O céu estrelado acima de mim, dentro de mim a moral.
Roberto Bolaño no livro 2666 elevou-me às estrelas, uma forma de escrever que nos faz ver, tocar,cheirar, aquelas pessoas que vagueiam naquele seu mundo ao mesmo tempo violento, injusto,luminoso, apetecível e que nos provoca uma sensação insaciável. Não é realismo mágico, é a magia do realismo.
Já Robert Musil pôs-me a olhar para dentro, onde está (?) a moral. O Homem sem Qualidades é uma longa reflexão sobre a verdade da natureza humana. Conceitos como, o esteta perdido no mundo, a exatidão da alma, cultura v capital, discutidos entre pessoas maioritáriamente muito informadas, no inicio do sec XX, levaram-me à conclusão de quão velhos são os problemas que hoje enfrentámos na Europa.
Foi e continua a ser aqui onde se procura a resposta para a pergunta: somos intrinsecamente bons ou intrinsecamente maus? É do que daqui se conclui que se parte para uma prática mais ou menos humanista na organização da sociedade, globalmente e em tempos necessáriamente diferentes.
Um século separa estes dois homens, lê-los ajudou-me a perceber como tudo se repete e como, talvez inevitavelmente, sempre caímos nos mesmos erros.