semtelhas @ 10:20

Ter, 31/07/12

E sábia cultura italiana. Na música, no cinema e também na literatura.

 

Acabada a leitura de, O Barão Trepador, de Italo Calvino, reforço a ideia de como está enraízada nesta cultura o recurso a um aprofundar da reflexão, não raramente recorrendo a épocas mais distantes. É nesse âmbito que se situam alguns dos mais notáveis escritores italianos.

 

Quanto ao já referido Italo Calvino, já conhecia Cidades Invisíveis, onde pelos olhos de Marco Polo, o autor descreve dezenas de cidades para nos dar a sua perspetiva de sobrevivência, para a qual pode muito bem servir como autêntico manual. Deste Barão Trepador reflexões sobre a condição humana recorrendo a uma peculiar figura, que abdica da normal forma de vida para, pelo sacrifício, empenho e inquebrantável força de vontade, dar lições de moral, pessoalmente e do alto, literalmente, do seu palanque, até a, imagine-se, Napoleão Bonaparte. Pelo meio os encantos e os desencantos da liberdade, fraternidade e igualdade da revolução francesa.

 

De Humberto Eco o primeiro contacto com um tipo de escrita da qual foi percursor, o romance histórico por vias mais ou menos esotéricas, seguindo efémeros trilhos , normalmente ligados à religião ou a seitas secretas. O Nome da Rosa e o Pêndulo de Foucault não são de leitura própriamente fácil. Tratam-se de longas e intrincadas estórias que exigem concentração e pertinácia. Com o fim chega a recompensa.

 

Elias Canetti dá-nos em O Auto de Fé uma pormenorizada e bem sensível experiência pelos terríficos corredores da inquisição, da obrigatória destruição de livros,  naquilo que terá sido o seu maior crime, para além da fogueira, destino dos hereges, e da deslocação em massa de algumas populações que, mais tarde viria a provar-se fundamental na história de algumas nações (atente-se no caso do esvaziamento de importância dos povos da peninsula ibérica em favor da Holanda e da Flandres).

 

O Conformista de Alberto Morávia é um passeio pela (quase) sempre aparentemente decadente e cansada(?) sociedade italiana na qual, paulatinamente se vão perdendo os valores sustentáculos da moral e que, efeito comum a outros tempos e de outras formas, levaram ao surgimento do facismo. Sempre presente aquela sensação de que aquela gente já passou por tudo e que resulta numa espécie de indiferença generalizada, onde as mesmas causas que noutros lugares dão em revoluções ali não passam de acontecimentos ligeiros.

 

Para o fim, Se Isto É Um Homem, de Primo Levi. Pungente relato na primeira pessoa  da vivência deste autor italiano de ascendência judaica, em Auschwitz. Arrepiante prova de até onde um ser humano pode chegar em nome da sobrevivência. Documento histórico que tanta utilidade teria se ensinado aos jovens por esse mundo, dito desenvolvido, fora. Talvez aprendessem a valorizar o muito que têm. Impressionante como atualmente na europa, face a situação politico e socioeconómica, está em preparação um caldo de factos que remetem para aquilo que foram as motivações génese do último grande conflito neste continente. O recrudescer de ódios que se julgavam(?) desaparecidos, devidos a consideráveis diferenças no modo de estar das populações. Começa a ser cada vez mais evidente a incapacidade que os povos do norte, liderados pela Alemanha, têm em suportar aquilo que apelidam de boa vida dos do sul à custa deles. Nada pior que os ressentimentos contidos, quando se manifestam chegam pejados de requintes de malvadez. Está aí a prová-lo, o infelizmente cada vez mais decifrável livro de Primo Levi. Por isso devia ser amplamente divulgado. Talvez refrescasse algumas memórias e conduzisse a mudança de politícas. Provávelmente, como sempre, a cura só chegará pela dor.  


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semtelhas @ 11:45

Seg, 30/07/12

Há pessoas que, por natureza, juntam a uma enorme sensibilidade o sentirem a vida com uma intensidade tal, parecem absorvê-la em doses tão excessivas, que muitas vezes estas se tornam letais.

 

É um fenómeno comum a todos mas óbviamente mais visível quando as pessoas em causa são conhecidas. Os exemplos são numerosos: Marco António e Cleópatra; Van Gogh; Jim Morrison e Janis Joplin; Virgínia Woolf e Jack London; Marilyn Monroe e James Dean, etc..

 

Em todos eles podemos encontrar uma espécie de urgência em consumir o tempo, aproveitando-o ao máximo, o que resultou que elas próprias acabaram por se tornar "bigger than life".

