semtelhas @ 14:24

Seg, 25/11/13

 

Aprendi há muitos anos uma máxima que diz a sorte ser o ponto de encontro entre a preparação e a oportunidade. Por mais que tente desmontar esta teoria acabo sempre por concluir que, independentemente da preparação ser mais, ou menos elaborada, e as oportunidades serem muitas ou poucas, encaixa na perfeição em qualquer das circunstâncias que para o efeito procuro como teste. Mesmo no mais comezinho dos casos, como quando alguém se dirige ao quiosque mais próximo para jogar no euromilhões, tem que ir preparado com pelo menos dois euros para tentar a sua sorte na oportunidade que vai ter aquando do sorteio

 

Acreditar que a sorte é algo que cai do céu aos trambolhões é um erro em que a maior parte das pessoas caem, muitas vezes só despertando de tal ilusão quando em boa parte da vida o comboio já lhes passou à frente em várias ocasiões sem que para isso estivéssem despertas ou com a vontade suficiente de o apanhar. Se há coisas que nascem com as pessoas como, por exemplo, o talento para esta ou aquela atividade, já a capacidade para trazer essa realidade à luz do dia, passa muito pelo empenho, em todos os sentidos, do felizardo ou felizarda que foram abençoados com essa possibilidade. O mundo está cheio de talentos mas os que conhecemos são uma infíma parte do total.

 

Quando se chega a treinador de clubes como o FCP, o SLB ou SCP, acredito que grande parte das questões atrás referidas já foram ultrapassadas mais que uma vez na vida, trata-se agora de repetir o processo a um nível mais elevado. No caso de Jesus o desafio aconteceu há três ou quatro anos, Jardim apesar de tudo era relativamente bem conhecido antes de ir para o Sporting, mas Paulo Fonseca configura uma situação diferente pois as provas dadas enquanto treinador de sucesso limitam-se a um ano muito bom em Paços de Ferreira, sem mais seja o que fôr que reforce um estatuto para treinar uma equipa com jogadores de topo.

 

Não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que Pinto da Costa aposta mais naquilo que ele acredita ser talento, mas sobretudo ambição de quem, estando a começar uma carreira muito tem que se esforçar por o provar, e também na sua própria enormissíma experiência no mundo do futebol, muito mais fácilmente transmissível e aceite por um jovem ambicioso que por um qualquer consagrado. Para não ir mais atrás basta lembrar Villas Boas e Vitor Pereira, especialmente o primeiro, dois jovens práticamente sem curriculum que PC ajudou e protegeu até a limites pouco prováveis, nomeadamente VP, com os resultados conhecidos.

 

Acontece que, sendo o problema sempre o mesmo, um barco muito grande, gigantesca responsabilidade, para alguém tão inexperiente, é de vital importância o tal apoio da retaguarda de que é habitual falar-se no FCP. Construir uma equipa, impôr um estilo de jogo, demora, fazê-lo constantemente debaixo de grande pressão exige imenso e, se as coisas começam a correr menos bem gera-se insegurança a qual, naturalmente, atinge em particular os menos experientes, e se estes líderam então o mal vai por ali fora e, às tantas, já ninguém faz nada de jeito, acabando tudo e todos à procura de bodes expiatórios.

 

Este fim de semana foi paradigmático quanto ao que costuma ser chamado de sorte e azar em jogos de futebol, Benfica e Sporting marcaram nos últimos minutos sem que para isso tivéssem feito grande coisa, e FCP, depois de ter passado boa parte do jogo a desperdiçar golos de uma maneira pouco aceitável numa equipa deste nível e com estas responsabilidades, sofreu o golo do empate a dez minutos do fim para depois dar continuidade à triste saga. Fonseca falou de injustiça e pouca sorte num jogo ao qual Pinto da Costa assistiu, bastante encolhido e, desgraçadamente, de coração muito apertado. Assim não há sorte que resista nem coração que aguente. Haja cuidado!

 


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