas. Ou então...

 

AH - É por isso que mantém esta rábula do Vítor Pereira?

 

PC - É e não é. Vou ter que explicar tudo outra vez? Enquanto o tempo vai passando, as coisas vão acontecendo e os homens vão-se revelando. O que tiver que ser acontecerá naturalmente. As pessoas vão fazer com que aconteçam com as suas decisões. O tempo é o melhor conselheiro. Vê se aprendes.

 

AH- Então ainda tudo pode acontecer?

 

PC - O jogo só termina quando o árbitro apita pela última vez.


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semtelhas @ 12:44

Ter, 28/05/13

 

É como estar a ver alguém pela janela, dentro de um quarto no terceiro andar de um prédio, de noite, debaixo de uma lâmpada, perfeitamente visível a uma distância razoável o que seria impossível a poucos metros caso fosse dia. É esse o tipo de exposição que a niote oferece e muitos procuram.

 

Quantas cidades são consideradas estéticamente mais bonitas à luz artificial! Quantas pessoas a preferem para viverem! Diz o provérbio que nela todos os gatos são pardos, mas aquilo que muitos procuram é precisamente a diferenciação. A ausência de luz natural como que cria uma envolvência especial, espécie de campânula que faz realçar tudo o que lá dentro mexe. Como se face à diminuição de acuidade de um dos sentidos, todos os outros redobrassem o seu efeito, vê-mos menos mas ouvimos, cheirámos, sentimos e saboreámos melhor. Tudo isto, a mudança, a novidade, o ter que permanecer acordado fora daquele que seria o ambiente normal, resulta num especial estado de alerta, um extremar da atentividade que traz consigo uma postura excessiva, para o bem e para o mal, a mais doce ternura ou cruel violência manifestam-se maioritáriamente durante a noite. Também o silêncio noturno proporciona refúgio para toda uma outra enorme tribo, que inclui artistas de todos os géneros, que assim melhor se podem ouvir, até aqueles que têm por maior vocação encher os corações solitários que trabalham ou simplesmente não dormem, como os radialistas da noite. Que músicas, ou conversas, soam mais profundas que aquelas?

 

Algumas das situações mais dificeis que tive de enfrentar profissionalmente aconteceram com gente do trabalho noturno. Lembro-me daquele responsável de turno, excelente pessoa e competente profissional, que de tanto insistir escolher sempre aquele horário, por questões financeiras, dizia, acabou de tal maneira desgastado, é sabido que não é a mesma coisa dormir durante o dia, que acabou por ver a vida dos seus passar ao lado, e entregar-se a uma outra, feita de álcool e jogo, dos quais ficou completamente dependente. Para o fim já ía diretamente do hospital psiquiátrico onde fazia curas de sono e choques elétricos, para os casinos ilegais. Ou daqueles dois jovens, também eles duas máquinas de trabalho, que chegavam sempre tarde, ou saíam mais cedo, para antes ou depois ainda passarem na discoteca e abanarem, e abalarem, o capacete. Ainda de quando, por qualquer razão, era preciso punir ou chamar à atenção alguma dessas pessoas, normalmente reconhecidas como as mais responsáveis, as mesmas que, para além de ficarem entregues a si próprias, preparavam toda a máquina para que quando todos os outros chegassem, no início de cada dia, tudo estivésse pronto a arrancar em pleno.

 

Vem isto a propósito de um outro incansável trabalhador da noite, o vento, ao qual aquela rapaziada, alguns já algo mais que isso, que pagam à sociedade o subsídio que recebem limpando dunas, os acessos e a areia das praias, chama, num misto de piada e algum reconhecimento, o turno da noite. Talvez numa versão sui generis, mas a mesma procura de equílibrio, o que eles limpam ele suja,  um trabalho de equipa!

 


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semtelhas @ 12:56

Seg, 27/05/13

 

Terminar um livro como O Submundo, de Don Delillo é ser invadido por uma enorme nostalgia, não por sabermos que não mais poderemos conviver com aquelas personagens da mesma maneira, uma releitura remete-nos, fatalmente, para a ficção que aquilo na realidade é, mas  pela certeza de, ao termos sido abalroados por algo maior, e enquanto o estavamos a ser, haver sempre latente a sensação de nos estar a ser dado um sinal, uma palavra, uma ideia, de renascimento, de renovação, de tranquila continuidade, o que obtemos no fim, na ultima palavra da última página, mas não sem que nos sintamos como que abandonados, entregues a nós mesmos, como se nos tivessem acabado de dizer: estás pronto, foi-te transmitido o segredo, voa.