 

Vem isto a propósito de um excecional documentário que vi de uma atuação de Amy Winehouse, em 2006, poucos meses antes da edição de Back to Black, numa pequena igreja algures na Irlanda. Já claramente na antecamera daquilo que viria a ser o seu inferno, através de uma entrevista conseguimos vislumbrar o porquê da forma arrebatadora como nos faz mergulhar naquilo que temos mais profundo em nós. Entrega absoluta, disponibilidade total, plena de humildade, crença máxima na imensa beleza da música, das palavras. Cinco ou seis canções acompanhadas por uma guitarra baixo e outra solo, e uma voz abençoada mas mais, muito mais importante, utilizada como se fosse pela última vez num autêntico apelo a tudo aquilo que possa conduzir ao amor no seu sentido mais lato.

 

.......

 

Porque na realidade é isso mesmo que fazem estas pessoas, estão armadas de sentidos tão apurados que, vendo mais longe, mais depressa e com mais clareza, na explosão comunicativa que provocam, na sua fúria de viver, gritam desesperadamente em volta, alguns quase como quem mendiga perdão, para que os ouçam e vejam o que, cegos, quase todos os outros ignoram menorizam ou votam à indiferença. Em fuga acabam por cair no abismo, voragem que para eles é a existência, num mundo dominado por crenças, preconceitos e medos.


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cores da lua @ 22:40

Dom, 29/07/12

"I was a Flower of the mountain yes when I put the rose in my hair like the Andalusian girls used or shall I wear a red yes and how he kissed me under the Moorish wall and I thought well as well him as another… then he asked me would I yes to say yes my mountain flower and first I put my arms around him yes and drew him down to me so he could feel my breasts all perfume yes and his heart was going like mad and yes I said yes I will Yes."

 


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semtelhas @ 11:52

Dom, 29/07/12

Clint Eastwood e Kevin Costner, juntos em Mundo Perfeito, realizado pelo primeiro.

 

 

Rever, quase vinte anos depois, um dos mais bonitos filmes do veterano ator/realizador norte americano, que escolheu como protagonista outro que tal, ainda que mais recente e atualmente desaparecido do topo das noticías, trouxe-me imensas memórias.

 

Kevin Costner é aquele tipo de ator com tão marcado perfil e postura de herói, mesmo quando faz de anti-herói como em Mundo Perfeito, que o levou a dar uma espessura tremenda às várias personagens que foi interpretando. Robin Wood, JFK, Wyat Earp, entre outros menos conhecidos mas igualmente reconhecidos pelo público, The Postman, Bodyguard, Os intocáveis. Dois filmes marcaram decisiva e inversamente a sua carreira, Danças com Lobos e Waterworld, os quais protagonizou, dirigiu e produziu. O primeiro deu-lhe duas mãos cheias de óscars e o segundo esgotou-lhe a conta bancária. Se o primeiro se tratou de um superfilme, perfeito quase sobre todos os pontos de vista, já o segundo está muito londe de merecer a receção que teve, muito abaixo das expetativas. O seu pecado terá sido estar francamente à frente do seu tempo.

 

Clint Eastwood é uma lenda viva do cinema mundial. São tantos e tão notáveis os filmes interpretados e realizados por este génio da sétima arte, que é dificíl destacar seja o que fôr. A sua vastissíma carreira divide-se básicamente em duas fases, enquanto ator e depois realizador/ator (também produziu muitos dos seus filmes). Mais ou menos coincidentemente  com estes períodos surge uma espécie de mudança no olhar de Eastwood sobre o que o rodeia e, consequentemente, na escolhas que faz como resposta às questões que coloca nos argumentos com que trabalha, originais ou adaptados. Da primeira fase distingue-se claramente a saga Dirty Harry(Harry Callahan), uma sucessão de fitas nas quais defende uma atitude muito dura, mesmo violenta, do policía que é sobre os malfeitores, omnipresente e exclusivo inimigo de sempre. A segunda iniciar-se-á com O Imperdoável, quando na verdade a questão do perdão se começa a colocar. As pontes de Madison County, Mystic River, Million Dollar Baby, As Cartas de Iwo Jima ou Grand Torino, são obras de arte intemporais pelas matérias que abordam, e sobretudo pela forma magistral como o fazem.

 

Curioso é pensar como estes dois homens estão tão longe da escola italo-americana de Scorsece, Copolla, De Niro, Al Pacino, etc.. Onde nestes há a ancestral sabedoria europeia, naqueles sobressai a frontalidade e coragem dos duros, próprias de uma nação jovem, feita por emigrantes e à lei da bala. Tão diferentes e tão iguais em brilhantismo e talento.


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semtelhas @ 11:56

Sab, 28/07/12

Tantas vezes incorretamente utilizado para classificar algumas obras, nunca veio tão a propósito como adjetivo para o desempenho de Jack Black no filme, Morre e Deixa-me em Paz.

 

 

Apesar de tudo ainda há muita gente que escolhe o filme pelo título. Deve ter sido por isso, como em tantas outras ocasiões, que a entidade responsável pelos nomes atribuídos em Portugal escolheu este em troca do original, Bernie. Primeiro indicía a conta em que têm os espetadores portugueses, preferem assistir a idiotias para rirem alarvemente, segundo, neste caso os idiotas são aqueles que conseguem intitular um filme passando uma ideia diametralmente oposta ao que nele é retratado. Isto de partir do princípio que os outros são mais burros que nós nunca deu resultado. Acredito que também neste caso isso se irá verificar.

