Cada ano renovada,
Vontade de festejar.
Alegria reencontrada,
Em vez de receber, dar.
Vieram bons augúrios,
Nasceram ambições.
Chegaram infortúnios,
Morreram ilusões.
Invoca-se o destino,
Interpela-se a sorte.
Canta-se qualquer hino,
Infeliz procura de norte.
Perdidos neste deserto,
Que fazer? Parar? Andar?
Mesmo se tudo incerto,
Está ali a Estrela Polar.
Vai avançando a vida,
Chega a força do saber.
Foi ganha? Está perdida?
É deixar acontecer.
Sempre pré ocupados,
Com tanto para fazer.
Estão lançados os dados,
Chegou a vez do prazer.
Fluem acontecimentos,
Caiámos na realidade.
Paremos por momentos,
Espaço à serenidade.
Vazio ser sem emoção,
Cinza, triste e assético.
Esqueçamos a razão,
E o bolor do estético.
Tudo é libertação,
Largar amarras, ousar.
Negar medo, frustração,
Expulsar males e gritar.
Porquê continuar calados?
Para quê sufocar ais?
Deveres já foram pagos!
Escusado esperar mais.
Ignoramos o futuro,
Razão maior para viver.
Radioso ou escuro,
Nada mais há a temer.
Só sei que nada sei,
Dizia o mais erudito.
Fui por aí, caminhei,
Encontrei o infinito.
Para a minha amiga I.