 

A minuciosa descrição de umas quantas décadas, depuradamente, as pessoas, as cidades, os países, a politica, a guerra, a religião, os costumes, as paixões, os amores, os conceitos. Mas também as coisas, todas as coisas que nos rodeiam, na sua infinita vulgaridade e beleza, e na sua indispensável real existência, últimas testemunhas de que estámos vivos, ás quais, por isso, nos agarrámos desesperadamente. E a arte, o suporte e a defesa contra a insanidade global, a loucura generalizada. E o consumismo, e a publicidade, e a decadência, e o renascer pela formidável reciclagem. E a ciência, sustento, paraíso e inferno da humanidade. E a comunicação social, nós, agora feitos notícia, dentro das nossas próprias cabeças, um enorme reality show, alienados e meros robôs, alheios à realidade circundante, reféns do temor de existir para além de uma conceção de vida que nos é vendida, imposta. O reino do medo.

 

Olhar cirúrgico, arrasador e transversal sobre a sociedade dos EUA durante a guerra fria, mas de tal ordem poderoso e abrangente, que se sente ser admíssivel acontecer noutra época qualquer, noutras latitudes, com outros protagonistas, em situações diferentes, mas com as mesmas conclusões. A ficção ao serviço do que não se sabe explicar mas que se sente, inqualificável, indecifrável. Uma amálgama de dezenas de personagens tão únicas, profundas e importantes na sua existência ímpar, quanto absolutamente anónimas, simples peões num tabuleiro onde são manipuladas através de um jogo viciado. A esperança, ou crença, uma fé qualquer numa força invísivel, que justifica e dá resposta a todas as perguntas, única possibilidade de resistir a esta espécie de fatalidade que representa a cega, permanente e irressístivel sede de poder a qualquer preço. Haja paz.

 

 

 

 
 
 
 

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semtelhas @ 15:17

Sab, 25/05/13

 

Começávamos por nos juntar ao fundo do café a beber uma cerveja enquanto discorríamos sobre isto ou aquilo, se fosse durante o dia íamos ao Porto ver uma sessão, ou passar a tarde no Majestic com o pessoal do costume, se fosse à noite mais depressa recolhíamos a casa do A. para ouvir música enquanto as cónicas íam rodando de mão em mão. Podia passar muito vinil por aquele gira discos, mas terminava sempre da mesma maneira, Absolutely Live,  dos Doors.

 

 

Só quando a mente estava suficientemente depurada, aberta, preparada, é que era percetível a música, eram descodificáveis as palavras, e entrar por aquelas portas. Tal como Jim Morrison diz num dos seus poemas, como que nos leva pela mão, faz-nos entender. E o que ele nos dizia ainda antes de ter completado trinta anos, acompanhado por uma música absolutamente visceral, profundamente bipolar, tal como a vida, ainda agora terna e harmoniosa e já a explodir-nos na cara com a maior das violências e desespero, era que que a única resposta é o amor e que este é sempre transitório, sempre insuficiente, sempre inacabado. Que tudo não passa de uma questão de sobrevivência, uma vida que só merece ser vivida no limite e de olhos bem abertos.

 

Tantas vezes, depois de horas de estimulantes e agitadas discussões sobre o mundo completamente novo que despertava para nós, e para o qual acordávamos em sobressalto, após vaguearmos pelos mais diversos assuntos, via livros, filmes ou da vida de cada um, aquela música e aquelas palavras como que nos serenavam, uma espécie de vibrante embalar esclarecedor, que, decifrando o trágico segredo que sómente intuíamos e jamais conseguíriamos expôr por palavras ditas ou escritas, nos passava essa mensagem imbuída de uma certa forma de estar, o sentir verdadeiramente as coisas, ir ao fundo de cada uma delas, encará-las bem de frente, desafiá-las, compreendê-las, e viver intensamente cada pedaço que nos seja possível aproveitar, sem dúvidas ou omissões, com toda a força do amor/ódio.

 

 

É certo que Morrison, o lado solar do grupo, sua alma autêntica, pouco tempo sobreviveu à sua própria escolha, mas Ray Manzarek, o lado lunar, mais obscuro mas essencial na sua existência, o teclista daquele orgão mágico, e principal responsável por lhe dar corpo através de notas musicais, só desapareceu esta semana, com setenta e quatro anos. Vale a pena insistir e continuar a procurar luzes na escuridão, ser os raios na tempestade.


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semtelhas @ 13:13

Sex, 24/05/13

 

Um objeto estranho este filme, Viagem de Finalistas.