 

Claro que a presença de Jack Black ajudou a cair na tentação. Ator normalmente ligado a comédias leves onde costuma desempenhar papeis mais ou menos apalhaçados. Esse é o engodo utilizado, mas que irá resultar numa espécie de "tiro saído pela culatra", já que aqui a personagem é essencialmente dramática. Estão a vender lebre por gato.

 

Desde Tootsie (Dustin Hoffman), ou Mrs Doubtfire (Robin Williams), que não assistia a um desempenho ao mesmo tempo contido e exuberante, mas sempre seguro, a roçar a perfeição, de uma personagem que se movimenta entre a necessidade de exteriorizar um determinado estado de alma quando a realidade intrínseca é bem diferente. A partir de uma estória baseada em factos reais, parte das pessoas que inspiraram o filme ainda vivem e tivémos o possibilidade de as ver no trailler final, toda a fita gira à volta da personagem de Jack Black, que é o filme, mas também plena de excelentes monólogos e diálogos, tendo por fundo bonitas imagens profundamente americanas, numa viagem que também nos ajuda a perceber um pouco melhor como aquela sociedade mais do interior dos EU funciona.

 

Ao contrário do que nos querem vender, passámos noventa minutos pregados ao écran, não tanto pelas diabruras de um palhaço, mas reféns da grande dose de humanidade que aqueles costumam possuír.


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cores da lua @ 21:00

Sex, 27/07/12

Fantástico, o trabalho deste fotógrafo alemão: Heinz Maier.

É brilhante, o resultado final das suas fotografias sem qualquer manipulação digital: fotografia, macro, de gotas de água em alta velocidade que, pela sua notável técnica, se transformam em verdadeiras esculturas de água.  

 

© Heinz Maier

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semtelhas @ 13:53

Sex, 27/07/12

Os Donos de Portugal, é como se intitula um documentário exibido ontem à noite na RTP2.

 

Durante mais ou menos uma hora ficámos a conhecer a meia dúzia de famílias que há muito mais de um século têm o poder em Portugal. Do ponto de vista histórico faltam-me conhecimentos para poder fazer uma avaliação completamente honesta, ainda assim, tendo por base o que ao longo dos anos tenho lido, visto e ouvido sobre esta matéria, permite-me afirmar que o relatado não andará muito longe da verdade.

 

Mellos, Espiríto Santo, Champalimaud, estão na base, este último já resultado daquilo que terá sido o principal segredo para que este dominío dure tanto tempo. Não deixa de ser impressionante como toda esta gente se foi ligando por via de casamentos, fatalmente de conveniência, pelo menos a maioria deles já que seria muita coincidência que o amor com tanto a propósito brotasse. Como se de uma monarquia sempre se tenha tratado os verdadeiros reis de Portugal sempre foram, e continuam a ser, ainda que menos evidentemente fruto da integração na União Europeia, esta mão cheia de barões do poder que com tanta sapiência se têm feito, digamos, cruzar, uns com os outros. Uma imensa árvore genealógica, que permite confirmar como todos têm haver uns com os outros. Pacto desenhado algures entre o céu e o inferno, um limbo onde reina um deus que parece desconhecer a palavra equidade, paulatina e laboriosamente tecido e sistemáticamente consumado.

 

O mais espantoso de tudo isto é que imunes a mais ou menos profundas alterações de índole politica ou militar sempre se têm aguentado. Contra ventos e marés, leia-se revoluções ou integrações, tremem mas não caem. A pertinácia dos sempre em pé que muito bem sabem fazer pela vida. Costuma ser nestas ocasiões que se juntam à trupe novos reforços, provenientes de inovadores formas de trepar, e então lá aparecem os Belmiros e os Amorins, renovadas formas de esperteza.

 

Têm sabido utilizar como ferramenta indispensável para o seu dominío o poder dito legalmente instituído. O documentário demonstra à saciedade a tão sábia quão diabólica dança de cadeiras que esta gente promove entre eles, deixando de fora a quase totalidade dos restantes, sobrando aqui ou ali, normalmente para premiar pragmáticas fidelidades, uma ou outra côdea, que os felizes(?) eleitos orgulhosamente exibem provocando irreprimíveis invejas. Os outros todos? Cá vamos andando com a cabeça entre as orelhas, como diz o outro, a esfalfármo-nos todos a tentar mostrar serviço uns aos outros, tantas vezes mostrando-nos mutúamente os dentes, manhosamente assorreados por suas excelências que, do alto das suas torres de marfim, sejam elas as faustosas casitas ou os garbosos gabinetes empresariais ou do governo (e como se governam!), nos vão altivamente observando, por vezes até táticamente descendo ao povoado, especialmente em tempo de eleições, mas habitualmente ao longe, afastados de inumeras possibilidades de indesejáveis contágios. É verdadeiramente espantoso um gráfico mostrado, que relaciona algumas destas pessoas com as principais empresas deste exaurido país, parece uma teia de aranha mil vezes mais complexa que as comuns, e na qual pessoas tem caído vitimas e alimento de uns quantos, que com elas pacientemente tem armadilhado a vida a todos os outros.

