semtelhas @ 14:03

Sex, 07/06/13

 

Um ensaio sobre o relacionamento de duas décadas entre um homem e uma mulher, de meia idade, recorrendo a menos de meia dúzia de diálogos, em que só um deles é composto por mais pessoas que os dois protagonistas, eis o filme Antes de Meia-Noite.

 

 

Na sequência de dois filmes anteriores, com os mesmos atores principais, Ethan Hawke e Julie Delpy, desde que se encontram no primeiro, se reencontram, no segundo, e após uma série de anos juntos em que constituem família, duas gémeas a juntar a um filho que o personagem masculino trazia de uma relação anterior, temos agora esta espécie de esmiuçar desta problemática ao longo de duas horas onde é desfiado um argumento perfeito. Afirmo-o com relativo à vontade dado que, tendo mais ou menos a mesma idade dos personagens, e dos próprios atores, revejo-me quase completamente no que nos é dado a ver.

 

O peso da sociedade machista na relação, que resulta no enorme esforço feminino, e ao relativo conforto masculino nessa postura de cabeça de casal que põe comida na mesa, já bem diferente nas gerações mais recentes; o eterno confronto entre os binómios, bom senso/romantismo feminino, força/racionalidade masculino; os filhos como arma de arremesso; o despertar, a meio da viagem,  para a necessidade de agitar as águas da vivência em comum, única forma de evitar que o relacionamento evolua sobre uma paz podre que só pode acabar mal; esse teste ser normalmente feito através do questionar aquilo que é essencial para cada um dos géneros, ainda sou suficientemente bonita para te agradar?, perguntam elas, ainda tenho força suficiente para te satisfazer na cama?, não perguntam eles; para, finalmente, e ultrapassada essa última barreira, viverem juntos uma velhice assente numa inquebrantável amizade alimentada pela memória de um amor autêntico.

 

Sensacional guião, excelentes interpretações, muito em especial a de Julie Delpy, magnífico ambiente, enfim, uma lição. Os primeiros dois filmes são bons, este é ótimo. Será que daqui a dez anos vamos espreitar Ethan e Julie, via personagens, já séniores. Espero que sim e, melhor ainda, estar por cá para os rever.


direto ao assunto:

"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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