 

 

 
 

Dividiu profundamente a crítica e isso demonsta desde logo que se trata de algo a que não se pode ficar indiferente, o que é um primeiro passo. Fala de excessos e fá-lo de uma forma excessiva. No limite do aceitável para poder passar no circuito comercial normal, especialmente no que às cenas de sexo diz respeito, e menos radical quanto a imagens de violência explícita, não obstante esta estar sempre latente e ser mesmo o motor de todo o argumento. A linguagem verbal segue a mesma linha e a todo o gás, abrandando aqui e ali quando é necessário o narrador passar mensagens que se querem profiláticas, mas nunca nos diálogos entre a maralha que são quase sempre de caixão à cova. Estória simples clara e objetiva, até na forma como nos vai explicando, passo a passo, o caminho que nos conduz â conclusão de que não há rapazes maus, neste caso raparigas, como nós já sabíamos desde o bom do padre Américo.

 

Aparte todo o voyerismo que o filme proporciona, ímpossível de ignorar, quer na forma quer no conteúdo, e a um ritmo e com uma convicção, que se fica com a sensação que esta pode ser uma daquelas obras singulares, neste caso pela extravagância, que, com o tempo, se tornam de culto, importa sobretudo o facto de trazer à tona um assunto que é tudo menos despiciendo: o crescendo de loucura que cada vez mais são essas verdadeiras fugas em frente, em direção aos limites do abismo, de vários abismos, em que se tornaram aquela espécie de despedida, mais ou menos sofrida, do mundo da juventude para entrar no adulto, que são as alucinantes viagens de finalistas. Alimentadas pelo enorme negócio que vive do fenómeno, por uma maior liberdade concedida aos jovens,  e pelo stress em que estes vivem face à imensidão de perguntas que encontram quando procuram respostas para o futuro ali ao virar da esquina, cria-se uma espécie de esquizofrenia coletiva de quem, prestes a entrar num túnel do qual não vislumbra a saída, quer aproveitar ao máximo a liberdade física, mas muito mais a mental, de que ainda usufrui, como se não houvesse amanhã. 

 

Mesmo que os responsáveis por esta fita tenham tido como fito principal a bilheteira, conseguiram muito mais que isso, despertaram ódios e geraram muitos admiradores. A arte não é, também, isso?

 


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semtelhas @ 15:02

Qua, 22/05/13

 

Mourinho considerado uma praga para o futebol espanhol - É preciso demonstrar muita força para suscitar tanto medo! Resta esperar pelas sequelas nos sobreviventes...

 

A Rússia continua a vender mísseis à Síria - Como é que os sírios vão pagar? Será o Bashar da sua conta pessoal, ou os russos já estarão a fazer as contas em dólares?

 

Coadoção por casais homossexuais aprovada pela Assembleia da República - Calma! Ainda falta a especialidade... do PSD nos últimos tempos, começar com uma opinião e acabar com outra por imposição, ou talvez não, do CDS.

 

Gargalhadas interrompem Vitor Gaspar durante apresentação de livro - Se fosse ao Gaspar tão cedo não discursava num espaço público muito grande. Arrisca-se a que a galhofa seja audível em Espanha.

 

Numa viagem para Paris, Sócrates viajou em executiva e Passos Coelho em turística - E então? Está tudo relacionado com a importância do assunto que cada um ía tratar, ou, cada um tem o que merece.

 

Cada vez mais gente questiona o chumbo do PEC IV através da união do PSD, CDS, PC e BE - Para a próxima talvez seja melhor desconfiar de tanta unanimidade. Uma mistura destas só podia dar merda.

 

Conselho de Estado resulta em coisa nenhuma - Se de vez em quando o Cavaco não fizer estes números, como é que o homem vai justificar a reforma de miséria que recebe? 

 

Carlos Abreu Amorim, candidato do PSD â Câmara de Gaia, chama magrebinos, aos benfiquistas -  Manda calar o Gaspar! Agora isto. Para quando um salto do tabuleiro da ponte D. Luís para o Douro? Do inferior, porque do superior ainda nos estraga o fundo do rio.

 

Pai de Passos Coelho aconselha-o a, e diz que, também ele está ansioso por ver-se livre do governo do país - Parece que o paizinho o ensinou a atirar a pedra e fugir a correr. Já dava para desconfiar.

 

O mal de Isaltino foi gostar de mulheres - Aprendámos! É bom começar a diversificar os gostos caso não se queira ir passar uma férias à Carregueira. É isso ou andar para aí com a cabeça entre as orelhas.