 

Quanto a mim, já algo veterano nestas matérias, custa-me o tom em que esta peça foi narrado, algures entre a impotência, a revolta contida disfarçada de indiferença e o subliminar sarcasmo e ironia. Nem eles são assim tão simplísticamente ou intrínsecamente maus, nem os restantes tão completamente inocentes. A maioria de nós limita-se a deixar-se andar, seja por incapacidade, inércia ou, também é certo, por não ter nascido em berço de ouro. Os que tiveram essa sorte, pelo menos a maior parte, limitaram-se a dar seguimento ao único estilo de vida que sempre conheceram. Trazer à luz do dia as batotas de Alfredo da Silva ou de Champalimaud, de Belmiro ou de Amorim, pelas quais nunca foram penalizados, protegidos por quem tinham colocado nos poleiros do Estado, ou as tantas indignidades que por estes e por outros, foram e são cometidas sobre os mais fracos é útil e indispensável como diagnóstico mas, mais importante ainda, é encontrar uma terapia. A amargura não é boa conselheira para atingir tão ansiado objetivo.  


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semtelhas @ 10:45

Qui, 26/07/12

É por estes dias que por cá, andando o pessoal mais "solto", alguns fantasmas do passado resolvem sair dos poeirentos sotãos para me assombrarem a memória. 

 

Ele são as touradas; as cada vez mais numerosas "moças" já com várias décadas no, como diria a nosso primeiro, lombo; as boazonas de serviço; os "machos de praia" ou aquela barulhenta rapaziada do tunning, a verdade é que tudo isto me faz recuar ao meu tempo de menino, e ficar a pensar o quanto ainda temos para andar. Mas...uma coisa de cada vez.

 

 

Quando vejo aquelas transmissões televisivas de tourada, que me atiram o Nilton para  os confins da madrugada, observo como alegremente uns quantos garbosos senhores, agora também senhoras, fazem do touro uma espécie de alfineteiro e, pasme-se, algumas dezenas de vistosas e adivinha-se bem cheirosas criaturas ataviadas em glamorosos trapinhos que mal cobrem tisnadas peles, ainda por cima batem palmas e lançam charmosos  sorrisos e acenos aos "artistas", aquilo tudo ao som de uma normalmente desafinada corneta, pergunto: que enormes e misteriosos poderes obrigam a televisão que todos pagámos a transmitir em horário nobre, à sexta feira, semelhante enormidade?

 

Sempre existiram as tais "moças", mas agora multipicam-se como cogumelos. É ver como orgulhosamente exibem bamboleantes gorduras suspensas por cansadas e rugosas peles, muitas vezes disfarçadamente cobertas por esforçados bikinis que bem tentam o impossível. Mas o pior é o guloso e lânguido olhar. Esse mesmo que tão arredio está dos formosos rostos das boazonas de serviço, deslizantes seres de e para o mar, trabalho é trabalho!, que quando, do alto da nossa, momentâneamente titubeante, sabedoria pousámos as cansadas vistinhas naquelas brilhantes superficíes ou nos profundos e tropicais vales, olham para nós perguntando: nunca "vistes"? Está tudo trocado(esgar de triste cansaço).

 

Também entre eles se continuam a descortinar alguns espécimes que se julgava extintos. Zézés decrépitos, alguns mesmo já em adiantado estado de putrefação, continuam a provocar os mais pertubantes distúrbios entre a fauna do sexo fraco que povoa as nossas calientes areias. Entre os mais novos subsistem alguns machos que passeiam toda a sua rija virilidade, que visívelmente fazem um esforço para conter dentro de limites razoáveis(?), mas é mais no seio daquela juventude de cinquentões que mais encontrámos o "sempre pronto", mui peludo e torrado macho, de tanga a segurar os cavalos e a exibir formosas nalgas, medalhão ao peito e o penetrante olhar, sensível mesmo por detrás dos rayban. Imagino que o mulherio deve ficar de gatas.

 

Confesso que aquela rapaziada que continua a passear pela praia, de carro ou a pé com aqueles rádios para os quais penso dava jeito um carrinho de mão para os transportar, ouvindo música com o volume no máximo, obtendo assim o triplo efeito de, primeiro anúnciar ao mundo as suas fantásticas e estridentes preferênciais musicais, das quais não resisto a salientar a inominável saga dos Carreira, segundo deixarem a babar de desejo, e utilizando os seus termos(e não estou a exagerar), "o gado todo", e terceiro, levar toda a gente a um estado mais ou menos catatónico, algures entre a incredulidade e a vontade de os "metralhar" até ao silêncio final, confesso, dizia eu, não augura nada de bom.

