Intrínseco, todos temos,
Uns mais, outros menos.
Ao olhar é dado a ver,
Impossível esconder.
Em todos sobrevive,
Nele ninguém é livre.
Nuns pouco se sente,
Noutros omnipresente.
Inseminado pelo Mal,
Gerado na Culpa,
Monstro seminal,
A dignidade insulta.
Porque se encontraram,
Alguém saiu aleijado,
Não se afastaram,
Ficou para coitado.
Desde cedo assustado
A sensação de perdido,
Está sempre espantado,
Muitas vezes esquecido.
Sofre, faltou ternura,
Tenta mostrar serviço,
Só aumenta a amargura,
A sensação de metediço.
Carente, sem auto-estima,
Age sempre por interesse,
Com pouco se anima,
Uma máquina parece.
A dúvida faz o caminho,
Nasce o apelo à vingança.
Sente que está sózinho,
Uma vida sem esperança.
Vai-lhe crescendo o ódio,
Sobrevive de calculismo.
Cada dia um nó górdio,
Descansar um eufemismo.
Perante o enorme vazio,
Dia a dia mais frieza.
Tudo surge como tardio,
É invadido pela tristeza.
Nada a esperar do futuro
O sofrimento será eterno.
Porque tudo sente inseguro,
Quer fugir daquele inferno.
Sobra o abismo para sonhar,
Por fim livre, nada a temer.
Só lhe resta acordar,
Cumprir a vontade, morrer.