 

Na semana que Portas aperta(?) PSD e obriga mediação presidencial, o Expresso recupera para 1ª página notícia quando, há décadas, aquele disse que Cavaco merecia uma estalada - A isto chama-se independência informativa.

 

Parece que a Angelina aproveitou para ganhar umas massas e a outra plagiou para ganhar o Eurofestival - Sinergias. Uma queria fazer aquilo e queria, a outra já tinha aquilo feito e tinha!

 


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semtelhas @ 10:54

Ter, 21/05/13

 

O velhote estava debruçado sobre um cãozito ao qual dizia: aqueles são grandes, estavas com medo. E perante o olhar parado do animal, mas onde ele viu uma acusação qualquer continuou: a culpa foi minha, podia ter pegado em ti ao colo. Naquele rosto lia-se sofrimento por contrição.

 

Lembro-me de aqui há uns anos atrás ficar espantado quando lia ou ouvia, qualquer informação relativa à enorme quantidade de animais domésticos que proliferavam pelos lares de países como a Suíça, França, Reino Unido, ou mesmo EUA. Depois havia toda aquela panóplia de questões que andam em volta da bicharada, variadíssimos tipos de comida, produtos de limpeza, brinquedos, saúde, e até entretenimento. Fazia-me alguma confusão especialmente a maneira como as pessoas interagiam com eles, lembro-me especialmente de um certo sentimento de revolta que me invadia quando, na Suiça, era tratado com tanta frieza pelos suiços ao mesmo tempo que os via a desfazerem-se em mimos e atenções para com os seu cãozinho ou o seu gatinho, e mesmo a chorarem baba e ranho durante uma cerimónia no enterro de um deles (sim, há cemitérios próprios para a bicharada).

 

Hoje é-me muito mais fácil entender o fenómeno pela maneira cada vez mais intensa com que ele se está a verificar na nossa sociedade. A fuga das pessoas para a cidade, onde muitas vezes ficam isoladas e desenraízadas, além das  correspondentes vidas, quase sempre solitárias, de quem permanece nas aldeias; o aumento exponencial de pessoas com idades avançadas a viverem sózinhas dada a maior esperança de vida; o trágico crescimento do individualismo na forma de pensar e estar; o imparável aumento do número de pessoas cada vez mais cedo desocupadas arredaddas do mundo do trabalho e remetidas a suas casas por uma tecnologia inexorável; bem como o inevitável aproveitamente de todas estas fragilidades por uma industria, que já é uma das que mais riqueza geram no mundo, promovendo tudo que gira em torno dos animais de estimação, levou à mais ou menos desesperada procura de alguém, ou alguma coisa, para compensar o vazio que todos estes fenómenos criam e consigo arrastam. Na abstenção de seres humanos capazes de colmatar tão dolorosa sensação de falta, são os animais domésticos, apesar de serem básicamente uma coisa, a serem muito mais sentidos como alguém, a fazê-lo.

 

É aqui que entra o velhote que vi a falar com o seu cão, depois deste ter sido abalrroado por dois ou três com o dobro do seu tamanho. Aquele animal seguramente significa para aquele homem muito mais do que algum dia o poderá ser de facto, no que diz respeito a uma qualquer espécie de retorno verdadeiramente compensador que, no fim, é o que se procura  Na verdade mais não fazemos que refletir no inocente bicho todos os nossos sentimentos mais prementes ficando, tantas vezes impacientemente, outras tantas patéticamente, à espera que o quadrúpede perceba perfeitamente o que dele pretendemos, muitas até estupefactos por aquilo não desatar a falar connosco. Bonitos, divertidos e afetuosos instrumentos de interação vivos, com necessidades, o que também nos proporciona a possibilidade de sermos objetivamente úteis, para além desse tal espelho no qual depositámos enormes esperanças não obstante, mesmo com vida própria, serem apenas uma versão de nós mesmos.

 

Esta constatação é triste no sentido em que, de alguma maneira, é um embuste no qual estamos a cair, voluntáriamente num primeiro momento, mas do qual acabámos prisioneiros depois. Sem esquecer que, tantas vezes, este tipo de relações com animais irracionais impede, por errada tentativa de substituição, outras com outro tipo de animais, os racionais, os nossos iguais, aqueles que nos podem tudo tirar mas também tudo dar, os únicos que proporcionam um verdadeiro sentido à vida. É por isso que quando nos morre um animal de estimação do qual estamos muito dependentes, e vice-versa, situação que tecemos pacientemente, sofremos tanto. Na realidade é um pouco de nós mesmos que se perde. Ao despedirmo-nos daquele bicho, enterrámos com ele toda uma série de expectativas, por vezes uma longa história que fomos construindo tendo como único protagonista autêntico nós próprios. Um egoísmo intrínseco que nos amputa um pedaço de vida..