 

Enfim! Como diriam estes personagens, felizmente cada vez mais remetidos à condição de cromos, é só inveja!


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semtelhas @ 13:11

Qua, 25/07/12

É o conteúdo do livro "Orlando" de Virgínia Woolf.

 

Já tinha tentado ler "Ondas" da mesma autora mas tal tarefa revelou-se impossível por de tão etérea obra se tratar. Uma escrita que vai aos confins da mente humana de uma forma sistemática, raramente a escritora sobe à tona, à vulgar vivência do comum dos mortais, como quem, jogando xadrez, vai por ali fora tentando anticipar os movimentos do adversário até ao ponto de correr o sério risco de se perder no seu próprio labirinto.

 

Após a leitura de "Orlando" voltei à carga, já mais armado, mais capaz de descodificar o pensamento desta genial mulher, mas ainda não foi desta que consegui ler aquela que é considerada a sua melhor obra. Fica para a próxima.

 

Ainda assim do pouco que avancei deu para perceber que o seu tema preferido consiste  numa certa obsessão pela passagem do tempo, pela incontornável incapacidade que temos de compreender o fenómeno, e como, perante isso, as várias faces da existência adquirem uma aura de mera transição, reduzindo à expressão mas simples todas as formas de cultura ou mostrando absoluto desprezo por todo o tipo de preconceitos. A personagem Orlando, atravessa três séculos durante os quais foi primeiro homem e depois mulher, foi rico e conheceu a pobreza, viveu em terras cristãs e viajou longamente por países muçulmanos, sedentária/o e introvertida/o por natureza experimentou o nomadismo dos ciganos e amou a natureza ao ponto de nela se desejar perder. Impressionante a densidade da sua escrita que, num pequeno livro, nos explica as múltiplas formas da alma humana se apresentar, mas também de como retrata fielmente os hábitos da população que constituía as várias sociedades que vai descrevendo, para finalmente ficar claro que, mesmo mudando radicalmente a sua forma de vida com o passar do tempo, Orlando, homem ou mulher, metáfora de todos nós, continuava com as inquietações e problemas de sempre.

 

Certa vez, num considerável estado de alucinação, experimentei um autêntico momento de pânico ao ousar espreitar as profundezas do abismo que pode ser qualquer tentativa de perceber esta diabólica máquina do tempo da qual parece fazermos parte. Tenho a veleidade de pensar que, numa insaciável procura de verdade, foi a incrível capacidade que Virgínia Woolf tinha para cavar fundo nesse tão incomprensível quanto magnético mundo infinitamente grande ( infinitamente pequeno?), que é a mente humana, que a levou a buscar a paz  por via do mais radioso dos caminhos, fundindo-se com a natureza, origem e destino deste tudo e/ou nada que julgámos conhecer.

 

Obs - Há uma versão em filme de Orlando que recordo vagamente. Bem presente tenho a imagem de Tilda Swinton, ainda pouco conhecida na altura, que interpreta magistralmente as duas facetas, masculina e feminina, da andrógina personagem central da estória.


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cores da lua @ 13:07

Qua, 25/07/12

 

Ela surgiu na escadaria – lembrava um sonho – vestida de pouco e organza; estremeceram, queriam apenas estar sozinhos, mal se perceberam: desceram a escada em vertigem. Ele, descobriu palavras certas, simples, falou-lhe que a amava muito – de verdade – mesmo.

No último degrau: prometeram nunca se abandonarem. Amavam-se no silêncio proferido, em carícias, pela arrebatada e indefinível paixão; há momentos que se eternizam – por nossa vontade – no prazer perfeito; amavam-se sem pressa, seria sonho?

Pouco importa (sonho ou realidade), não queriam desperdiçar tempo – era condição amar.
Sentiam-se, em absoluto, quando soltavam suas vozes. Loucos os amantes: perdem-se no seu infindo prazer, perdem-se por querer, e reencontram-se nele.

 



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semtelhas @ 11:33

Ter, 24/07/12

Estão por estes dias a completar-se exatamente vinte e cinco anos sobre uma viagem que fiz ao Canadá e aos Estados Unidos da qual guardei memórias indeléveis.

 

Corria portanto o glorioso ano de 1987, o tal da conquista da primeira taça dos clubes campeões europeus pelo FCP, e o segundo do mandato de Mário Soares enquanto presidente da républica após uma eleição em que muito mais esteve em causa, e nas quais, por uma unha negra, os portugueses escolheram, em definitivo, os turbulentos caminhos da democracia.

 

A economia do mundo ocidental estava em pleno crescimento e Portugal ía na carruagem. Os investimentos multiplicavam-se e foi com estes na mira que rumámos à América a convite de um importante fornecedor, pelo qual fomos escolhidos dado o potencial que vínhamos demonstrando posicionando-nos como uma das mais promissoras empresas do setor a nível europeu.

