É o título de mais um excelente filme francês que aborda a questão da dependência dos jogos de computador, e do mundo virtual em geral.
E fá-lo de uma maneira notável, sem grandes meios, sem pretensiosismos, mas de uma forma pragmática , honesta. Uma das diferenças, talvez a mais importante, quando comparadas as cinematografias europeia, e a produzida nos EUA.
Recorrendo a um fantástico jogo de computador, onde nos é permitida assim como uma espécie de segunda vida, onde é que já ouvi isto?, mas segundo e seguindo os parâmetros por nós desejados. A realização do sonho.
As coisas vão começando a alterar-se desde o princípio, devagarinho, numa primeira fase pela crescente ausência daquele que era, a tempo inteiro, o mundo de sempre. Depois mudam a sério. O envolvimento com e no jogo começa a ser de tal ordem que, ás tantas, este passa a ocupar-nos mais que a vida real, a substituí-la na verdade.
Não é suposto as pessoas conhecerem-se fora dos respetivos mundos. Em cada um deles têm identidades diferentes. Mas as personalidades são, óbviamente, as mesmas, e aqui reside a possibilidade de que a ponte seja transposta, e, com isso, o perigo de cair no maior dos erros: confundir o virtual com o real. Objetiva e literalmente.
Assente num argumento muito simples mas atrativo, e com atores muito jovens, igualmente atrativos mas nada simples, como todos, afinal, aqui está um filme profundamente didático, sem paternalismos nem panfletos, que merecia ser o mais divulgado possível entre os mais visados por essa verdadeira escola de ódio, malfeitorias e destruição que podem ser, e são, para muitos adolescentes e jovens. Vítimas dos tubarões de um dos maiores negócios a nível global, a mentira de um mundo estéticamente apetecível, eticamente fácil. No fim, ao cair na realidade aos trambolhões, não raras vezes o que sobra é violência ou, pior ainda, a escolha de caminhos auto destrutivos de negação e fuga.