 

Somos seres essencialmente sociais, aparte foguetórios tão em voga, que na maior parte dos casos mais agravam a solidão promovendo falsas amizades, no sentido mais profundo do termo, não deixando, por isso, espaço para as verdadeiras, com absoluta necessidade de conviver com os nossos semelhantes, olhos nos olhos. Um animal de estimação é um ser vivo que merece o nosso respeito, e o assumir de todas as responsabilidades que isso implica na hora de o escolher para companhia, mas não deixa de ser pouco mais que um brinquedo vivo.


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semtelhas @ 13:32

Seg, 20/05/13

 

Na sexta feira à noite o Dragão Caixa estava pelas costuras. Jogava-se um Porto - Benfica em andebol que, caso a FCP vencesse por diferença de, no mínimo, três golos, sagrar-se-ía campeão nacional pela quinta vez consecutiva. Durante toda a primeira parte o Benfica foi superior mantendo-se sempre à frente do marcador, evidenciando os portistas algum nervosismo que impedia a fluidez habitual. Na segunda parte os dragões mostraram a sua verdadeira face e foram por ali fora, com destaque para alguns jogadores, nomeadamente o guarda redes cubano Quintana, os quais, exibindo-se com um empenho, uma categoria e uma alegria tais, que, a poucos minutos do fim, chegaram a ter cinco golos de vantagem. Na ponta final, já em clima de euforia com os jogadores a cumprimentarem-se mutúamente, o público, Pinto da Costa e su muchacha íncluidos, em perfeito delírio, o SLB ainda recuperou dois golos, insuficientes para evitar a conquista do 18º título nacional, o que torna o torna o clube com mais vitórias nesta competição, bem como reforça a liderança que já tinha se consideradas todas as competições e todos os escalões.

 

No sábado de tarde nova enchente no pavilhão, desta feita para o jogo de hóquei em patins entre os do costume, FCP/SLB. Aos dragões uma vitória era suficiente para se sagrarem campeões pela décima primeira vez em doze(!!!) anos, trajeto só interrompido no passado ano e, mesmo assim após um jogo extremamente polémico no pavilhão da Luz. A rapaziada resolveu não facilitar desde o primeiro segundo e então aquilo foi um vê se te avias. Pararam aos 7-1 permitindo ao Benfica marcar dois golitos mais, que não disfarçam a enorme e, de início, impensável abada. Com este lanço, e ainda por cima tendo o Dragão Caixa sido escolhido para a Final Four que encontrará o campeão europeu deste ano, é ainda mais legítimo esperar que, finalmente, após tantos quases, o FCP se sagre pela terceira vez campeão europeu. Quanto ao campeonato nacional já vai em 21, igualando o SLB. Feito conseguido em pouco mais de uma década aquilo que os rivais andam desde meados do século passado para alcançar...

 

No domingo era preciso ganhar o jogo na Mata Real com o Paços Ferreira para conquistar o tri. Quando a equipa lá chegou encontrou uma multidão à espera e perguntou-se, onde é que aquela gente toda ía caber ali dentro? Não cabia. Mas também não foi para isso que lá foram, sabiam que não tinham bilhete, a ideia era dar uma clara demonstração de confiança e exigir o máximo empenho. E foi o que aconteceu. A equipa, como de costume, foi profissional, competente e mostrou o estofo de que são feitos os campeões que, na hora da verdade, faz toda a diferença. Vitor Pereira tem uma enorme responsabilidade na obtenção deste título, já o tinha sido no anterior. Perante um Benfica de grande qualidade, especialmente esta época, só passando aos jogadores uma série de príncipios, desde de ordem puramente técnico/tática, até aos motivacionais , e mesmo humanos, o homem morre em campo, seria possível atingir este feito ímpar de, em dois anos (três se quisérmos somar mais uma como adjunto) ter uma única derrota, ou, por outras palavras, uma vitória de Bruno Paixão em Barcelos.