 

Começámos por Montreal no Canadá, onde permanecemos escassos dois dias, pelo que guardo sómente a imagem de uma cidade super moderna, onde já proliferavam os centros comerciais, nessa ocasião a aparecerem em Portugal, muitos deles largos metros abaixo da superficíe terrestre para fugir ao muito frio que domina por aqueles lados, e da distância enorme que, quando chegámos, tivémos que percorrer entre o aeroporto e os limites da urbe, primeiro contacto com a realidade mais sensível, tudo grande.

 

Entrar nos EU foi quase como quem vem da aldeia para a cidade. Incrível como era notável a diferença, pelo menos por aquela fronteira. Começa logo pelos policías, muito mais "cowboys", interventivos e exigentes na revista, nas papeladas, na forma como nos perscrutavam com o olhar. Mas uma vez ultrapassado esse momento foi como se acabássemos de passar num exame, e, uma vez aprovados, é a liberdade.

 

Já desde Montreal que viajávamos de jipe, e assim continuámos até ao Alabama, o estado mais a sul que visitámos. Rodámos entre as montanhas Cherokee, vimos reservas de índios, passámos por cidades tão emblemáticas como Nashville onde visitámos um enorme estabelecimento de diversões multiplas da cantora country Dolly Parton, o qual aliás descobrimos uns bons kms antes, porque aquele exibia no telhado uma enorme imagem da artista onde sobressaiam certos, e não menos avantajados apêndices da senhora.

Continuámos por ali abaixo, as noites dormidas à beira da estrada naqueles típicos móteis norte americanos que só conhecia dos filmes e onde nos eram servidos pequenos almoços que mais pareciam banquetes. Ainda muito jovem comia e bebia até chegar com o dedo, o resultado seria bem visível umas semanas e alguns quilos depois. Até porque os jantares eram sempre uma orgia de bifes com uma inacreditável largura de ombros, lambuzados pelos mais fantásticos molhos e empurrados por várias saborosas Budweiser, a cerveja oficial lá do sítio. Durante o dia fazíamos por merecer os ditos repastos visitando inúmeras fábricas, das quais, entusiástica e quase febrilmente ía sacando ideias para aquilo que queríamos  fosse o implantar de uma revolução na nossa. Dessa parte retenho sobretudo a noção de que as pessoas ganhavam salários relativamente baixos, mas que podiam aumentá-lo muito em função do que produzissem. Uma política de prémios. Também observei pela primeira vez no terreno ideias sobre o "just in time", teoria a propósito do controle de stocks, e de "defeito zero". Foi uma saga que durou duas semanas e que terminou em Charlotte, onde como despedida, os americanos nossos guias que nos acompanhavam desde o princípio, nos ofereceram um jantar tardio numa daquelas casas onde, às tantas, as empregadas que nos serviram a refeição, já no fim desta e acompanhadas por música ao vivo, saltaram para cima da mesa que rodeámos e, em troca de notas de dólares que atrapalhadamente íamos prendendo nos escassos trapinhos que as cobriam(?), nos brindavam com danças mais ou menos provocatórias, durante as quais foram escostando-nos ao nariz certas proeminências...sendo eu o mais novo, logo o mais visado pelas meninas, aquilo foi um gozo para os outros e para mim um delírio.

 

O melhor ficou guardado para o fim. Restáva-nos uma semana para o regresso e, já que estávamos ali...foi passada em Nova Iorque. Os anos oitenta daquela imensa cidade foram loucos, e isso, mesmo em tão pouco tempo, foi sensível. No Harlém, dentro de um WC, um negro a injetar-se e nada incomodado com a visita lá continuou calmamente vendo-me a fugir dali; a vertigem da visão, subida e olhar do alto das torres gémeas; reviver um sem número de cinematográficos episódios no Empire State Building; o assustador movimento e dimensão da Chinatown, ou de Little Italy onde fui atingido pelas vibrações da máfia; descer a Brodway ladeado por dezenas de casas de espetáculos já há muito presentes no nosso imaginário; percorrer a 5ª Avenida onde nos sentimos no topo do mundo da riqueza e do luxo dos resplandescentes hóteis de cinco estrelas com dezenas de limousines à porta; ser esmagados pelo Rockfeller Center, Wall Street ou toda aquela zona de onde se pode ver a Estátua da Liberdade, foram pormenores numa sensação mais global que nos envolve. Tudo tinha começado quando nos hospedámos, já bem  noite dentro, num trigésimo não sei quantos andar de um hotel da 42ª street, cujos quartos tinham uma das paredes, inteiramente de vidro, virada para a Brodway que fervilhava como se fossem oito da noite. Pelo meio fomos ver um célebre espetáculo musical, Oh Calcutá, no qual as várias dezenas de artistas atuavam despidos; fizémos refeições em locais surreais, e, acima de tudo, pudemos sentir cultura por todo o lado, como quem a respira. Acabámos a percorrer longamente o inenarrável Central Park, paradigma do espaço para a prática da saúde fisíca e mental, e como os novaiorquinos o comprovam esgotando ringues, piscinas ou bibliotecas que por lá existem, e onde quase cheguei a trocar umas impressões com o meu amigo Woody Allen.

