semtelhas @ 12:43

Sex, 05/04/13

 

Profundo Mar Azul, os abismos do amor, ora belos e  encantatórios, ora terríveis e traiçoeiros, um filme que navega as profundezas da intimidade .

 

 

 

Ela sempre viveu na ilusão da ficção que uma pessoa de posses pode comprar via arte. Construi-se sensível e culta. Entre ela própria e a realidade existia como que um filtro, que tornava a vida uma espécie de sonho anestesiante no qual flutuava ao ritmo dos longínquos acontecimentos. O casamento com um abastado e mais ou menos inócuo homem mais velho, prisioneiro de uma castradora educação materna, alimentou convenientemente o pacífico estado das coisas. Um dia ela conhece um homem jovem que lhe mostra que a existência pode ser algo diferente do que ela conhecia destruindo um dique de emoções adormecidas. Soldado, jogador, enérgico e extrovertido, ele só conhece o mundo pelo que os orgãos dos sentidos lhe proporcionam. Avesso a qualquer tipo de abstrações, repudia a arte e dá-se a conhecer pelas suas extraordinárias capacidades sensoriais.

 

Objeto de luxo nas mãos dela, mas também âncora para o mundo real, que Estér adora e repudia, numa constante e condenada ao fracasso tentativa de dotar esse magnífico objeto-âncora de uma utópica totalidade de caráter perfeito. Um jogo que podia ser jogado até ao fim caso todos os protagonistas o desejassem. E desejavam-no tanto que continuá-lo tornou-se suportável só para ela porque era a única que estava a ser fiel a si mesma, ambos os companheiros estavam demasiado hipnotizados pelo seu poder de fada para poderem viver aquém de uma relação de entrega absoluta. Poderosa demonstração da complexidade do relacionamento entre pessoas radicalmente diferentes em tudo, com o que isso tem de convocatório de sentimentos tão extremos que se atraem porque, no limite, completam aquilo que seria o inatíngivel ideal. Pena Rachel Weisz ser competente e não arrebatadora como o argumento merecia.

 

É certo que, no fim, amor é limpar o que o/a companheiro escolhido para a vida sujou, e deixou de ter capacidade de limpar, mas também não convém chegar a essa conclusão demasiado cedo, porque a ilusão e o sonho têm papel imprescíndivel para que a realidade sobreviva. 


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"O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo."
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