 

É óbvio que tudo o que se tem passado nos últimos, já mais, trinta anos, tem a haver com uma grande gestão desse obreiro mor, dessa personalídade absolutamente ímpar que é Jorge Nuno Pinto da Costa, ao transformar um clube regional num emblema conhecido, respeitado, e escolhido em todo o mundo como escola ideal para jovens, pela certeza que dá de os tornar homens responsáveis e dos melhores interpretes, a nível global, da sua arte. Mas também é verdade que a curteza de vistas do clube do império, de Portugal e além mar, como se dizia no tempo da outra senhora, tem ajudado. Acreditar que as coisas acontecem saídas de um qualquer nevoeiro, assente muito mais em conversa do que em trabalho, dá no que dá. Nunca como esta época isso foi tão evidente. Oxalá continuem por muitos anos a pensar e a agir assim, será uma garantia do sucesso do clube do dragão. Estamos demasiado próximos dos acontecimentos, para termos a perspetiva capaz de dar a real dimensão aos feitos do FCP ao longo da últimas décadas. A história far-lhes-á justiça. Viva o Futebol Club do Porto.


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semtelhas @ 12:32

Dom, 19/05/13

 

 

 


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semtelhas @ 12:05

Sab, 18/05/13

 

A cena decorre numa das mais recônditas salas do Palácio de Belém.

 

Cavaco Silva - Então sr. primeiro ministro o que o traz por cá? Está com mau ar.

 

Passos Coelho - O que se passa sr. presidente é que o meu parceiro de coligação se recusa a aceitar o corte nas prestações dos pensionistas, e a Troika não abdica delas, pelo que não me resta outra alternativa que não seja entregar-lhe os destinos do país.

 

CS - Calma homem! Não me passe assim a batata quente para as mãos. Para além de que eu acho que qualquer outra solução governativa não trás qualquer garantia de melhoras, antes pelo contrário!

 

PC - ...

 

CS - Vamos chamar o dr. Paulo Portas e explicar-lhe que embora ele possa pensar que uma rutura agora lhe será favorável nas urnas, está enganado. Percebeu que se expôs demais e que se colocou numa situação em que ou perde toda a credibilidade, ou provoca um golpe de teatro, no que é muito bom. Mas há outras soluções. Por exemplo o sr. continuar a liderar um governo de minha iniciativa, sózinho ou acompanhado, enquanto ele fica a falar sózinho e a perder votos por mais que vocifere. Ele não vai querer isso.

 

PC - E se ele acabar por romper? Acha que tenho condições para governar até ao fim da legislatura?

 

CV - Não vai ter outro remédio. Pelo menos o mais tempo possível. Seja como fôr, caso não aceite o desafio, não faltarão candidatos do PSD, ou da sua área de influência, que o queiram, a escolha é sua. Os outros, a oposição, não vão aceitar mais nada que não sejam eleições, e isso é tudo o que não nos interessa neste momento. Perder as autárquicas é um dado adquirido e um mal menor atendendo às circunstâncias. Mas precisámos de tempo para recuperarmos até às legislativas. No minímo temos que lhes roubar a maioria absoluta. Caso contrário nunca mais de lá saem!

 

PC - Não sei é o que a chanceler e os nossos credores depois vão dizer para os jornais.

 

CS - A senhora Merkel, até Setembro, vai manter-se calada relativamente ao que se passa fora da Alemanha. Uma frase aqui, um comentário ali, sempre no sentido do que os seus eleitores querem ouvir. Depois disso vem o rescaldo das eleições, de lá e de cá, e assim ficámos perto do fim do tempo da Troika, a um ano das legislativas, quando o sr. já começou a fazer algumas promessas e a inverter a política, a distribuir algumas benesses...Quanto aos credores, o que eles querem é a garantia de continuarem a cobrar os juros.

 

PC - E entretanto? Os sindicatos, os patrões, a rua?

 

CS - Quem aguentou até aqui também o consegue mais um ano. Ou menos! Logo após a estrondosa derrota nas urnas, enquanto eles festejam, é preciso concertar uma estratégia no sentido de dar sinais positivos à sociedade. Primeiro porque face à dimensão da derrota, eles vão alegar que o governo já não tem suporte popular, depois, como já disse, porque é absolutamente necessário minimizar um desastre nas legislativas, sejam elas em 2015, como é desejável para dispôrmos de mais tempo, sejam já para o ano, depois dos credores irem embora. Para si até nem seria mau desaparecer de cena nessa altura, lavar as mãos e deixar a problema para os socialistas. O problema é que eu ainda tenho que continuar por aqui, e do que menos preciso é de esquerdistas irresponsáveis a borrarem-me a pintura mesmo no fim! Comigo já tão próximo do reconhecimento como mais presente e importante figura da jovem democracia portuguesa. Perdoe-me a imodéstia.


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semtelhas @ 13:26

Sex, 17/05/13

 

Mais do que ver o filme foi emocionante recordar o livro de Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby, durante aquelas duas horas e meia em que o realizador transpôe para a tela, um argumento traçado a régua e esquadro da obra escrita.