 

Das tais sensações. Na provincía tinha ficado com a ideia que toda aquela gente, desde os donos das fábricas, até às mais simples rapariguitas que trabalhavam nas máquinas, e como!, vi uma que o fazia com os mãos e os pés, uma campeã em prémios, fazia parte de um imenso departamento comercial que é aquele país, todos vendiam qualquer coisa, o sistema capitalista no seu estado mais puro. Já em Nova Iorque o que pairava no ar era uma espécie de super confiança, noção de teto do mundo, de cosmopolitismo ímpar, de ritmo infernal sem tempo para pieguices ou fingimentos, o pragmatismo em toda a linha, uma espécie de corrida sempre em frente que hipnotizava e atraía irresístivelmente. Era óbvio o sentimento de farol da humanidade.

 

Hoje, passado um quarto de século, é muito mais fácil detetar os podres no meio de todo aquele brilho, mas que no momento foi absolutamente fascinante, e que parecia que tudo aquilo fazia sentido, lá isso parecia.


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semtelhas @ 12:27

Seg, 23/07/12

Fiel Companheiro é mais um daqueles filmes que parecendo escolherem o caminho da sedução fácil, acabam por deixar em nós um rasto dificíl de apagar.

 

 

Não sei se tem a ver com o avançar da idade ou de qualquer idiossincrática questão, a verdade é que últimamente dou comigo a ter vontade de ir ver filmes, e mais surpreendente ainda, a apreciá-los, que não há muito tempo recusaria por considerar puras perdas de tempo, pela opção que fariam de escolhas óbvias, mais preocupadas em ganhar muito dinheiro nas bilheteiras, do que em qualquer raciocínio minimamente sério fosse sobre o que fosse.

 

Penso que o motivo para tal alteração, como em muitas outras coisas, se trata de uma questão de maturidade, no sentido do que esta nos acrescenta em tolerância por troca com algum fundamentalismo que descobrimos inconsequente, porque normalmente de dificíl sustentação, por vezes até ridículo e sempre consumidor de energias que podem ser muito melhor aproveitadas.

 

Já tinha acontecido recentemente com, Companheiros Inseparáveis, A Pesca do Salmão no Íemen, e agora com este Fiel Companheiro ( Darling Companion, no original).

 

Qualquer deles tem em comum aquele tripé indispensável para que não caiam na vulgaridade e tenham sucesso, bom argumento, excelentes atores e imagens atrativas. Mas o mais importante é a sensação que nos fica de termos acrescentado algo ao nosso olhar sobre a vida. Provávelmente o que está a acontecer é a máquina que está por trás desta indústria ter descoberto, finalmente, o melhor de dois mundos, transmitir ideias construtivas, positivas, mas também de dificíl alcance, de forma agradável, recusando aquela muito enraízada noção de que tal só é possível percorrendo os árduos caminhos de um realismo pungente.

 

Procurar um cão perdido algures na floresta, que tinha surgido na vida das pessoas para preencher um vazio e, durante essa longa, fatigante e plena de episódios tarefa, um conjunto de pessoas encontrar-se, primeiro cada uma delas consigo próprias e depois umas com as outras, pode ser uma super reduzida sinopse duma estória contada em noventa minutos francamente bem passados e, aqui reside a feliz novidade, durante os quais podemos vislumbrar algumas pistas bem interessantes como alternativas para enfrentar um, mais, ou menos, sofisticado, ou doloroso, ou monótomo, ou... dia a dia.

 

 


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cores da lua @ 23:17

Dom, 22/07/12

Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos.

 © Saint Exupéry

 


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semtelhas @ 13:32

Dom, 22/07/12

Quando o mensageiro se torna mais importante que a mensagem, sobretudo se esta é relevante, isso quer dizer que estamos perante alguém dotado de grande capacidade de comunicação. Todos o reconhecemos no caso de Hermano José Saraiva.

 

 

Para além desta característica era também um homem profundamente conservador e, por consequência, perfecionista em todas as atividades que se propunha executar, escravo dos seus conceitos de ética e estética, mas também de natureza extrovertida, entusiasta e alegre, em suma possuidor de um enorme ego.

 

Tal como a grande maioria das pessoas, também eu nutro pela multifacetada personagem sentimentos ambivalentes, igualmente como a todas elas, éra-me dificíl resistir às carradas de charme e sedução com que, juntamente com as estórias com que enfeitava a história, nos armava a ratoeira onde caímos vítimas do brilho, e ele nos (e se) encandeava, entusiásticamente relatando episódios decorridos séculos atrás como se tivéssem sido ontem.

