semtelhas @ 16:25

Sex, 26/04/13

  

É curioso como a desgraça vende sempre exceto no propaganda política. Talvez porque quando se trata de exultar com o mal alheio o discurso não é feito para cada um de nós, aconteceu ao outro enquanto eu estou aqui a salvo na minha vidinha, um consolo! Mas quando o discurso é político já estão a falar para mim, a prometer-me isto ou aquilo, e como dos fracos não reza a história há que vender pão e circo, sendo que, quer o pão quer o circo se devem adequar ao perfil a quem se dirigem. Pode adquirir as mais variadas formas, pôr diferentes máscaras, mas a mensagem tem sempre que ter no seu núcleo a esperança, ser positiva, mas também intrínsecamente sincera, acreditar em si mesma. Fazer das massas estúpidas pode resultar durante algum tempo mas acaba por falhar. Como se a multidão tenha uma espécie de saber intuitivo, coletivo, capaz de decifrar príncipios tão importantes como a justiça, a dignidade, a liberdade. Hoje o markting recorre a ciências que vasculham o cérebro a limites até há pouco tempo completamente insuspeitos, no entanto, ver o filme Não, pela intemporalidade que lhe confere a forma como aborda o tema, permite perceber que por mais longe que vão, ou mais fundo que escavem, haverá sempre esse tal saber intuitivo em cada um, e na esmagadora maioria dessa entidade coletiva que constitui a multidão, no limite intrínsecamente boa, que sempre se autoprotegerá contra os piores de nós.

 

 

 

Já toda a gente tinha percebido que o Cavaco não ía resistir a deixar cair a máscara apesar de todo um esforço para se tentar perpétuar enquanto salvador da pátria, o homem que mais tempo esteve no poder em Portugal, como ele orgulhosamente diz, que nos protegeu de todos os perigosos desvarios da esquerda, o país bom aluno que viria a ter um futuro radioso caso obedecesse sem esmorecimentos ou quaisquer espécie de dúvidas, ás instruções de iluminados como ele, não porque possuídores de conhecimentos suficientemente  vastos, de vistas largas, daquilo que é a natureza humana, mas porque profundamente conhecedores dessa ciência exata que é a economia, só eles poderiam indicar esse caminho do progresso.

Ontem ficou claro que o PR resolveu assumir-se de vez. Cada vez mais acossado, frontalmente desmascarado por aquele que terá sido porventura a sua principal vítima, José Sócrates, sente que chegou o momento de se colocar do seu lado da barricada. Por muito que queira fazer do povo estúpido, até o mais simples percebe que não é possível pedir consenso e defender descaradamente um dos lados. Nem sequer interessam as suas intenções, conduzir os ignorantes pelo bom caminho? Porque destas está o inferno cheio. Provávelmente é melhor assim. Só merece respeito quem se faz respeitar, e quando aquele que devia ser o garante do bom senso, do equílibrio, se não de todos, pelo menos a esperança da maioria das pessoas que lhe deram essa responsabilidade, opta por afrontar aquela que parece ser a opinião de, no mínimo, grande parte dos eleitores, então a sua presença naquele lugar perdeu muito da sua legitimidade porque deixou de  merecer a confiança de muitos. Afinal não tem as qualidades indispensáveis para ser o garante do que de mais precioso uma sociedade pode ter, a liberdade de escolher os seus representantes. Ou por mais que ele e os seus acólitos atropelem regras básicas de convivência democrática tem que se levar com eles até ao fim do mandato? Como dizia o padre António Vieira, o que seria do mundo se as regras nunca fossem ultrapassadas?

 

A sabedoria de que trata o filme Não, há-de fazer o seu caminho, e também estes frios e calculistas tecnocratas, que estão no poder em vários países europeus hão-de ter o que merecem. Pena que entretanto tenham atrasado, se calhar mesmo destruído, o sonho europeu que ainda há poucos anos era visto como exemplo, e mesmo o atingir do que até aí tinha sido considerado uma utopia, a união dos países em torno de um bem comum, tendo por base a ajuda dos mais fortes aos mais fracos, e deixado para trás estes, entretanto parcialmente desativados em nome  de um processo maior, entregues à mesquinhez e ao revanchismo dos lacaios que fazem vénias enquanto lhes tiram o tapete.

 


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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