 

 

 

Gostei francamente do filme apesar de todos os seus excessos visuais e alguma vacuidade quanto ao âmago da questão. Acredito que Fitzgerald aprovaria esta opção de visualização do que escreveu, em que toda a futilidadade é valorizada, objetivamente na forma comercial como o filme é vendido, mesma o recorrer a uma banda sonora com temas atuais, como que a justificar uma das principais linhas de pensamento do escritor, o que realmente conta é o superficial, o frívolo, o dinheiro, as aparências. Uma autêntica orgia visual através de uma série de situações de extremo conteúdo romanesco que mantém a audiência sempre agarrada à tela, muito mais pela espetacularidade das imagens e pela sucessão de um sentimentalismo básico, do que própriamente devido a uma qualquer reflexão mais profunda sobre o que nos fala aquela estória.

 

Fala-nos da loucura e dos excessos cometidos nos EUA pré grande depressão de 1929, de um lado uma minoria que se perdia numa espiral de consumismo desenfreado, levado ao limite, do outro, a crescente pobreza e indigência de uma população a definhar, e prostada de admiração perante o intenso brilho dos poderosos que invejavam. Fala-nos do sonho americano, da ascensão meteórica na sociedade e à riqueza de qualquer um, desde que tenha a capacidade de ter um  sonho e lutar por ele, independentemente dos meios que utilize para lá chegar. Uma relação amorosa plena de venturas e desventuras leva-nos por ali dentro de ilusão em ilusão até à realidade final.

 

E esta é-nos servida com a mesma elegância de tudo o resto, o que não a torna menos crua: a maior parte das vezes o amor sucumbe ao poder, a dignidade ao interesse, a verdade à mentira e pior, muito pior, porque não deixa que se vislumbre uma saída, estas escolhas não dependem de classes sociais, graus de educação e muito menos de ter nascido na maior pobreza ou em berço de ouro, mas tão só da natureza humana.

 

O autor desta obra, por grande parte da opinião pública dos EUA considerado O livro, morreu ainda antes dos cinquenta, vítima do alcoolismo, depois de uma vida vivida a correr e quase sempre anestesiado, no corpo pelo álcool e na mente pela sua prodigiosa imaginação que o elevava a um outro mundo, como quem foge de uma realidade que sabia inalterável na sua essência. Um homem que sabia demais.


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semtelhas @ 13:04

Qua, 15/05/13

 

Insetos serão o alimento do futuro - Do Ocidente, porque no Oriente são-no hoje. Esta mania de olhar para o umbigo...vai é marchar tudo, baratas cá e vacas lá.

 

Governo não assume despedimentos na função pública - Também é preciso explicar tudo! Querem que eles façam um desenho?

 

Resgate dos bancos contará com taxa sobre depósitos superiores a cem mil euros - Hoje representam 5%, no futuro representarão mais de 1%? E depois?

 

Banco de Portugal de maior lucro desde há décadas - Começa a fazer lembrar aquela estória das reservas de ouro salazarentas.

 

Cavaco aponta a mãozinha de Nª Sª de Fátima para o fecho da sétima avaliação da troika - Primeiro foi a Kátia fadista mandatária para a reeleição, agora é a santa Fátima para a avaliação, só falta o pedante Benfica ganhar a liga Europa para podermos descansar. Oremos.

 

Governo considera enorme sucesso colocação no mercado de três mil milhões a dez anos - O juro foi 5.9%, a troika empresta a 3%, mas acaba para o ano. Parece que o sucesso é mesmo haver alguém que empreste. Até quando?

 

Alex Ferguson termina carreira - Deve ter tomado a decisão quando soube que ía voltar a levar com o special one no Chelsea.

 

Economia recuou 3.9% no primeiro trimestre - A continuar a este ritmo não falta nada para que só possa avançar. Só está a tomar lanço...

 

EUA pretendem colonizar Marte até 2020 - Já alguém lhes falou de um pedaço de terra, 200 por 800, com bom clima, indígenas dóceis, com mar, planícies e montanhas, logo ali depois do Atlântico? É mais perto e muito mais aprazível!

 

Isaltino, Vale Azevedo, Carlos Cruz, etc., todos na melhor prisão portuguesa - Registe-se este preocupação, muito nórdica, de quando esta rapaziada sair, vir devidamente recuperada para se integrar na sociedade.

 

Acabaram carros oficiais com motorista para admnistradores de empresas públicas - Alvaro Santos Pereira prometeu serviço e cumpriu! Foi arrepiante a convicção e vigor, até corou, com que o comunicou a uma assembleia estupefacta e rendida. Força Alvaro!