 

Uma vez embalado nunca mais ninguém o segurava, imparável centro das atenções, hipnotizado pela suas próprias palavras, cada vez mais certo da posse da verdade, irredutabilidade que tantas vezes o terá levado a sofrer grandes revezes como terá sido, por exemplo, o seu afastamento do governo após revolta estudantil. Era daquelas pessoas, que pela profundidade e dimensão da dor que lhes provoca, ás quais é impensável abrir mão das suas crenças, mesmo quando óbviamente erradas ou ultrapassadas, que preferem arrastar estigmas ao longo do resto da vida. Aquela convicção, mas também falta de humildade que distingue os homens de muito valor, das personagens de igual valia mas que adquirem enorme dimensão por lhe acrescentarem humanidade. A grandeza de, brilhando intensamente, serem capazes de vislumbrar para além dessa barreira de luz.

 

Ainda assim, e embora o senhor de La Palisse as não desdenhásse, não resisto ( cá está a força do comunicador que era Hermano José Saraiva!) a citá-lo em três questões. Primeiro a forma como ele continuava, ainda há pouco tempo, a defender a colonização justificando-o pela necessidade e obrigação dos povos mais desenvolvidos levarem a civilização aos mais atrasados, omitindo quando e de que forma deve terminar esse processo. Segundo, quando dizia que no sul era muito menos conhecido que no norte, e até contava o episódio de ainda recentemente, algures abaixo do Tejo, lhe terem pedido o bilhete de identidade para se identificar. Situação que ele explicava pela enorme diferença cultural entre as pessoas que vivem acima ou abaixo do Mondêgo...deixando de fora politicas amarguras. E, finalmente, a propósito da democracia enquanto sistema político, que era fantástico em países de alto nível cultural e educativo como a França ou a Inglaterra, mas se aplicada num país dos confins de Africa, os habitantes daquele acabariam a "comer-se uns aos outros". E em Portugal? Ao que respondeu: se é pela educação e cultura que a democracia se começa a construir então porque é que no nosso país se gasta muito mais dinheiro com o ensino universitário que com o primário?

 

E esta hem? Como diria outro, também já desaparecido, comunicador da nossa praça.


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semtelhas @ 12:36

Sab, 21/07/12

 

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Mais conhecidos pelos "Proms", os originais, um  imenso palco de música clássica que se realiza este ano pela 118ª vez, ao longo de  mais de dois meses no Royal Albert Hall em Londres.

 

A rádio Antena 2 oferece-nos quase todos os dias, durante o período referido, a partir das 19h a possibilidade de ouvir em direto algumas das mais importantes obras musicais de sempre. É um previlégio que é quase pecado não aproveitar. A linguagem musical, pela sua natureza simples de ser percecionada e pela relativa facilidade com que pode ser transmitida, continua a ser, desde o tempo dos arautos tambores, a mais universal de todas.

 

Este ano faz parte do programa a transmissão de todas as sinfonias de Beethoven. Este compositor é um dos percursores do romantismo, estilo ainda hoje preferido pela maioria dos amantes da grande música. Conta-se que quando era menino alguém percebeu todo o seu talento capaz de continuar Mozart, renovando-o pelas mãos de outro grande mestre, Haydn, ele próprio amigo de Wolfgang Amadeus.

 

Ontem mesmo deu-se início à transmissão da integral com a 1ª e a 2ª sinfonias. A interpretação esteve e estará, a cargo da West-Eastern Divan Orchestra, liderada pelo maestro Daniel Barenboim, a tal que foi criada por este tendo como objetivo central derrubar barreiras através da união cultural, como é exemplo principal o maior número dos músicos que dela fazem parte serem israelitas e palestinianos. Ao longo da próxima semana irão ser tranmitidas as restantes sete sinfonias do compositor, sendo que a nona e última, também conhecida pelo "Hino Alegria" e adotada como música oficial da União Europeia, o será na sexta feira em simultâneo com a abertura do jogos olímpicos. Pelo meio as históricas 3ª(Heróica/inicío do romantismo), a 5ª(na qual se ouve o destino a bater-nos à porta) e a 6ª(Pastoral/passeio pelos campos), juntamente com a nona, consideradas quatro das mais importantes obras musicais jamais criadas.

 

Também no portuguesissímo e mui portuense Coliseu temos Concertos Promenade. Começam em setembro e acabam, salvo erro, em maio, e são uma pequena maravilha. Apresentados por um excelente moderador, muito interativo com uma assistência maioritáriamente composta por crianças e jovens, e por onde passam algumas das melhores orquestras portuguesas interpretando as mais conhecidas obras da música clássica, acontece ali uma autêntica festa. É surpreendente, mesmo fascinante a adesão entusiasta daquelas crianças à dita música erudita(?). Para ajudar é sempre convidada uma figura pública, responsável pela seleção de algumas das obras tocadas, e que vai explicando o caminho que percorreu para chegar áquelas escolhas.

 

É também assim que se vai semeando o gosto pela música, uma das maiores forças na criação de harmonia entre as pessoas. E, quem sabe? Talvez venha a sair daquela jovem assistência do Coliseu do Porto, uma vedeta que no futuro venha a partilhar o seu talento nos Proms de Londres.


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