 

Berlusconi em risco de ser preso - Terão uma Carregueira lá em Itália? Cá está mais um moço que merece tudo dos contribuintes! Caminha fofinha, televisão por cabo, recreio amplo e bem equipado, catering ao nível, e não esquecer instalações dignas para o bunga bunga.


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semtelhas @ 14:00

Ter, 14/05/13

 

Desde os primeiros anos oitenta que aprendi a admirar a inteligência luminosa, o olhar espantosamente cirúrgico e a fantástica capacidade de exprimir estas qualidades por escrito, em textos plenos de um humor, mistura entre a exploração do ridículo, típicamente inglês, e o sarcástico tão português, unidos pela comum ironia, de Miguel Esteves Cardoso.

 

 

 

Naqueles primeiros tempos das crónicas no Expresso, sobretudo divirtia-me lendo aquelas pequenas prosas, espécie de má lingua, especialmente sobre os atavismos de um povo óbviamente atrasado relativamente aos seus pares europeus, recentemente libertado de décadas de isolamento autoinflingido, que funcionavam como catárse, um saudável rir de nós próprios que ajudava a apreender e a encarar a triste realidade de uma forma positiva. Alguns dos textos que escreveu figurarão para sempre como verdadeiros retratos da sociedade portuguesa daquele tempo, e que criaram um exército de discípulos dos quais destaco Ricardo Araújo Pereira.

 

Quando MEC fundou O Independente, do qual guardo religiosamente a sua carta de intençôes, publicada no primeiro número, manteve a irreverência da sua opinião, no sentido de que a sua preocupação maior continuou a ser a de exprimir rigorosamente o que lhe ía na alma. Ora sendo uma pessoa com um sentido de liberdade profundo dedicou-se a desmascarar toda a maldade, assumi-se ela a forma de corrupção ou simples demagogia, que entretanto crescia e se multiplicava no campo fértil da ingénuidade da ignorância, que era mais ou menos generalizada, pasto fácil do chico espertismo português por ele tão bem compreendido e descodificado.

 

Como outros acabou vencido pela teia dos poderes ancestralmente tecidos, mas também pelos encantos de um país morno, que convida ao relaxamento e à fruição das coisas boas da vida, especialmente quando se tem capacidade de, com algum cínico calculismo, fazer essa escolha. Tal como tantas pessoas como seu tipo de perfil, sempre se apoiou nos livros para fugir de uma realidade que tinha dificuldade em suportar, aquela que era constítuida por si próprio, um esteta a conviver mal com o que via ao espelho, e pela grunhice  e fealdade de uma gente maioritáriamente feia, porca e má, tal como ele, salva pelo tal meio ambiente circundante redentor.

 

Perdi-lhe, perdemos-lhe, o rasto durante muito tempo, uma ausência só interrompida pela aparição de alguns livros que, de uns para os outros, foram revelando a recusa de um amadurecimento racional perante uma realidade que insistia em não mudar, diretamente proporcional à entrega a mais rápidos, diretos e terrenos prazeres que só posso imaginar. Paradigma daqueles que nunca tiveram que enfrentar as mais básicas agruras da vida, tratou de as criar para si próprio por via de um misto entre quem, profundamente humanísta, pelo talento, tudo consegue e, simultâneamente, possuídor de uma crua visão raio x, pouco suporta.

 

No lançamento de mais um livro, vimo-lo renascido pela mão da única forma possível de tal acontecer, apaixonado. Circunstâncias mais ou menos dramáticas, para ele e para ela seguramente extremas, deram-lhe a possibilidade de sair do limbo onde se tinha escondido, o da leitura e da gastronomia compulsivas, o qual agora precipitada mas acertadamente minimiza, e aparecer a proferir sentenças com a disfarçada leveza de sempre: que o mundo é lindo, que a vida é uma oportunidade curta e maravilhosa, que devemos muito aos políticos que se dão ao trabalho de trabalhar, que o amor e a paixão uma só e mesma coisa, que a natureza é boa, também porque nos pôe magnificas delícias no prato, que a sabedoria é uma treta sistemáticamente datada pelo que interessa é viver o momento, enfim, um mundo cor de rosa.

 

Abençoados estes eleitos que levantam a ponta do véu dessa puta que é a vida, como diz o Miguel, e nos ensinam a compreendê-la um pouco melhor sempre pelo seu próprio exemplo, não raras vezes bem mais penoso e sofrido do que pretendem fazer parecer, e tão desesperadamente tentam esconder. Que nunca se apague o fogo da sua paixão.


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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